Em meio ao cenário de retração dos investimentos, é de comemorar a continuidade das obras da Linha 13-Jade, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, que ligará o Aeroporto Internacional, no município de Guarulhos, à capital. Terá 12,2 km (4,3 km em superfície e 7,9 km em elevado) de extensão. A demanda projetada indica que a nova linha deverá atender inicialmente cerca de 130 mil passageiros por dia útil. Distante 25 km de São Paulo, o acesso ao Aeroporto de Guarulhos é um dos principais gargalos de congestionamento, justamente por ser só acessada pela via rodoviária.
A coisa se complica se houver, como já ocorreu várias vezes, manifestações nas vias que impeçam a chegada ou saída do aeroporto permitindo cenas como passageiros andando pela rodovia carregando malas.
Mas ao contrário do que estava previsto, a conexão ao aeroporto não será direta. A estação que seria no Terminal 1 do Aeroporto de Guarulhos ficará a 2 km dali e a concessionária do aeroporto se encarregará de fazer, por meio de um “People Mover”, a ligação da estação aos três terminai
Em meio ao cenário de retração dos investimentos, é de comemorar a continuidade das obras da Linha 13-Jade, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, que ligará o Aeroporto Internacional, no município de Guarulhos, à capital. Terá 12,2 km (4,3 km em superfície e 7,9 km em elevado) de extensão. A demanda projetada indica que a nova linha deverá atender inicialmente cerca de 130 mil passageiros por dia útil. Distante 25 km de São Paulo, o acesso ao Aeroporto de Guarulhos é um dos principais gargalos de congestionamento, justamente por ser só acessada pela via rodoviária.
A coisa se complica se houver, como já ocorreu várias vezes, manifestações nas vias que impeçam a chegada ou saída do aeroporto permitindo cenas como passageiros andando pela rodovia carregando malas.
Mas ao contrário do que estava previsto, a conexão ao aeroporto não será direta. A estação que seria no Terminal 1 do Aeroporto de Guarulhos ficará a 2 km dali e a concessionária do aeroporto se encarregará de fazer, por meio de um “People Mover”, a ligação da estação aos três terminais. No local que seria a estação deverá ser levantado um empreendimento comercial. Entre o Aeroporto de Guarulhos e a Estação Engenheiro Goulart está sendo construída outra estação no bairro Parque Cecap, em Guarulhos, que terá terminal para integração com ônibus. Os investimentos nessa obra serão de R$ 2,2 bilhões, financiados em parte pelo Banco Nacional de Desenvolvimento.
Revista Grandes Construções - Quais as características principais da Linha 13 –Jade? Qual a extensão total, quantas estações, qual a capacidade total, qual a dimensão do pátio, quantos carros/trens devem servir a linha?
Jackson Eugenio - Com um total de 12,2 km de extensão, a Linha 13-Jade atenderá a demanda em expansão da ligação de Guarulhos com São Paulo. A linha terá três estações: Aeroporto-Guarulhos, Guarulhos-Cecap (novas) e Engenheiro Goulart (em reconstrução), onde haverá integração com a Linha 12-Safira (Brás-Calmon Viana), na capital paulista. A operação será atendida por oito trens.
GC - Quais as empresas responsáveis pelas obras/lotes?
Para os Lotes 1 e 3, temos o Consórcio HFTS Jade, composto pelas empresas Heleno & Fonseca Construtécnica, Trail Infraestrutura e Spavias Engenharia. Para os Lotes 2 e 4, temos Consórcio CST Linha 13-Jade, composto pelas empresas Consbem Construções e Comércio, Serveng-Civilsan Empresas Associadas de Engenharia e TIISA (Triunfo IESA Infraestrutura).
GC - O prazo de entrega já vem sofrendo diversos adiamentos. Quais os motivos para esses atrasos? Foram todos solucionados? Qual o prazo em que a linha finalmente estará funcionando?
Jackson Eugenio - A previsão é que a linha entre em operação em 2018. Cabe ressaltar que a implantação de uma nova linha ferroviária é complexa e está sujeita a interferências não previstas. Na Linha 13-Jade, por exemplo, houve alterações no cronograma de obras decorrentes da demora na obtenção das licenças ambientais e do prazo maior do que o estimado para aprovação do projeto de transposição das rodovias Presidente Dutra e Ayrton Senna junto às agências Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) e Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp). Além disso, teve que ser realizado o ajuste geométrico do traçado da linha, em virtude de demandas externas, dentre elas o projeto futuro de ampliação do campus da USP Leste e a solicitação do Serviço Regional de Proteção ao Vôo da Aeronáutica e GRU Airport de rebaixamento do trecho em elevado na região próxima do atual Terminal 1.
GC - Quais os principais trechos de obras? E pontos marcantes?
Jackson Eugenio - O trecho do lote 1 é executado em superfície e tem 4,5 km de extensão. Compreende obras de reconstrução da estação Engenheiro Goulart, que integrará as linhas 12-Safira e 13-Jade. A obra está sendo realizada sem paralisar a operação ferroviária da Linha 12.
O trecho do lote 2 é elevado, com 4,9 km de extensão, cruzando a área do Parque Ecológico do Tietê, os rios Tietê e Baquirivú-Guaçú, as rodovias Ayrton Senna, Presidente Dutra e Hélio Smidt e a avenida Monteiro Lobato. Neste ponto, além dos serviços de drenagem, também está sendo implantado isolamento acústico por conta da proximidade com o campus da USP Leste.
O trecho do lote 3 é em elevado, com 1,7 km de extensão, e está às margens da rodovia Hélio Smidt, onde está sendo implantada a Estação Guarulhos-Cecap. Neste ponto, além dos serviços de drenagem, o isolamento acústico da Estação Guarulhos-Cecap foi necessário devido à existência de um hospital próximo.
O trecho do lote 4 também é em elevado, com 1,35 km de extensão, e contempla a construção da Estação Aeroporto-Guarulhos, além de serviços de drenagem, entre outros.
GC- No plano técnico, surgiram que tipos de dificuldades para a implantação da linha? E como foram solucionados?
Jackson Eugenio - O projeto é um grande desafio da Engenharia Civil, com as transposições de rios e rodovias, sendo grande parte do trajeto em elevado. Serão executadas cinco transposições com a técnica específica em Balanços Sucessivos. A principal é a transposição da rodovia Presidente Dutra, que terá vão livre de 120 metros.
GC - Quais as características das estações em termos de sustentabilidade e impacto nas comunidades?
Jackson Eugenio - As novas estações estão dimensionadas para atender com conforto a demanda de passageiros. A estrutura dos novos prédios conta com plataformas cobertas. As estações serão dotadas de todos os itens de acessibilidade, como elevadores, comunicação em Braille, corrimãos e rampas adequadas, pisos e rotas táteis, e também vão dispor de banheiros públicos comuns e exclusivos para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. O local terá sistema de captação de água da chuva, que, após tratamento, é utilizada na limpeza e banheiros da estação. A comunicação visual moderna facilitará o deslocamento dos usuários no interior do edifício, que também terá lixeiras para descarte de lixo comum e reciclável.
GC - Como está prevista a intersecção com o aeroporto? Ficará próxima a ponto dos passageiros se deslocarem a pe?
Jackson Eugenio - O projeto original da CPTM para implantação da Linha 13-Jade previa a construção de estação próxima à área do estacionamento do aeroporto de Cumbica. No entanto, em agosto de 2012, a Invepar, concessionária na época, devido a seu plano de negócios na região, não concedeu a autorização de implantação do terminal como no projeto original e indicou novo local, próximo ao Terminal 1. Por esse motivo, a CPTM mudou o local de implantação da Estação Aeroporto-Guarulhos e a concessionária do aeroporto, atualmente a GRU Airport, ficou responsável pelo translado gratuito dos passageiros até a estação de trem.
GC- Que detalhes arquitetônicos se sobressaem nas estações?
Jackson Eugenio - Com arquitetura arrojada, as estações têm estruturas leves e envidraçadas, com bastante iluminação natural e amplos mezaninos.
GC - Como estão sendo construídas as estruturas elevadas e quais são as extensões delas? São pré-moldados? Quais as dimensões dessas vigas e como estão sendo lançadas?
Jackson Eugenio - O trecho em elevado começa no entroncamento com a Linha 12 da CPTM, nas proximidades do centro de treinamento do Corinthians, e prossegue por 700 metros após a estação Aeroporto-Guarulhos. Neste trecho, além da execução de estacas, blocos de fundação, pilares e travessas, estão sendo lançadas 750 vigas pré-moldadas, que darão suporte aos trechos dos tabuleiros onde já está sendo implantada a via férrea. Para efeito de comparação, cada viga mede 31 metros de extensão e pesa 96,8 toneladas, o equivalente a 121 fuscas com peso médio de 800 kg.
GC - Quais os cuidados com as comunidades atingidas pela via?
Jackson Eugenio - Em 2015, a CPTM entregou à população quatro espaços socioambientais. O primeiro instalado na Av. Assis Ribeiro, anexo ao canteiro de obras de reconstrução da Estação Engenheiro Goulart; o segundo dentro do Parque Ecológico do Tietê (Rua Guirá-Acangatara, 70). O terceiro nas proximidades da futura Estação Guarulhos-Cecap, e o quarto já no entorno do Terminal 4 do Aeroporto de Cumbica.
Nestes espaços são promovidas ações de educação ambiental e qualidade de vida para os moradores do entorno das obras de implantação da Linha 13-Jade. Nos locais, a população pode conhecer detalhes das obras e participar de atividades culturais e relacionadas à saúde.
A criação dos espaços socioambientais faz parte do conjunto de ações do programa de comunicação social das obras da Linha 13-Jade. A iniciativa criou um canal de relacionamento com as comunidades vizinhas aos quatro canteiros da obra. Por meio desses espaços, o público obtém informações sobre os benefícios do empreendimento, pode registrar opiniões e críticas, além de discutir assuntos de interesse dos moradores e da Companhia.
GC - E quais os cuidados com o meio-ambiente? Flora e fauna que por ventura estejam ao longo do empreendimento?
Jackson Eugenio - O programa de compensação ambiental está contemplado conforme pareceres da Licença de Instalação – LI. Já foram plantadas mais de 15 mil mudas no Parque Ecológico do Tietê. Além disso, em agosto de 2014, foi iniciado o Programa de Resgate e Translocação de Fauna Silvestre na Linha 13, com o objetivo de minimizar os impactos causados pela implantação da obra. Desde então, 4.571 animais silvestres foram registrados entre aves (70%), mamíferos (25%), répteis e anfíbios (5%). Dos animais resgatados destacam-se: gambas, lagartos, cobras, quatis e pássaros. Aqueles que são encontrados feridos e debilitados são atendidos em campo por médico veterinário e depois encaminhados para reabilitação no CRAS-PET (Centro de Reabilitação de Animais Silvestre do Parque Ecológico do Tietê), que recebeu 112 animais desde o início do programa. Os animais sadios e aptos para soltura têm os dados biométricos coletados e marcados de acordo com suas características biológicas. Depois, são encaminhados para duas áreas de solturas no PET (Parque Ecológico do Tietê). A equipe conta com dois veterinários e três biólogos, todos autorizados pelo órgão ambiental DeFau (Departamento de Fauna - Centro de Manejo de Fauna Silvestre). O programa será mantido até o final das obras.
GC – Numa época de crise, a geração de empregos é fundamental. Qual o número de operários envolvidos?
Jackson Eugenio - Atualmente, cerca de 2.000 trabalhadores estão envolvidos na obra. A integração com outros meios de transporte faz parte do projeto de implantação da Linha 13. A Estação Cecap-Guarulhos terá um dos acessos transpondo o viário, o que permitirá integração, por exemplo, com a Rodoviária de Guarulhos. Uma saída da Estação Aeroporto-Guarulhos permitirá a passagem para o Terminal Metropolitano de Taboão da Serra, além do acesso direto ao Terminal 1 do Aeroporto, que será interligado com transporte específico do aeroporto que fará a distribuição do usuário pelos diversos terminais. O projeto beneficiará os moradores de ambas as cidades, particularmente a população usuária do transporte público. A demanda projetada indica que a nova linha deverá atender inicialmente cerca 130 mil passageiros por dia útil.
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