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Revista GC - Ed.91 - Jul/Ago 2018
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Entrevista

Tempos de novos ventos ou de fortes tempestades?

Dyogo Oliveira, presidente do BNDES

As concessões de infraestrutura, nos últimos anos, tiveram forte dependência das linhas subsidiadas do BNDES, sobretudo na área de logística, e da Caixa Econômica Federal, nos segmentos de saneamento e mobilidade urbana, para o financiamento de longo prazo. Havia pouco ou nenhum espaço para fundos de pensão, fundos de investimento, investidores internacionais e outros agentes dispostos a financiar os recursos no longo prazo, já que ninguém conseguia bater os juros subsidiados desses bancos públicos. Os bancos comerciais participavam apenas concedendo empréstimos-ponte, por prazos de 12 a 18 meses, desde o início da concessão até a liberação do financiamento de longo prazo.

Alegando a falência desse modelo, o BNDES definiu nova estratégia, focada em aplicar, por meio da subsidiária BNDESPAR, recursos em fundos de investimentos voltados para infraestrutura, em vez de financiar diretamente os novos projetos. O objetivo, segundo a diretoria do banco, é ampliar as alternativas disponíveis v


Dyogo Oliveira, presidente do BNDES

As concessões de infraestrutura, nos últimos anos, tiveram forte dependência das linhas subsidiadas do BNDES, sobretudo na área de logística, e da Caixa Econômica Federal, nos segmentos de saneamento e mobilidade urbana, para o financiamento de longo prazo. Havia pouco ou nenhum espaço para fundos de pensão, fundos de investimento, investidores internacionais e outros agentes dispostos a financiar os recursos no longo prazo, já que ninguém conseguia bater os juros subsidiados desses bancos públicos. Os bancos comerciais participavam apenas concedendo empréstimos-ponte, por prazos de 12 a 18 meses, desde o início da concessão até a liberação do financiamento de longo prazo.

Alegando a falência desse modelo, o BNDES definiu nova estratégia, focada em aplicar, por meio da subsidiária BNDESPAR, recursos em fundos de investimentos voltados para infraestrutura, em vez de financiar diretamente os novos projetos. O objetivo, segundo a diretoria do banco, é ampliar as alternativas disponíveis via mercado de capitais para o financiamento de projetos e atrair investidores para o mercado de títulos de dívida de longo prazo.

Os Fundos de Infraestrutura apoiáveis pela BNDESPAR deverão ser constituídos sob a forma de condomínio fechado, com prazo determinado ou indeterminado, regulamentados pela Comissão de Valores Mobiliários, e que invistam prioritariamente em debêntures ou em recebíveis relacionados a projetos de logística e transporte, mobilidade urbana, energia, telecomunicações e saneamento básico.

Na visão da diretoria do banco, essa modalidade de Fundos de Crédito dá aos investidores a oportunidade de ter uma gestão profissional para análise e acompanhamento dos projetos financiados, além de acesso a uma carteira diversificada, dividindo riscos, custos de análise e de acompanhamento. “As empresas se beneficiam com a ampliação e a diversificação das fontes financiamento de projetos com recursos de longo prazo”, assegurou o BNDES no comunicado da mudança ao mercado.

O montante de investimento disponível para essa modalidade é de até R$ 5 bilhões. Fundos de crédito de infraestrutura poderão pleitear investimento da BNDESPAR de até R$ 500 milhões, limitado a 30% do capital total do fundo. A BNDESPAR também irá investir até R$ 1 bilhão em cotas de fundos fechados de crédito corporativo  com prazo determinado, com o objetivo de ampliar a oferta de crédito de longo prazo para as empresas. Fundos focados em pequenas e médias empresas (que faturem até R$ 300 milhões por ano) poderão receber até R$ 300 milhões cada, em investimento da BNDESPAR, limitado a até 50% de suas cotas subscritas.

Para Dyogo Oliveira, presidente do BNDES, a principal vantagem desse modelo é que o banco assume um risco menor do que quando bancava sozinho os projetos. “Os fundos detêm uma capacidade de fazer negócio que pode ser mais rápida na etapa subsequente, que é a de aplicar os recursos nos projetos. Vamos passar a fomentar o mercado para que também atue atraindo mais recursos”, assegurou Oliveira.

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