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Revista GC - Ed.40 - Agosto 2013
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Entrevista

UHE Itaipu: 100 milhões de MWh em 2013

Entrevista com Jorge Samek, diretor geral da Usina Hidrelétrica de Itaipu

Gigante atinge a “maturidade operacional” e elevado padrão de eficiência aos 30 anos de vida, alcançando a liderança mundial na produção de energia elétrica.

Às vésperas de completar 30 anos de construída, a Usina Hidrelétrica de Itaipu dá provas de grande vitalidade, fechando os seis primeiros meses de 2013 com um recorde na produção de energia: 50,012 milhões de megawatts/hora (MWh). Esse foi o segundo semestre em que a hidrelétrica alcançou esse feito, em igual período do ano, já que no primeiro semestre de 2012 foi registrada a produção de 50,105 milhões de MWh. Mas vale lembrar que 2012 foi um ano bissexto, com um dia a mais em fevereiro que, se descontado, aponta para uma vantagem na produção no período em 2013.

No acumulado de janeiro a dezembro do ano passado, Itaipu obteve uma produção anual de 98,3 milhões de MWh, o que estimulou sua direção e equipe técnica a perseguirem um novo desafio: tendo assegurada a posição de recordista mundial de geração de energia, a meta é fechar o ano de 2013 com a produção de 100 milhões de MWh.

Para Jorge Samek, diretor Geral da usina pelo Brasil trata-se de um objetivo difícil, mas não impossível. Ele conta que a excelente performance apresentada por Itaipu se explica, em parte, pela fartura de chuvas no período, mas, sobretudo, pelo aprimoramento do desempenho operacional, um ponto de honra para a equipe técnica da unidade, desde o início da sua operação, em maio de 1984.

O diretor garante que os resultados só foram alcançados graças à alta disponibilidade dos equipamentos da hidrelétrica, à qualidade técnica das equipes e à eficiência do seu modelo de gestão.

É resultado desse plano de gestão, por exemplo, a otimização das intervenções voltadas à manutenção, que aumentaram a disponibilidade das unidades geradoras em 36 dias por ano; e a implantação de lógicas de atuação automática na geração-transmissão dos setores de 60 hertz e 50 hertz, até o aprimoramento da metodologia e do plano de produção.

Também pesou decisivamente a entrada em operação de novos transformadores na subestação da margem direita (lado paraguaio da usina) e da linha de transmissão de 500 KV Foz-Cascavel, pertencente à


Gigante atinge a “maturidade operacional” e elevado padrão de eficiência aos 30 anos de vida, alcançando a liderança mundial na produção de energia elétrica.

Às vésperas de completar 30 anos de construída, a Usina Hidrelétrica de Itaipu dá provas de grande vitalidade, fechando os seis primeiros meses de 2013 com um recorde na produção de energia: 50,012 milhões de megawatts/hora (MWh). Esse foi o segundo semestre em que a hidrelétrica alcançou esse feito, em igual período do ano, já que no primeiro semestre de 2012 foi registrada a produção de 50,105 milhões de MWh. Mas vale lembrar que 2012 foi um ano bissexto, com um dia a mais em fevereiro que, se descontado, aponta para uma vantagem na produção no período em 2013.

No acumulado de janeiro a dezembro do ano passado, Itaipu obteve uma produção anual de 98,3 milhões de MWh, o que estimulou sua direção e equipe técnica a perseguirem um novo desafio: tendo assegurada a posição de recordista mundial de geração de energia, a meta é fechar o ano de 2013 com a produção de 100 milhões de MWh.

Para Jorge Samek, diretor Geral da usina pelo Brasil trata-se de um objetivo difícil, mas não impossível. Ele conta que a excelente performance apresentada por Itaipu se explica, em parte, pela fartura de chuvas no período, mas, sobretudo, pelo aprimoramento do desempenho operacional, um ponto de honra para a equipe técnica da unidade, desde o início da sua operação, em maio de 1984.

O diretor garante que os resultados só foram alcançados graças à alta disponibilidade dos equipamentos da hidrelétrica, à qualidade técnica das equipes e à eficiência do seu modelo de gestão.

É resultado desse plano de gestão, por exemplo, a otimização das intervenções voltadas à manutenção, que aumentaram a disponibilidade das unidades geradoras em 36 dias por ano; e a implantação de lógicas de atuação automática na geração-transmissão dos setores de 60 hertz e 50 hertz, até o aprimoramento da metodologia e do plano de produção.

Também pesou decisivamente a entrada em operação de novos transformadores na subestação da margem direita (lado paraguaio da usina) e da linha de transmissão de 500 KV Foz-Cascavel, pertencente à Copel.

Nas páginas seguintes, Jorge Samek faz um balanço dessas três décadas de operação de Itaipu um empreendimento que por muito tempo ainda será uma referência da capacidade da engenharia brasileira e revela os planos para o futuro.

Grandes Construções – No acumulado dos seis primeiros meses deste ano, a Usina Hidrelétrica de Itaipu repetiu a façanha alcançada no primeiro semestre de 2012, ultrapassando a marca dos 50 milhões de megawatts/hora (MWh) em um semestre. A que se deve essa sucessiva quebra de recordes alcançada pela hidrelétrica?

Jorge Samek – Três coisas determinam essa performance.  A primeira é que a economia tem que estar aquecida para que haja consumo de energia. Em que pese o modesto crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que muitos apelidaram de “pibinho”, no setor elétrico isso não reflete a realidade. Há alguma coisa errada nisso tudo. Um fator extraordinário para se medir o crescimento econômico de um país é o consumo de energia. E o que vemos é que de 2011 para 2012 esse consumo cresceu quase 5%. E a perspectiva de crescimento para 2013 é ainda maior. Enfrentamos anos e mais anos em que Itaipu tinha energia, podia produzir mais, mas não tinha consumidor. Quando o país não cresce, não adianta se produzir energia, porque a capacidade instalada já é suficiente para atender a demanda. E não é o que ocorre agora, tanto no Brasil quanto no Paraguai, que são os dois mercados que Itaipu atende. Este ano, o Paraguai vai crescer uns 15%.

Grandes Construções – Qual o segundo fator determinante do crescimento da produção?

Jorge Samek – Nele, a nossa capacidade de interferência é menor: tem que ter água. E não se trata apenas de se ter água no rio Paraná. Isso ajuda muito, mas tem que ter água em Minas Gerais, em São Paulo, em Goiás, que acaba correndo para o Paraná. Essas águas é que dão a condição das usinas que fazem parte do sistema funcionarem. A chuva que cai no Rio de Janeiro, por exemplo, não nos interessa. Porque essa água vai direto para o litoral e não vira megawatt/hora. Mas quando chove muito em São Paulo, de virar carro de ponta-cabeça, a gente sabe que essa água vai chegar até a Itaipu. Ela virá pelo rio Tietê, pelo Paranapanema, mas chegará até aqui. O mesmo acontece com as chuvas muito fortes em Minas Gerais, que pegam todos os grandes reservatórios que nós temos tanto no rio Grande, quanto no rio Parnaíba. Esses reservatórios, estando em boas condições quando termina o período das águas, nos dão condições de bom desempenho. Normalmente, esse fim do período das águas coincide com o mês de março, mas em 2012, como as chuvas de novembro atrasaram, tivemos um período prolongado até o fim de abril. Portanto, parte dos resultados se deve a isso.

Grandes Construções – E qual o terceiro fator decisivo para o bom desempenho do semestre?

Jorge Samek – É o fato de termos nossas máquinas e linhas de transmissão em perfeitas condições. Se o Operador Nacional do Sistema “piscar” nós estamos prontos para atender imediatamente. E temos um profundo orgulho disso. Hoje nós somos referência no setor de energia em aprimoramento dos processos de manutenção, desenvolvidos ao longo de todos esses anos. Quem visita nossas instalações dificilmente acredita que essa usina já tem 40 anos de construída, com máquinas que estão produzindo energia há mais de 30 anos. A impressão que se tem é que tudo isso foi instalado há três ou quatro anos, tamanho é cuidado que se tem com esse processo de manutenção, de modernização. Para nós isso é quase que um dogma. Obviamente que, com o tempo, nós ganhamos experiência suficiente para saber em que meses é mais adequado fazer a manutenção, porque não vai ter água e não adianta ter todas as máquinas disponíveis. Também sabemos em que meses as máquinas têm de estar 100% à disposição, porque com certeza virá um fluxo maior, dentro do que nós chamamos de “dança das águas”. E além de todos esses pontos tem o fator da localização de Itaipu. Do ponto de vista da engenharia, considerando todo o planeta, não há outro lugar que tenha um rio tão regulado, com uma queda tão acentuada e tão próximo das regiões de consumo quanto esse. Parece até que Deus, quando criava a terra, resolveu procurar um lugar onde queria instalar uma hidrelétrica. E botou o dedo aqui! Então é tudo isso que resulta nessa performance, permitindo esses recordes. E nos dá a expectativa de chegar a 100 milhões de MWh em 2013. Esse é o grande desafio dessa diretoria técnica e para isso estamos aprimorando cada vez mais nossos processos de transmissão de energia. Agora estamos com o Paraguai fazendo uma linha de 500 KV em território paraguaio, fruto de investimentos com recursos do Fundo de Convergência do Mercosul. Essa é a primeira obra estruturante do Mercosul, que vamos entregar até o fim de agosto. Essas obras passaram a ser feitas por Itaipu, como resultado de acordo firmado entre os então presidentes Lula, do Brasil e Fernando Lugo, do Paraguai. Espera-se que o Paraguai vá consumir mais energia, o que é mais uma possibilidade de Itaipu atingir os 100 milhões de MWh em 2013.

Grandes Construções – Essa produção vai dar a Itaipu a liderança mundial na produção de energia?

Jorge Samek – Esse ano que passou nós beiramos os 100 milhões de MWh, com 98,3 milhões de MWh, e com isso mantivemos o primeiro lugar do mundo em produção de energia. Em que pese a usina de Três Gargantas, na China, ter 70% a mais de potencia instalada, eles não tem a regularidade que nós temos, com essas 45 usinas rio acima. Mas não estamos contentes com isso, não. Queremos ir além.

Os sistemas de meteorologia, com um número cada vez maior de acertos nas previsões de tempo, são aliados nesse processo?

Jorge Samek – Sim, a cada dia esses sistemas estão se aperfeiçoando. Atualmente, nós sabemos, com grande margem de acerto, a quantidade de água que vai chegar hoje, ou amanhã. Dá para saber exatamente a quantidade de água que está passando pelo rio Grande, por exemplo, que é o principal da nossa bacia.

Grandes Construções – Levando-se em conta os reflexos da política de modicidade tarifária, priorizada pelo governo federal, Itaipu é hoje um empreendimento lucrativo?

Jorge Samek – Itaipu é fruto de um tratado entre o Brasil e o Paraguai, com um regramento próprio, e ela trabalha sem lucro nem prejuízo. Ela trabalha pelo preço de custo. Só que para ser construída, a usina precisou ser financiada, o que exigiu que se fosse buscar dinheiro em todos os cantos do mundo. E aqui no Brasil foi a Eletrobrás que se endividou, com o aval do Tesouro Nacional. Para pagar esses empréstimos é empenhada a própria produção de energia. Portanto, o empreendimento Itaipu exigiu três grandes esforços de engenharia. O primeiro foi a engenharia jurídica, que dá sustentação jurídica ao seu funcionamento, mesmo envolvendo dois países com línguas diferentes, culturas e histórias diferentes e principalmente economias diferentes. Apesar disso tudo, essa engenharia jurídica viabilizou um empreendimento dessa magnitude, o maior do mundo feito em conjunto por dois governos de dois países diferentes. O segundo esforço de engenharia foi a construção da usina propriamente dita, e o terceiro foi de engenharia econômica, permitindo pagar o investimento com a própria geração de energia. Por isso o tratado tem em seu Anexo C, da sua base econômica, 50 anos, com vencimento em fevereiro de 2023. Nessa data, Itaipu termina de pagar toda a dívida que fez ao longo de 17 anos, para se financiar. Hoje, isso representa no nosso custo 64%. No orçamento de Itaipu, juros e dívida representam 64% do preço da nossa tarifa, que é de 37 dólares por MWh, aqui no “pé da usina”.

Grandes Construções – Qual o valor dessa dívida?

Jorge Samek – Nós pagamos cerca de US$ 2,3 bilhões ao ano, de amortização do investimento, sendo metade para o Tesouro Nacional, metade para a Eletrobrás. Em 2023, quando Itaipu terminar de pagar suas dívidas, restando apenas as despesas de royalties e custos de produção, nós teríamos uma redução de custos da ordem de 32%, equivalentes à energia produzida no lado brasileiro, a ser repassado ao consumidor final. Como nós representamos cerca de 20% do sistema elétrico, o resultado, disso, ou seja, 20% em cima dos 32% seria o valor do desconto para o consumidor, com efeito semelhante ao causado pela Medida Provisória 579, do governo federal, que resultou na diminuição do preço da energia elétrica. Mas a essa altura, outras usinas terão vencido suas concessões, o que significa que poderemos ter a energia elétrica mais barata do mundo. Isso só dá para fazer com energia hidráulica. As usinas termoelétricas, sejam de carvão ou a gás, têm período de vida útil muito parecido com o período da concessão. Uma usina a gás, por exemplo, tem em geral período de concessão de 20 anos. Mas quando acaba esse período e entra no 21º ano, essa usina está um bagaço. Tem-se que praticamente fazer uma nova usina para produzir energia. Já uma usina hidráulica bem cuidada, como Itaipu, a vida útil pode chegar a 200 anos.

Grandes Construções – Sendo assim, por que outros países do mundo, que não tem uma hidrologia como a nossa, ou que já a usaram 100%, são tão contra a instalação de usinas hidrelétricas?

Jorge Samek – Porque efetivamente ninguém vai conseguir competir com o Brasil em termos de ter uma energia tão barata como nós vamos ter. Na hora em que todas as nossas usinas estiverem construídas – e me refiro a Belo Monte, Teles Pires, Tapajós, entre outras – e isso coincidir com o fim do pagamento de Itaipu, Foz do Areia, Segredo, Osório, previstos para ocorrerem nos próximos 20 anos, a possibilidade de nós termos um preço de energia muito menor do que qualquer país que usa o carvão, gás natural, urânio, é muito grande. E isso dá uma vantagem competitiva extraordinária.

Grandes Construções – Quanto custou construir Itaipu?

Jorge Samek – O total gasto em Itaipu foi US$ 27 bilhões, desde as desapropriações, construção da barragem, equipamentos, etc. Sobre isso começam a incidir os juros, e nós vamos continuar pagando US$ 2,3 bilhões ao ano até 2023. Esse número foi mantido em uma grande negociação firmada em 1996, e esse pagamento está sendo feito rigorosamente em dia. Todos os nossos compromissos são pagos em dia, com uma tarifa muito bem colocada. E esse empreendimento, se não fosse feito naquela época, não se faria mais.

Grandes Construções - Qual o tamanho do parque gerador de energia hidrelétrica no Brasil e quantas estão nesse processo de fim de amortização?

Jorge Samek – Quase ninguém sabe esse número, mas era bem fácil de guardar, até três anos atrás: 2.222 unidades. Hoje não é mais isso. Devem ter sido inauguradas mais umas 20 ou 30 unidades. Esse parque gerador é composto desde pela primeira Pequena Central Hidrelétrica (PCH) inaugurada há 100 anos, em Juiz de Fora (MG), que ainda está funcionando, até a Itaipu. Mas as que têm representação significativa, e que estão operando no sistema nacional, são cerca de 200 usinas, de 50 MW para cima. Desse total, umas 100 deverão estar amortizadas até o ano de 2023.

Grandes Construções – Qual é a energia assegurada, conhecida também como garantia física da usina de Itaipu?

Jorge Samek – Nós temos uma sistemática que dá uma grande garantia para Itaipu: nós calculamos a nossa produção prevendo tudo de pior que pode acontecer. E isso nós leva a fazer um cálculo que íamos produzir 75 milhões de MWh. Então, se São Pedro não colaborar, se explodir um transformador, se um vento muito forte derrubar torres de transmissão etc., tudo isso, se for levado em consideração, nos leva a uma posição onde não vamos produzir menos do que 75 milhões de MWh. O nosso orçamento é bem fácil. Quase uma conta de padeiro. Nós calculamos tudo o que nós vamos precisar de dinheiro no ano, o quanto nós vamos gastar de juros e de dívida, quanto vamos pagar de royalties e quanto é a nossa despesa de exploração (para pagar pessoal, cobrir custos de modernização e manutenção). Isso me dá quanto eu vou precisar de dinheiro e divido esse valor por 75 milhões de MWh. Dessa forma eu tenho o preço da energia quase na casa dos 45 dólares. Mas se eu produzo 98,3 milhões de MWh e se fiz meus cálculos em cima de 75 milhões,  tudo o que eu produzir a mais vai como desconto. Sobre essa energia a mais só incide royalties. Por isso nossa energia é barata. Ninguém reclama. Tem até energia mais barata que a produzida aqui, dessas usinas que já foram amortizadas.  Mas a grande maioria das usinas, e principalmente as térmicas, eólicas, etc., têm preço bem superior ao nosso. Então, esse nosso lastro físico, que está mantido sobre a produção de 75 milhões de MWh, nos dá uma garantia fantástica. Nunca vamos ter falta de dinheiro para pagar as nossas obrigações. Mas há um paradoxo que nós temos que enfrentar: quanto mais eficiente nós somos, mais nós somos penalizados. Para ser eficiente, eu tenho que gastar mais. Se, por exemplo, parar uma máquina, meu custo é elevadíssimo. Nós temos aqui revisões nas nossas máquinas que são realizadas a cada quatro anos, em que é feito quase que um raio X da unidade. Na primeira vez que isso ocorreu em Itaipu, demorou 61 dias para essa máquina voltar a funcionar. Hoje, com todo o aperfeiçoamento e com 30 anos de aprimoramento, nós estamos fazendo-a voltar à operação em 11 dias. Tem áreas na usina que não tem Natal, não tem Ano Novo, nem dia santo, não tem nada. Funciona 24 horas por dia, 365 dias por ano. Mas isso me dá a capacidade de produzir nessa dimensão.

Grandes Construções – Qual é a participação percentual de Itaipu dentro do sistema nacional?

Jorge Samek – Hoje é de 17.86%. Houve uma época em que correspondia a 27% de toda energia produzida no Brasil. Se desse uma “zebra” por aqui, na linha de transmissão, dava um prejuízo gigantesco ao País. Todas as usinas no País têm uma reserva técnica. Se cair uma delas imediatamente a reserva entra em operação, para poder socorrer. Só uma usina hidrelétrica não pode cair nunca, e essa usina é Itaipu. Se cair Itaipu apaga o Brasil, tamanha é a dependência do sistema. Em abril desse ano começou a entrar no sistema a corrente contínua vindo de Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira. Cada usina dessas, que entra em operação, é motivo de comemoração para nós de Itaipu. Porque a nossa participação relativa no sistema nacional cai. Agora, com a entrada em operação das usinas do Rio Madeira, é capaz de cair para 15%. É uma beleza para garantia do setor elétrico brasileiro.

Grandes Construções – Além da meta para este ano, de produzir 100 milhões de MWh de energia, quais as perspectivas para o setor, em sua opinião?

Jorge Samek – Em fevereiro nós fizemos aqui a nossa reunião de planejamento estratégico anual, nela ficou claro que em 13 anos nós teremos que dispor, no Brasil, do dobro do que temos hoje em potência instalada. É uma loucura! Isso prevendo um crescimento médio de 4% a 5% ano, incorporando toda essa camada da sociedade que ficou à margem do crescimento todo esse tempo. No Brasil, nós aproveitamos até agora 35% do nosso potencial hidráulico. Nós estamos hoje na casa dos 101 mil MW de capacidade instalada e temos que superar os 200 mil MW. Uma parte grande desse crescimento vai ser com a geração hidráulica. Outra parte grande será com a geração através da cana. Depois entram as usinas eólicas, que são uma das fontes de energia onde mais está se investindo, mas que hoje responde por uma participação de apenas 0,69% da matriz energética nacional. O planejamento estratégico prevê que as eólicas deverão responder, em 13 anos, por uma participação entre 5% e 7%, o que já é muita coisa.

Projeto VE: Itaipu apresenta veículos elétricos

A Itaipu, em parceria com a Agrale e a Stola do Brasil, desenvolveu o utilitário Agrale Marruá Elétrico, protótipo que integra o Projeto VE, capitaneado pela usina binacional, para o desenvolvimento de veículos híbridos e movidos a eletricidade. O protótipo, com tração 4x4, é equipado com motor elétrico de potência nominal de 40 kW (54 cv) e torque de 130 Nm (13,3 kgfm), podendo atingir o dobro da potência e torque em condições de pico. Esse propulsor é refrigerado a água, o que permite uma redução significativa da sua dimensão e peso (79,5 kg).

O veículo tem duas baterias de sódio, com autonomia de aproximadamente 100 km e tempo de recarga de 8 horas em tomadas de 220 V. As baterias são recicláveis e apropriadas para clima tropical; utilizam matéria-prima em abundância no Planeta e são três vezes mais leves que a bateria chumbo-ácido convencionais.

O Projeto Veículo Elétrico (VE) é uma parceria das Itaipu Binacional e a KWO – Kraftwerke Oberhasli AG, que controla usinas hidrelétricas na região dos Alpes, na Suíça. O acordo foi formalizado em maio de 2006. Convidada pela KWO para coordenar o projeto, Itaipu avaliou a iniciativa como sustentável, de caráter ambiental e capaz de propiciar transferência de tecnologia.

Apenas nos primeiros cinco anos de Projeto VE, mais de 50 protótipos saíram do Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Montagem de Veículos Elétricos (CPDM-VE), construído dentro de Itaipu.

O desafio do Projeto VE é chegar a um modelo com autonomia de 450 km, velocidade máxima de 150 km/h e recarga de apenas 20 minutos. Com robustez e preço compatível com o mercado convencional.

Além de produzir, Itaipu é a maior pista de testes para o VE. Os modelos que saem do G5, equipados com ar-condicionado, transportam empregados dentro e fora da usina. São 120 pontos de recarga.

Ônibus e caminhão elétricos

Além do transporte individual, o Projeto VE busca soluções para transporte de carga e de passageiros. Surgiu dessa preocupação o primeiro caminhão elétrico da América Latina, em parceria com a Iveco – braço da Fiat para veículos pesados, lançado em agosto de 2009. Ele tem motor de 40kW, autonomia de 100 km faz e alcança 70 km/h, com 2,5 t. de carga.

O VE desenvolveu também o primeiro ônibus 100% elétrico do País, que poderá contribuir no transporte de empregados e turistas do setor elétrico; e o ônibus híbrido, movido a eletricidade e a etanol, com capacidade para 34 passageiros. O veículo reflete a preocupação ambiental de Itaipu e parceiros: a emissão de CO2 no funcionamento do motor com etanol é compensada pela absorção do gás durante a produção da cana-de-açúcar. No balanço, a emissão é zero.

Iniciadas as obras da UHE Baixo Iguaçu

O dia 21 de junho marcou o lançamento da pedra fundamental, que oficializa o início das obras da Usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu, no Rio Iguaçu, entre Capanema e Capitão Leônidas Marques, no Sudoeste do Estado do Paraná.  O projeto é resultado de uma parceria entre a Companhia Paranaense de Energia (Copel) e a Neoenergia, um dos maiores grupos privados do País, atuando no setor de Energia. O investimento é de R$ 1,6 bilhão, com participação de 30% da Copel e 70% da Neoenergia. A usina, que deve entrar em operação em 2016, terá capacidade para atender ao consumo de 1 milhão de pessoas.

“O empreendimento é dos mais significativos, diante do crescente consumo de energia no Brasil”, disse o diretor de meio ambiente e cidadania empresarial da Copel, Jonel Iurk, na solenidade de anúncio das obras, realizada no Centro de Exposições de Capanema.

O diretor da Copel citou a expansão do setor industrial do Paraná, com a instalação de novas indústrias e ampliação de plantas já existentes. “Neste quadro de crescimento e desenvolvimento, a Usina Baixo Iguaçu é importante para ampliar a oferta de energia para o estado e para o país”, disse Iurk. O anúncio do início das obras teve a presença, também, do diretor de Geração, Transmissão e Telecomunicações da Copel, Jaime de Oliveira Kuhn; do diretor de Engenharia, Jorge Andriguetto Jr, e do diretor jurídico, Julio Jacob Jr.

O reflexo da Usina Baixo Iguaçu na região foi enfatizado pela diretora-presidente da Neoenergia, Solange Ribeiro. “O empreendimento significa progresso, movimento na economia e desenvolvimento”, disse ela. Solange Ribeiro destacou a parceria com a Copel no empreendimento. “A Copel é uma grande empresa e segura para investimentos”, afirmou ela.

Os municípios de Capanema e Capitão Leônidas Marques, que terão áreas abrangidas na construção da usina, serão diretamente beneficiados com o aumento na arrecadação de impostos e geração de empregos. Além disso, quando começar a produzir energia, a Usina Baixo Iguaçu vai pagar uma compensação financeira pelo uso dos recursos hídricos, aumentando a receita das prefeituras.

“É a maior obra da história do nosso município, era aguardada há mais de dez anos e agora se torna realidade graças ao Governo do Estado”, afirmou a prefeita de Capanema, Lindamir Denardin. “A construção da usina vai criar 2.500 empregos e ajudar muito o desenvolvimento da nossa região”, afirmou.

Retomada

Além de integrar a diretoria do consórcio a ser formado entre as empresas, a Copel assumirá as atividades de engenharia do proprietário e será responsável por monitorar a execução da obra e o cumprimento de cronogramas, controlar os contratos com fornecedores, avaliar do ponto de vista técnico o projeto civil da Usina, acompanhar a fabricação e montagem de equipamentos, entre outras atribuições.

A construção da Usina de Baixo Iguaçu marca a retomada da Copel na construção de unidades de geração de energia. Em dezembro último, a companhia inaugurou a Usina Mauá, em Telêmaco Borba e Ortigueira, com 363 megawatts. Nas próximas semanas, será inaugurada a PCH Cavernoso 2, entre Virmond e Candói, com 19 megawatts. Juntas, Baixo Iguaçu, Mauá e Carvernoso 2 somam  R$ 3,42 bilhões em investimentos.

A nova usina ficará cerca de 30 quilômetros rio abaixo (jusante) da Usina Governador José Richa (Salto Caxias) e terá três unidades geradoras que, juntas, terão potência instalada de 350 megawatts. A casa de força será do tipo abrigada e ficará no município de Capanema, na margem esquerda do rio. Um conjunto composto por subestação e linha de transmissão também será construído para conectar a usina ao Sistema Interligado Nacional.

Uma barragem será erguida no leito do rio Iguaçu para permitir a formação do reservatório, que terá apenas 31,6 quilômetros quadrados de superfície – considerado bastante pequeno em comparação com outras hidrelétricas do mesmo porte. O lago de Baixo Iguaçu será operado “a fio d’água”, o que significa dizer que não terá a função de acumular grande volume hídrico para regularizar a vazão do rio, e com isso, por consequência, minimizará eventuais impactos ambientais.

O aproveitamento Baixo Iguaçu é o último empreendimento energético previsto para o principal rio paranaense, onde já operam cinco hidrelétricas de grande porte: Foz do Areia, Segredo, Salto Caxias – todas da Copel – mais Salto Osório e Salto Santiago, pertencentes à Tractebel. Juntas, elas totalizam 6.674 megawatts de potência instalada.

UHE Baixo Iguaçu – Ficha Técnica

Potência Instalada: 350,2 MW;

Garantia Física: 172,8 MW médios;

Número de Turbinas: 3;

Altura da Barragem: 22 metros;

Extensão da Barragem: 410m;

Queda Bruta: 15,80m;

Área do Reservatório: 31 km2;

Área de Inundação: 13 km2.

 

 

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