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Revista GC - Ed.77 - Março 2017
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Editorial

A supersafra e o gargalo logístico

Ano após ano, o Brasil tem assegurado posição de destaque entre os grandes produtores agrícolas mundiais. Estimativa recentemente divulgada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) dá conta de um novo recorde alcançado na produção de grãos, da ordem de 219 milhões de toneladas na safra de 2016/2017. Tal volume representa um crescimento de 17,4% em relação à safra anterior, o equivalente a um aumento de 32,5 milhões de toneladas, e coloca o Brasil na posição de maior produtor mundial de soja.

Ampliando-se o horizonte para outras áreas do agronegócio, têm-se números ainda mais positivos. As estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de janeiro, para a safra de cereais, leguminosas e oleaginosas, indicam para 2017 uma produção de 221,4 milhões de toneladas, o que representa um crescimento de 20,3% em relação ao total de 2016: 184 milhões de toneladas.

A supersafra, como resultado do aumento de produtividade nas fazendas e do crescimento das áreas cultivadas, é motivo de celebração, uma vez que representa para o Brasil um avanço no superávit na balança comercial. O problema está da porteira para fora. A alta carga tributária e a falta de infraestrutura

para o escoamento da produção, com estradas ruins e portos obsoletos e caros, são os principais entraves para o agronegócio no país. E à medida que as fronteiras agrícolas se interiorizam e se distanciam dos portos, maiores são os custos de logística, que implicam em pe


Ano após ano, o Brasil tem assegurado posição de destaque entre os grandes produtores agrícolas mundiais. Estimativa recentemente divulgada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) dá conta de um novo recorde alcançado na produção de grãos, da ordem de 219 milhões de toneladas na safra de 2016/2017. Tal volume representa um crescimento de 17,4% em relação à safra anterior, o equivalente a um aumento de 32,5 milhões de toneladas, e coloca o Brasil na posição de maior produtor mundial de soja.

Ampliando-se o horizonte para outras áreas do agronegócio, têm-se números ainda mais positivos. As estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de janeiro, para a safra de cereais, leguminosas e oleaginosas, indicam para 2017 uma produção de 221,4 milhões de toneladas, o que representa um crescimento de 20,3% em relação ao total de 2016: 184 milhões de toneladas.

A supersafra, como resultado do aumento de produtividade nas fazendas e do crescimento das áreas cultivadas, é motivo de celebração, uma vez que representa para o Brasil um avanço no superávit na balança comercial. O problema está da porteira para fora. A alta carga tributária e a falta de infraestrutura

para o escoamento da produção, com estradas ruins e portos obsoletos e caros, são os principais entraves para o agronegócio no país. E à medida que as fronteiras agrícolas se interiorizam e se distanciam dos portos, maiores são os custos de logística, que implicam em perda de competitividade dos nossas commodities agrícolas.

Os investimentos em obras de infraestrutura nem de longe acompanharam a evolução da produção agrícola. Por esse motivo, os custos logísticos fora da fazenda, no Brasil, equivalem, em média, a quatro vezes os custos argentinos e norte-americanos. A falta de corredores de exportação mais adequados e bem distribuídos impede que a produção escoe por rotas mais racionais. Em vez de ser exportada pelos portos do Norte e do Nordeste, a produção de soja, por exemplo, viaja mais de 2 mil quilômetros para os portos de Santos (SP) e de Paranaguá (PR), com custos crescentes.

A principal razão dessa elevação de custos é a distorção na matriz de transportes no País. Enquanto no Brasil predomina o modal rodoviário, que opera a um custo mais alto, nos Estados Unidos, o modal predominante na movimentação das commodities agrícolas é o ferroviário, que, dependendo da distância, chega a ter custos de 20% a 30% menores que o rodoviário.

Em países como Rússia, o modal ferroviário chega a representar mais de 80% do sistema de transporte.

Outro grande gargalo é a nossa estrutura de armazenagem. Cerca de 17,7 mil armazéns estão cadastrados na Conab, com capacidade instalada de 152 milhões de toneladas de grãos, insuficiente para uma safra estimada no ciclo agrícola 2016 /2017.

Há, portanto, grande urgência de novos investimentos em infraestrutura logística e readaptação do sistema de transporte no País. Com melhor racionalização no escoamento da produção – inclusive com uso de hidrovias –, é possível baratear os custos de logística em torno de US$ 60 a US$ 80 por tonelada de soja ou de milho colhidos em áreas de fronteira agrícola, dando mais competitividade a nossos produtos no mercado externo.

No dia 7 de março, o Governo Federal anunciou um novo Programa de Parcerias em Investimentos (PPI), com o objetivo de atrair R$ 45 bilhões em recursos para projetos e concessões na área de infraestrutura. O programa prevê renovações de contratos de cinco malhas ferroviárias, que totalizam 12.675 quilômetros, e representam 90% da movimentação de cargas sobre trilhos do setor no Brasil. Inclui, ainda, novos leilões e concessões na área de infraestrutura, num total de 55 novos projetos de parceria com a iniciativa privada. O objetivo é impulsionar os investimentos e retomar a economia, e de dotar o Brasil de uma infraestrutura eficaz para que o escoamento da produção se dê com maior facilidade e menor custo.

Esperamos que a despeito das turbulências na área política, provocadas pela operação Lava Jato e pela agenda de reformas econômicas junto ao Congresso Nacional – como mudanças nas legislações trabalhista e previdenciária – as novas propostas de parceria despertem o interessa da iniciativa privada. Lembrando sempre que são pressupostos fundamentais para essas parcerias a estabilidade política, a segurança jurídica, a previsibilidade e a efetividade das políticas de investimento.

Oremos!

Paulo Oscar Auler Neto

Vice-presidente da Sobratema

 

 

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