Durante a mesa redonda promovida pela Revista Grandes Construções para discutir o apagão da mão de obra na cadeia da construção – objeto da matéria de capa desta edição – uma provocação, feita por um dos convidados nos chama a atenção. De acordo com Hugo Marques da Rosa, presidente da construtora Método Engenharia, uma das mais importantes empresas do País no segmento da construção imobiliária, a baixa produtividade nos nossos canteiros de obras é, em parte, resultado da má qualidade da nossa engenharia, que parou de evoluir. “Faltam bons projetos”, denuncia o executivo.
A afirmação soa no mínimo desconfortável para nós, que sentimos orgulho da nossa Engenharia, reconhecida mundialmente pela sua qualidade. Porém, uma análise menos “apaixonada” nos permite enxergar com mais clareza esse cenário, principalmente o da indústria da construção imobiliária, e concordar que falta muito para transformarmos os nossos processos de construção em linhas de fabricação e montagem efetivamente “industriais”.
E para alcançarmos esse patamar não é suficiente o uso intensivo de equipamentos e tecnologia de ponta nos canteiros. Essa é, na verdade a parte mais fácil de resolver. A feira M&T Pecas e Serviços, realizada pela Sobratema no início de junho, em São Paulo, mostrou que dispomos hoje de soluções tecnológicas de alto nível, para todos os problemas e todos os bolsos (ver cobertura na Grandes Construções de junho).
A parte mais difícil, que exige uma mudança cu
Durante a mesa redonda promovida pela Revista Grandes Construções para discutir o apagão da mão de obra na cadeia da construção – objeto da matéria de capa desta edição – uma provocação, feita por um dos convidados nos chama a atenção. De acordo com Hugo Marques da Rosa, presidente da construtora Método Engenharia, uma das mais importantes empresas do País no segmento da construção imobiliária, a baixa produtividade nos nossos canteiros de obras é, em parte, resultado da má qualidade da nossa engenharia, que parou de evoluir. “Faltam bons projetos”, denuncia o executivo.
A afirmação soa no mínimo desconfortável para nós, que sentimos orgulho da nossa Engenharia, reconhecida mundialmente pela sua qualidade. Porém, uma análise menos “apaixonada” nos permite enxergar com mais clareza esse cenário, principalmente o da indústria da construção imobiliária, e concordar que falta muito para transformarmos os nossos processos de construção em linhas de fabricação e montagem efetivamente “industriais”.
E para alcançarmos esse patamar não é suficiente o uso intensivo de equipamentos e tecnologia de ponta nos canteiros. Essa é, na verdade a parte mais fácil de resolver. A feira M&T Pecas e Serviços, realizada pela Sobratema no início de junho, em São Paulo, mostrou que dispomos hoje de soluções tecnológicas de alto nível, para todos os problemas e todos os bolsos (ver cobertura na Grandes Construções de junho).
A parte mais difícil, que exige uma mudança cultural e de postura dos mais altos níveis de decisão das empresas – e também dos engenheiros civis, responsáveis pela realização dos empreendimentos – é a adoção de outra filosofia de concepção e planejamento dos projetos. Especialmente no que diz respeito ao emprego de componentes pré-fabricados, de elementos modulados e de materiais com índices mais elevados de reaproveitamento, reutilização ou reciclagem.
Essa mudança de cultura, materializada no uso de grandes peças pré-fabricadas e de materiais concebidos para manuseio automatizável – com o emprego de equipamentos de movimentação e transporte vertical e horizontal – produz resultados notáveis na melhoria de qualidade final das edificações, na diminuição dos cronogramas, na eliminação do desperdício e na redução do uso intensivo de mão de obra. Tudo isso se traduz em melhoria geral da produtividade, possibilitando o aumento na escala de produção e a redução dos custos finais.
Investir na capacitação e treinamento da mão de obra, e utilizar equipamentos e sistemas de tecnologia avançada são, sem dúvida, fatores que atestam a maturidade de qualquer setor da economia. Mas, na cadeia da construção, estes investimentos podem “ir para o ralo” se faltar outro fator fundamental e raro na nossa indústria da construção: o planejamento.
As vantagens da mecanização aumentam se a viabilidade dos equipamentos for previamente planejada, facilitando a organização dos processos produtivos e o aumento da qualidade dos serviços. Essa mecanização do canteiro reduz custos indiretamente, mas o custo direto da própria mecanização deve ser calculado de forma que ela se enquadre dentro da margem de custo do serviço e dentro do valor global da obra.
É preciso planejar quais equipamentos usar e onde eles devem ser empregados, para que se tenha uma economia de recursos.
Ou seja, sem planejamento, não adianta muito investir em tecnologia ou em modernos métodos construtivos. Esta é uma questão que precisa ser encarada como um desafio para o setor da construção no Brasil.
Paulo Oscar Auler Neto
Vice-presidente da Sobratema
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