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Revista GC - Ed.81 - Julho 2018
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Editorial

Petróleo e gás: uma cadeia asfixiada

Nesta edição, Grandes Construções publica um levantamento especial do cenário da infraestrutura nacional, com análises setoriais, oportunidades de negócios e percepção riscos para os investidores do Brasil e do exterior, considerando a grave conjuntura política e econômica do país.

Um dos setores analisados é o de Petróleo e Gás, um dos mais atingidos com a crise. A revisão do Plano de Negócios da Petrobras resultou em uma redução da previsão de investimentos, de US$ 236,7 bilhões de 2013 a 2017 para US$ 74,1 bilhões no período de 2017 a 2021. Os números anunciados pela estatal tiveram o efeito de um tsunami para toda a cadeia do petróleo e gás, incluindo estaleiros e fornecedores de tecnologia para o setor.

De acordo com a Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), a suspensão de obras e contratos, nos últimos três anos, deixou um rastro de dívidas, inadimplência e equipamentos estocados em pátios de fábricas sem destino certo. As dívidas de empresas da cadeia somam R$ 286 milhões, sendo que, deste total, R$ 198,6 milhões referem-se a equipamentos já entregues, como os de algumas unidades do Comperj, no Rio de Janeiro, e da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Peças para plataformas e fábricas de fertilizantes complementam essa dramática contabilidade, com outros R$ 87,3 milhões que ainda nem foram faturados.

No setor da construção naval, os números são igualm


Nesta edição, Grandes Construções publica um levantamento especial do cenário da infraestrutura nacional, com análises setoriais, oportunidades de negócios e percepção riscos para os investidores do Brasil e do exterior, considerando a grave conjuntura política e econômica do país.

Um dos setores analisados é o de Petróleo e Gás, um dos mais atingidos com a crise. A revisão do Plano de Negócios da Petrobras resultou em uma redução da previsão de investimentos, de US$ 236,7 bilhões de 2013 a 2017 para US$ 74,1 bilhões no período de 2017 a 2021. Os números anunciados pela estatal tiveram o efeito de um tsunami para toda a cadeia do petróleo e gás, incluindo estaleiros e fornecedores de tecnologia para o setor.

De acordo com a Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), a suspensão de obras e contratos, nos últimos três anos, deixou um rastro de dívidas, inadimplência e equipamentos estocados em pátios de fábricas sem destino certo. As dívidas de empresas da cadeia somam R$ 286 milhões, sendo que, deste total, R$ 198,6 milhões referem-se a equipamentos já entregues, como os de algumas unidades do Comperj, no Rio de Janeiro, e da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Peças para plataformas e fábricas de fertilizantes complementam essa dramática contabilidade, com outros R$ 87,3 milhões que ainda nem foram faturados.

No setor da construção naval, os números são igualmente alarmantes: dos 40 estaleiros existentes no País, 12 já estão paralisados e dos 82 mil empregos diretos até 2014, restam cerca de 30 mil.

Além da suspensão ou cancelamento de tantos projetos da Petrobras, muitos fornecedores e empresas contratadas para fornecimento de produtos e serviços tiveram seus nomes envolvidos em investigações no âmbito da Operação Lava Jato e foram excluídas da lista de fornecedores da estatal. Esta, por sua vez, passou a contratar o fornecimento de bens e serviços no exterior.

Para tentar diminuir tais impactos e atrair o interesse do capital internacional para as nossas reservas, o governo federal tem adotado mudanças no marco regulatório. Uma dessas mudanças foi a edição da resolução 17 do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) contendo as novas diretrizes para a exploração e produção de petróleo e gás natural, com foco na atração para o Brasil de petroleiras investidoras. Nela, porém, há medidas que estão sendo interpretadas como um duro golpe na indústria nacional: são as novas regras de conteúdo local para o setor.

Para as próximas rodadas de licitações de blocos para exploração de petróleo e gás natural, previstas para setembro e novembro deste ano, haverá uma redução média de 50% nos percentuais de equipamentos e serviços produzidos no País.

Para exploração em terra, o índice de conteúdo local será 50%. Nos blocos em mar, o conteúdo mínimo será de 18% na fase de exploração, 25% para a construção de poços e 40% para sistemas de coleta e escoamento. Nas plataformas marítimas, por exemplo, o percentual caiu de 65% para 25% (as indústrias que fornecem para o segmento aceitam reduzir para até 40%). Nos demais segmentos, os percentuais de conteúdo local eram, até então, definidos separadamente, em cada rodada nos editais publicados para chamar os leilões.

Representantes da indústria nacional argumentam que o novo patamar para plataformas, por exemplo, pode ser alcançado somente com a realização de serviços gerais, sem a compra de um parafuso no Brasil. Eles lembram que a redução de investimentos e das encomendas da Petrobras já causou redução de 14% nos empregos do setor e uma retração de 14,5% na produção, entre 2014 e 2015. As novas medidas vão custar mais 1 milhão de postos de trabalho, pelo que afirmam.

Antes da crise, e com a legislação de conteúdo local anterior, estima-se que para cada R$ 1 bilhão de investimento na exploração e produção de petróleo e gás, a produção interna de bens e serviços do setor gerava R$ 551 milhões para o Produto Interno Bruto (PIB) e 1.532 empregos.

Acreditamos em um caminho do meio, ou seja, em uma política de nacionalização que não trave investimentos, que aumente a atividade de exploração e produção no país, mas que, ao mesmo tempo, promova o  desenvolvimento tecnológico e fortaleça indústria nacional, criando riquezas e gerando empregos.

“A alegação da Petrobras de que é mais barato comprar no exterior renega o papel da estatal como âncora do desenvolvimento industrial brasileiro desde sua fundação, em 1953. Ela hoje é responsável por uma cadeia de mais de 5 mil fornecedores aqui instalados”, lembra Pedro Celestino, Presidente do Clube de Engenharia-RJ.

Eis aí algo para os governantes refletirem

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