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Revista GC - Ed.38 - Junho 2013
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Editorial

Mobilidade urbana: o País exige soluções urgentes

As manifestações populares que têm sacudido as ruas de diversas cidades por todo o Brasil têm motivações difusas e uma pauta de reivindicações tão abrangente quantos são os problemas da Nação. Muitas das bandeiras são legítimas. Outras nem tanto. Mas não há como ignorar que o clamor das ruas teve uma origem comum: o contraste entre as elevadas tarifas do transporte coletivo e o colapso da mobilidade nas grandes metrópoles brasileiras. O ponto de chegada também foi o mesmo: a descrença nas instituições políticas governo federal, dos estados e municípios indiscriminadamente responsabilizados pelas questões que justificaram a mobilização popular.

Embora causem espanto e indignação os atos de vandalismo que se sucederam, a grande mobilização não deveria nos surpreender. Na verdade, o que intriga é o fato de essa “bomba relógio” não ter explodido antes, dada a gravidade dos problemas, que só aumentaram nos últimos anos. Nós mesmos, nesse espaço de editorial, ou em reportagens e artigos publicados em Grandes Construções, nesses quatro anos de circulação, temos alertado para o gargalo nos serviços de transportes públicos e suas implicações na redução da qualidade de vida da população, nos impactos ambientais, no aumento no tempo dos deslocamentos e prejuízos diretos e indiretos na economia do País.

O caso da cidade de São Paulo é emblemático, até por ser um dos mais graves. Nos últimos 10 anos, o volume de passageiros transportados por ano na maior cidade do País


As manifestações populares que têm sacudido as ruas de diversas cidades por todo o Brasil têm motivações difusas e uma pauta de reivindicações tão abrangente quantos são os problemas da Nação. Muitas das bandeiras são legítimas. Outras nem tanto. Mas não há como ignorar que o clamor das ruas teve uma origem comum: o contraste entre as elevadas tarifas do transporte coletivo e o colapso da mobilidade nas grandes metrópoles brasileiras. O ponto de chegada também foi o mesmo: a descrença nas instituições políticas governo federal, dos estados e municípios indiscriminadamente responsabilizados pelas questões que justificaram a mobilização popular.

Embora causem espanto e indignação os atos de vandalismo que se sucederam, a grande mobilização não deveria nos surpreender. Na verdade, o que intriga é o fato de essa “bomba relógio” não ter explodido antes, dada a gravidade dos problemas, que só aumentaram nos últimos anos. Nós mesmos, nesse espaço de editorial, ou em reportagens e artigos publicados em Grandes Construções, nesses quatro anos de circulação, temos alertado para o gargalo nos serviços de transportes públicos e suas implicações na redução da qualidade de vida da população, nos impactos ambientais, no aumento no tempo dos deslocamentos e prejuízos diretos e indiretos na economia do País.

O caso da cidade de São Paulo é emblemático, até por ser um dos mais graves. Nos últimos 10 anos, o volume de passageiros transportados por ano na maior cidade do País mais do que dobrou. A frota dedicada ao transporte coletivo, no entanto, não acompanhou esse ritmo. O conforto diminuiu, mas a tarifa dos ônibus aumentou acima da inflação, que foi de 332,22%, entre 1994 e 2013, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, do IBGE). Se o preço das passagens tivesse acompanhado o índice, a tarifa hoje seria R$ 2,16. Como um contraponto, vale registrar que o salário mínimo também aumentou consideravelmente no período. Se, em 1994 o mínimo era de R$ 64,79, suficientes para comprar 129 passagens a R$ 0,50 cada, em 2013 o valor de R$ 678,00 é suficiente para 294 passagens a R$ 2,30 cada, segundo estudos da ANTP (Associação Nacional dos Transportes Públicos).

Mas a discussão não é somente econômica. A infraestrutura do sistema de transporte público não cresceu no mesmo ritmo que a cidade. Ainda segundo o IBGE, a população do município de São Paulo é de 10.886.518 habitantes. Para atender a esta população há 1.335 linhas, responsáveis por um carregamento médio de 8.518 pessoas por linha. O número de linhas é insuficiente para atender a demanda, o que resulta em sobrecarga no sistema, aperto nos ônibus e viagens mais demoradas.

Em São Paulo e em outras capitais brasileiras, as políticas públicas de transporte apontam na direção do transporte individual em detrimento das opções coletivas de deslocamento. Substitui-se a modernização e a ampliação das infraestruturas de transportes públicos pelo estimulo ao consumo de carros e motos. Só em São Paulo há quase 5 milhões de veículos, cerca de 25% da frota nacional. Dos quase 30 milhões de deslocamentos diários, 10 milhões são atribuídos ao transporte coletivo. Outros 10 milhões ao transporte individual.

Uma pesquisa divulgada recentemente pela Organização Internacional do Trabalho mostra que 9,5% dos brasileiros gastam mais de uma hora para chegar ao trabalho, mas em São Paulo essa proporção chega a 23,2%.

Os graves problemas de infraestrutura no Brasil, que exigem soluções imediatas e eficazes, estiveram no centro das discussões em vários painéis do Construction Congresso, evento realizado pela Sobratema paralelamente à Construction Expo 2013, cuja cobertura é a pauta principal desta edição.

Promover discussões sobre esses problemas, aproximando os diversos atores deste cenário estudiosos, responsáveis pela elaboração de projetos, representantes do poder público, executores de obras e provedores de soluções é uma das missões da Sobratema. Fazemos isso através de nossas publicações (revistas e livros técnicos), seminários, workshops e congressos, entre outras ações, sempre com o apoio de outras entidades representativas da cadeia produtiva. Isso aconteceu na Construction Expo 2013, que contou com o apoio de 135 entidades setoriais um recorde no Brasil. Os resultados obtidos nesse grande encontro nos levam a crer que obtivemos sucesso nessa empreitada, não só levantando os problemas, mas também apontando soluções. Vamos em frente!

 

 

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