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Revista GC - Ed.74 - Outubro 2016
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Editorial

Cidades sustentáveis, um desafio multidisciplinar

Mais do que uma tendência, a sustentabilidade na construção veio para ficar, fomentando um mercado cada dia mais sólido e competitivo, que demanda produtos mais eficientes, com vida útil mais longa e maior valor de mercado. Nas últimas décadas, boa parte da cadeia construtiva vem investindo tempo e recursos financeiros na produção de materiais, métodos construtivos e outras soluções capazes de reduzir o consumo de água e energia e diminuir o volume de resíduos sólidos que gerem impactos sobre o “metabolismo” das cidades e sobre o meio ambiente, de uma forma geral.

A indústria da construção é reconhecida como geradora potencial de poluições atmosférica e residual. Entre os muitos impactos negativos gerados por este setor da economia estão o consumo de 40% de toda a produção mundial de energia e de assustadores 16% da água utilizada no mundo. A construção de edifícios consome 40% das pedras e areia retiradas do solo, e 25% de toda a madeira extraída, anualmente, segundo estimativas da Worldwatch Institute (WWI), entidade com sede em Washington, dedicada à promoção de uma sociedade ambientalmente sustentável, onde as necessidades humanas sejam atendidas sem ameaças à saúde da natureza.

Mas uma construção sustentável vai muito além do aproveitamento de água de chuva, do uso de madeira certificada ou mesmo da utilização de métodos construtivos que reduzam o desperdício de materiais, como a pré-fabricação de estruturas. Um empreendimento sustentável tem que nasce


Mais do que uma tendência, a sustentabilidade na construção veio para ficar, fomentando um mercado cada dia mais sólido e competitivo, que demanda produtos mais eficientes, com vida útil mais longa e maior valor de mercado. Nas últimas décadas, boa parte da cadeia construtiva vem investindo tempo e recursos financeiros na produção de materiais, métodos construtivos e outras soluções capazes de reduzir o consumo de água e energia e diminuir o volume de resíduos sólidos que gerem impactos sobre o “metabolismo” das cidades e sobre o meio ambiente, de uma forma geral.

A indústria da construção é reconhecida como geradora potencial de poluições atmosférica e residual. Entre os muitos impactos negativos gerados por este setor da economia estão o consumo de 40% de toda a produção mundial de energia e de assustadores 16% da água utilizada no mundo. A construção de edifícios consome 40% das pedras e areia retiradas do solo, e 25% de toda a madeira extraída, anualmente, segundo estimativas da Worldwatch Institute (WWI), entidade com sede em Washington, dedicada à promoção de uma sociedade ambientalmente sustentável, onde as necessidades humanas sejam atendidas sem ameaças à saúde da natureza.

Mas uma construção sustentável vai muito além do aproveitamento de água de chuva, do uso de madeira certificada ou mesmo da utilização de métodos construtivos que reduzam o desperdício de materiais, como a pré-fabricação de estruturas. Um empreendimento sustentável tem que nascer com esse compromisso e vocação, desde o seu projeto básico, e continuar ambientalmente correto no seu desenvolvimento, na fase de construção e na sua ocupação, sem renunciar à moderna tecnologia e ao atendimento às necessidades de seus usuários.

Neste contexto, se destaca o papel do projeto de arquitetura. Na prática, cabe à Arquitetura projetar, construir e gerenciar o ambiente construído. Os projetos devem atender às prescrições adequadas à realidade brasileira, abrangendo aspectos urbanísticos e de edifícios. Isso inclui a adaptação do projeto à topografia local, com redução da movimentação de terra. Inclui, ainda, a preservação de espécies nativas; a previsão de ruas e caminhos que privilegiem o pedestre, o ciclista e contemplem a acessibilidade universal.

Cabe ainda à Arquitetura a previsão de espaços de uso comum para integração da comunidade; a adequação do projeto ao clima do local, minimizando o consumo de energia e otimizando as condições de ventilação, iluminação e aquecimento naturais e a previsão de requisitos de acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida ou, no mínimo, possibilidade de adaptação posterior.

A valorização dos elementos naturais no tratamento paisagístico, o uso de reciclados da construção na pavimentação e a previsão de passeios sombreados no verão, ensolarados no inverno e permeáveis, nos períodos de chuvas intensas, são ainda manifestações de uma Arquitetura engajada com o desenvolvimento de cidades mais amigáveis.

Na viabilização desses conceitos, a Arquitetura moderna conta, hoje, com novas ferramentas que a tecnologia da informação disponibiliza, permitindo que uma edificação tenha todo o seu comportamento antecipado, podendo o projeto ser influenciado em vista desse desempenho futuro. Exemplo disso é a tecnologia Building Information Modeling - BIM.

Mas tudo isso não define nem resolve o desafio da construção sustentável. Um empreendimento, por mais que tenha preenchido todos os requisitos para a redução dos impactos ambientais, jamais será sustentável se não tiver um ciclo de vida longo, dispensando a necessidade constante de manutenção, o que torna seu uso financeiramente viável. Esse projeto precisa, ainda, ser socialmente justo e culturalmente aceito pela comunidade ao seu redor, para que ela possa acolhê-lo.

Apesar da grande responsabilidade da Arquitetura, esse é um compromisso que tem um caráter multidisciplinar, dentro de uma visão holística, humana.

Capacitar profissionais graduados em diferentes áreas a atuarem em projetos e obras sustentáveis, sejam da área pública ou privada, é grande desafio para as Universidades. É necessário disseminar as melhores práticas, incluindo tecnologias, materiais, processos e procedimentos operacionais de construção sustentável. Por parte do poder público, o desafio é capacitar agentes públicos no acompanhamento e avaliação de editais e de obras sustentáveis. Só assim conseguiremos prover conhecimento suficiente para que todos os envolvidos na criação das cidades sustentáveis façam sua parte.

Paulo Oscar Auler Neto

Vice-presidente da Sobratema

 

 

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