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Revista GC - Ed.11 - Dezembro 2010
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Editorial

Mercado aberto, mas com muito critério

Estudo do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção 2010-2015, divulgado no inicio de dezembro, pela SOBRATEMA, revelou números surpreendentes. Os dados mostram que a comercialização interna de equipamentos para construção terá crescimento de 70,5% neste ano em comparação a 2009, passando de 41.360 unidades vendidas para 70.530 unidades comercializadas. A marca supera em 38% a alta histórica alcançada em 2008 e atesta, de forma inquestionável, o nível de solidez e amadurecimento do mercado brasileiro, impulsionado pelo boom de obras de infraestrutura, registrado nos últimos anos.

O aquecimento do mercado, no entanto, resultou em um fenômeno no mínimo polêmico. O Brasil tornou-se um mercado muito atraente para grande número de fabricantes asiáticos que produzem máquinas para construção no segmento batizado de simple tech. São equipamentos mais simples, com um nível de tecnologia embarcada não muito sofisticada, e que dificilmente se destinam ao uso intensivo ou a esforços muito severos.

Para muitos, trata-se de um fenômeno natural para a nova ordem mundial, em que o Brasil está inserido, com um mercado mais aberto, globalizado. Mas essa questão encerra pelo menos três aspectos distintos, que precisam ser analisados com cautela.

O primeiro deles é conjuntural, e está vinculado à política cambial do Brasil. Atualmente o País enfrenta o problema da supervalorização de sua moeda em relação a outras moedas do mundo. Isso é uma desvantagem para o


Estudo do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção 2010-2015, divulgado no inicio de dezembro, pela SOBRATEMA, revelou números surpreendentes. Os dados mostram que a comercialização interna de equipamentos para construção terá crescimento de 70,5% neste ano em comparação a 2009, passando de 41.360 unidades vendidas para 70.530 unidades comercializadas. A marca supera em 38% a alta histórica alcançada em 2008 e atesta, de forma inquestionável, o nível de solidez e amadurecimento do mercado brasileiro, impulsionado pelo boom de obras de infraestrutura, registrado nos últimos anos.

O aquecimento do mercado, no entanto, resultou em um fenômeno no mínimo polêmico. O Brasil tornou-se um mercado muito atraente para grande número de fabricantes asiáticos que produzem máquinas para construção no segmento batizado de simple tech. São equipamentos mais simples, com um nível de tecnologia embarcada não muito sofisticada, e que dificilmente se destinam ao uso intensivo ou a esforços muito severos.

Para muitos, trata-se de um fenômeno natural para a nova ordem mundial, em que o Brasil está inserido, com um mercado mais aberto, globalizado. Mas essa questão encerra pelo menos três aspectos distintos, que precisam ser analisados com cautela.

O primeiro deles é conjuntural, e está vinculado à política cambial do Brasil. Atualmente o País enfrenta o problema da supervalorização de sua moeda em relação a outras moedas do mundo. Isso é uma desvantagem para o fabricante estabelecido aqui. No médio prazo, certamente esses fabricantes brasileiros, que usam o Brasil como plataforma para exportação dos seus produtos, serão impactados. Por outro lado, as máquinas que chegam aqui importadas têm essa valorização cambial como vantagem. Tanto que a importação cresceu de forma impressionante.

Outro problema, esse de ordem estrutural, é o chamado “Custo Brasil”. Nós temos uma grande defasagem na nossa infraestrutura que encarece os custos logísticos. Temos um sistema tributário que penaliza o fabricante brasileiro, tirando-lhe a competitividade na exportação.

Para finalizar temos o que acreditamos ser as ações de alguns países que, para promover as suas exportações, criam facilidades que não são claramente assumidas e divulgadas. Tais facilidades concorrem de forma desleal com os fabricantes estabelecidos no Brasil, que hoje vivem quase que exclusivamente do mercado interno, já que a crise mundial da economia comprometeu fortemente as exportações.

Tudo isso combinado faz acender uma luz amarela, preocupante para a indústria brasileira.

Nesse cenário, a ação da SOBRATEMA tem se pautado por estimular o debate dessas questões conjunturais, de câmbio, que impactam diretamente os interesses de pelo menos 50% dos nossos associados, que são os fabricantes. Mas afetam também os demais 50% dos nossos associados, as construtoras, que perdem em competitividade. Porque o câmbio fortalecido permite que empresas de construção de fora se estabeleçam aqui e venham disputar espaço com as empresas brasileiras.

A SOBRATEMA tem se posicionado quanto a isso e tem feito a sua parte, ao realizar e divulgar pesquisas que dimensionam o mercado e identificam as principais tendências, difundindo o conhecimento técnico e gerencial do setor. Quando nós suspeitamos que parte desses equipamentos importados não atendiam as normas brasileiras aplicáveis, criamos os Manuais de Normatização, cujo primeiro, para escavadeiras, já foi publicado. E pretendemos implementar novas ações, através de empresas especializadas, junto às alfândegas, para que os agentes alfandegarios, numa primeira abordagem, possam identificar quais equipamentos não atendem às normas brasileiras quanto a questões como ergonomia, emissões de poluentes e segurança.

Mas entendemos que outras vozes precisam ser ouvidas. Outras entidades ligadas ao setor precisam se posicionar claramente, em ações políticas mais vigorosas junto às autoridades do governo, para que as distorções sejam tratadas de forma adequada.

Reconhecemos que o BNDES como agente do governo tem realizado um trabalho admirável, do ponto de vista do financiamento para a aquisição de máquinas com pelo menos 60% de conteúdo nacional, o que tem permitido que as empresas modernizem suas frotas. Hoje, em alguns segmentos, as máquinas importadas já representam cerca de 30% do total vendido. E se não fosse essa ação do BNDES, esse número seria muito maior.

Além disso, o Plano de Sustentação de Investimento (PSI), com taxa de 5,5% ao ano, que vigorará até março de 2011, representa outro papel muito importante na venda de equipamentos brasileiros. E esta ação precisa continuar. O Brasil precisa equacionar essas questões conjunturais e estruturais, porque estamos vivendo em um mercado altamente competitivo.

Não somos contra a abertura do mercado. Ele tem que ser aberto, mas também precisa ser justo e ético.

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