A Renova Energia está investindo R$1,17 bilhão na construção de 14 parques de energia eólica em plena região do semiárido baiano, a 796 km de Salvador. A energia anual a ser gerada pelo complexo, de 1.100 GWh/ano (Giga-watt-hora por ano), será capaz de atender a 650 mil residências, superior ao número de residências da população da região, de cerca de 400 mil pessoas. Criada por dois jovens paulistas com foco na energia renovável, a Renova fincou os pés no Sudoeste da Bahia há 10 anos, mirando inicialmente a implantação de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH). Hoje ela opera três PCHs na região de Teixeira de Freitas. Mas foi atraída pelo potencial eólico local, saindo-se vencedora dos leilões realizados em 2009 e 2010. E já se aventura pela área de usina solar, insumo abundante no Nordeste.
O co-presidente de Operação, Renato Amaral , montou a empresa junto com seu amigo Ricardo Lopes Delneri. Ambos prestaram juntos o serviço militar, no Exército, e foram colegas de faculdade. Renato morou na Bahia por cinco anos, prospectando negócios na área de energia. Engenheiro, co
A Renova Energia está investindo R$1,17 bilhão na construção de 14 parques de energia eólica em plena região do semiárido baiano, a 796 km de Salvador. A energia anual a ser gerada pelo complexo, de 1.100 GWh/ano (Giga-watt-hora por ano), será capaz de atender a 650 mil residências, superior ao número de residências da população da região, de cerca de 400 mil pessoas. Criada por dois jovens paulistas com foco na energia renovável, a Renova fincou os pés no Sudoeste da Bahia há 10 anos, mirando inicialmente a implantação de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH). Hoje ela opera três PCHs na região de Teixeira de Freitas. Mas foi atraída pelo potencial eólico local, saindo-se vencedora dos leilões realizados em 2009 e 2010. E já se aventura pela área de usina solar, insumo abundante no Nordeste.
O co-presidente de Operação, Renato Amaral , montou a empresa junto com seu amigo Ricardo Lopes Delneri. Ambos prestaram juntos o serviço militar, no Exército, e foram colegas de faculdade. Renato morou na Bahia por cinco anos, prospectando negócios na área de energia. Engenheiro, com experiência no mercado financeiro, não se furtou a viajar até em lombo de cavalo para conhecer pessoalmente as regiões onde a empresa iria se instalar.
Ele é testemunha de um salto tecnológico, social e econômico do semiárido nordestino, a exemplo do que tem ocorrido em todo o Nordeste, muito em parte, é verdade, estimulado por fortes incentivos governamentais. “O Nordeste é a bola da vez”, destaca ele, enfatizando que a Bahia leva vantagem em relação aos outros estados pelo potencial de projetos na área de energia a gás, eólica, biomassa e solar, ainda que pese a carência em infraestrutura da região.
“O Nordeste é um dos melhores locais para o negócio da energia eólica. Hoje a região detém 75% do potencial brasileiro nessa área. Através desses mapas eólicos que já existiam, e do estudo do governo da Bahia, desenvolvido pela Coelba, foi identificado um potencial de 14 mil MW, ainda sim com torres mais baixas. Nós achamos que esse potencial pode chegar a 40 MW, porque já conhecemos a qualidade dos ventos na região”, garante Renato Amaral .
Grandes Construções – Como surgiu a Renova?
Renato Amaral – Eu e meu sócio, Ricardo Lopes Delneri, iniciamos na área de energia no ano 2000 atuando na comercialização, quando surgiu no mercado a figura do consumidor livre. Mas naquela época havia poucos consumidores livres e isso nos levou a olhar para outro potencial, o da energia renovável. Era um mercado novo no Brasil. Não tinha muitos empreendimentos nesse campo. Então começamos a atuar no âmbito das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH), a partir do surgimento de um marco regulatório, assim como ações de incentivo do governo.
GC – Como estão os projetos de PCH?
Renato Amaral – São três usinas que somam 41,8 megawatts (MW), com investimento de R$ 180 milhões. A primeira usina a entrar em operação foi a Cachoeira da Lixa, com 14,8 MW de potência; a segunda foi a Colino 2 (11 MW) e a última foi a Colino 1 (16 MW). As três PCHs estão situadas na bacia do rio Jucuruçu, no Complexo Hidrelétrico Serra da Prata, sul do Estado da Bahia. O megawatt-hora das pequenas centrais foi negociado por R$ 154. Nós desenvolvemos todo o projeto da prospecção das áreas, sejam nos pontos mais distantes, até o licenciamento ambiental e o comissionamento. E também operamos as usinas. Só não construímos. Nós não vendemos e nem compramos projetos. Esse é o nosso diferencial.
GC – A empresa conta com uma área de engenharia?
Renato Amaral – Sim. O departamento de engenharia foi montado a partir dos primeiros projetos de PCH . Toda a parte de desenvolvimento de PCH está em Salvador (BA) e em Belo Horizonte (MG), além de um escritório em São Paulo. Mas para construir, buscamos as empresas que já tem expertise na área de construção. No caso do complexo eólico, a responsável é a construtora Queiroz Galvão. No caso das PCHs, foi a construtora Norberto Odebrecht. Aliás, esse é um dos nossos princípios. Contratar as companhias de porte e qualidade, pois entendemos que o risco maior está justamente na implantação das usinas, principalmente quando se trata de um projeto de grande porte. Deixamos claro que o nosso know-how é o desenvolvimento do negócio como um todo, incluindo a viabilidade financeira. Como viemos da área financeira, nós somos bem criativos nessa área também e isso nos coloca numa posição favorável em relação aos concorrentes.
GC – Como essa visão global se transforma em vantagem competitiva?
Renato Amaral – Um projeto de PCH, por exemplo, até chegar à fase de construção, demora pelo menos quatro anos, entre a etapa de desenvolvimento do projeto e o licenciamento. Às vezes o cliente compra um projeto de terceiros e não sabe ou não conhece todos os detalhes do projeto. Como conhecemos o projeto desde o início, nós temos como acompanhar todas as alterações vinculadas a ele. Isso é algo muito importante. É o que nos dá garantias para operar no setor de energia num nível de competitividade elevado.
GC – Como está a carteira de negócios da Renova?
Renato Amaral – Estamos com um portfólio de 60 projetos de PCHs, três em operação e os demais em fase de licenciamento. Como disse, são projetos que levam em torno de três ou quatro anos para começar um empreendimento. No total são quase 800 Megawatts em projetos, distribuídos por todo o País. Estados como Paraná, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Bahia, Tocantins e Maranhão.
GC – Este segmento está desacelerando?
Renato Amaral – Isso realmente está acontecendo por causa da queda do custo de implantação da energia eólica. Hoje, na verdade, o custo de construção de uma PCH se elevou. Isso ocorreu por diversos motivos, como o aumento das obras em infraestrutura que elevou o custo da mão de obra, assim como dos equipamentos. E também pela falta de mão de obra qualificada. É o contrário do que ocorre na energia eólica no qual o custo dos equipamentos vem caindo. O mercado mundial da energia eólica está desacelerado, associado à queda do dólar e redução geral dos impostos, reduzindo o preço de implantação dessa tecnologia. Por conta desses fatores, todos os principais fabricantes mundiais de equipamentos estão vindo para o Brasil. Isso é fundamental para o barateamento da tecnologia. Pelo menos 70% dos custos de implantação de uma usina eólica ficam por conta dos equipamentos, e o restante é parte civil ou parte elétrica.
GC – A energia eólica ainda está em fase de consolidação, no mundo, ou já ultrapassou essa etapa?
Renato Amaral – Ela existe há apenas 20 anos no mundo e no Brasil chegou há dois anos. Ao mesmo tempo é uma tecnologia nova e de rápida transformação. Há dois anos, só havia um fabricante por aqui, a Wobben/Enercon, que chegou na época do Proinfa. Hoje temos outras empresas instaladas ou se instalando, como a Impsa, a Gamesa, a Alstom, a GE, a Siemens. Muitas estão pensando em se instalar inclusive no Nordeste. Isso prova que o setor não é fogo de palha, pois já estamos no terceiro leilão consecutivo. O governo está sinalizando uma política de investimento e isso torna o mercado mais consistente, mais seguro. Se não essas empresas não viriam. Já no caso das PCHs, metade do investimento é obra civil, com tendência para subir. O custo da energia eólica, ao contrário, caiu muito. No último leilão, o valor médio chegou a R$ 122,69 por MWh, um deságio de 26,5% em relação à tarifa teto estabelecida, que era de R$ 167 por MWh.
GC – E o que isso representa para o setor?
Renato Amaral – Significa maior capacidade de investimento em tecnologia, na aquisição das máquinas. Por sua vez, os fabricantes também estão se adequando ao tipo de vento brasileiro. Está havendo um avanço tecnológico e maior conhecimento com relação ao tipo de característica do País. O vento no Brasil é diferente do vento da Europa, ele tem uma qualidade e constância maiores. O vento na Europa tem mais rajadas e sofre pela oscilação climática maior. E é o tipo de rajada que praticamente define o tipo de equipamento a ser usado. No Brasil, o vento é mais constante durante o ano, é mais suave, tem uma eficiência maior, uma geração de energia maior por máquina. Existem classes de vento e de máquinas diferentes. Na primeira fase, nosso esforço foi convencer os fabricantes de que o mercado nacional era próspero. Já estávamos conversando com a GE há uns seis anos sobre essas diferenças. Assim, para os nossos sites eles aplicaram máquinas utilizadas em diferentes lugares da Europa. Aqui é preciso substituir uma máquina que seria de um vento mais agressivo, para um vento mais suave.
GC – Qual é o próximo passo?
Renato Amaral – Na próxima fase, com as fábricas de diferentes grupos se instalando no Brasil, será possível criar turbinas realmente adequadas para o clima do nosso país. Há dentro do Brasil muitas diferenças regionais também, que exigirão algumas adaptações. Mas eu acho que realmente vai ter uma melhora muito grande. Os parques da Renova ficam na região do interior, no sudoeste da Bahia. No litoral, por exemplo, são várias rajadas, o vento sopra em várias direções, enquanto no interior o vento em geral vem de uma só direção. No caso dos nossos parques, são sempre de leste para oeste, o que permite uma eficiência maior.
GC – Porque a escolha por essa região, o sudoeste baiano?
Renato Amaral – Este é nosso diferencial competitivo. Eu cheguei a morar no estado durante cinco anos e já conhecia o potencial eólico da região. A gente escolheu aquela área pela qualidade dos ventos e por ser quase um vazio demográfico, com baixa atividade econômica, basicamente agropecuária de subsistência, mas em geral realizada nas áreas mais baixas. Nas áreas mais altas praticamente não tinha nada mesmo. Esses aspectos ajudariam a reduzir o impacto sócio-ambiental junto às comunidades, o que é uma de nossas preocupações.
GC – O Brasil pode tornar-se uma força nessa área de energia renovável?
Renato Amaral – O potencial no Brasil é muito grande. Há seis anos, a estimativa de geração empregando-se torres de 50 a 70 metros de altura foi de 143 GW. Hoje em dia as torres já alcançam 80 a 100 metros. O Brasil já era para ter instalado de 110 a 115 GW, somando todas as fontes, hidráulica, biomassa, eólica. Mas se as torres chegarem a 100 metros, esse potencial poderá atingir 300 GW. Hoje instalados no Brasil temos 930 MW e a energia eólica representa menos de 1% do total da energia gerada. Nos leilões em 2009 e 2010, o governo contratou quase 4 mil MW, o que já eleva a participação de eólica para o patamar de 3% a 4% do total de energia. Essa geração está prevista para 2012/2013.
GC – E qual é a posição do Nordeste nesse segmento?
Renato Amaral – O Nordeste é um dos melhores locais para o negócio da energia eólica. Hoje a região detém 75% do potencial brasileiro nessa área. Através desses mapas eólicos que já existiam, e do estudo do governo da Bahia, desenvolvido pela Coelba, foi identificado um potencial de 14 mil MW, ainda assim com torres mais baixas. Nós achamos que esse potencial pode chegar a 40 MW, porque já conhecemos a qualidade dos ventos na região.
GC – O estado da Bahia e o Nordeste em geral estão preparados para essa nova fase de investimentos?
Renato Amaral – O estado da Bahia demorou um pouco para “acordar” para o potencial da energia eólica. Tanto é que nos dois primeiros leilões feitos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o Rio Grande do Norte saiu mais rápido com projetos, seguido pelo Ceará. Mas no próximo leilão a Bahia tem tudo para alcançar a liderança em projetos.
GC – O que é preciso para deslanchar de vez?
Renato Amaral – É preciso haver toda uma cadeia logística para se viabilizar um projeto como esse, mas principalmente consolidar o conhecimento dos estados na área de legislação ambiental, com regras claras, e profissionais preparados nesse campo, o que é difícil, pois a própria tecnologia é uma coisa nova. O estado tem de criar uma infraestrutura para atender a esse processo. Não é nem má vontade, mas uma questão de falta de cultura nesse campo para atender ao volume de informação que faz parte de um processo de licenciamento ambiental. Os órgãos em geral têm técnicos que nem conhecem o que é um parque eólico. A Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), aliás, vem fazendo um trabalho nesse sentido, de apresentar projetos e estimular um intercâmbio de conhecimento junto aos órgãos do governo, para difundir a informação tecnológica. Mas é algo novo. Tem lugares em que os parques eólicos viraram passeios turísticos. Pensamos até em criar um museu de energia eólica na região.
GC – Como foi levar um projeto desse porte para uma área tão carente de tudo, como emprego, comércio, tecnologia, enfim, serviços básicos?
Renato Amaral – A vantagem do parque eólico é que não é preciso desapropriar terras, também não compramos a propriedade. Nós a arrendamos. O parque eólico não tem cerca, e o proprietário da terra pode desenvolver suas atividades normalmente, além de ter renda garantida por 30 anos. Trata-se de processo de mudança cultural também. Tinha uma outra empresa com projeto, há oito anos, mas só agora está conseguindo colocá-lo adiante. Ao contrário, nós já começamos há mais de três anos com esse projeto, superamos a desconfiança inicial, enfrentamos a resistência que havia. Acabamos de fazer a inauguração da pedra fundamental no projeto, em Caetité, com a comunidade, os prefeitos, os proprietários de terra. Ali existem outros projetos em desenvolvimento, sendo que no maior é da Bamina, Bahia Mineração. Então a população está com muita expectativa de criação de empregos por lá e de mudanças sociais, para melhor.
GC – Que projetos sociais a empresa pretende desenvolver?
Renato Amaral – A gente considera que o maior impacto é aquele que mexe com a vida da comunidade. Nós temos programas voltados para a educação ambiental, outros focados na área de educação, ou ainda sociais e ambientais. A nossa idéia é montar uma organização não governamental, junto com outros agentes para fazer um trabalho conjunto.
GC – Haverá a melhoria da energia para a região?
Renato Amaral – Com certeza, pois essas regiões são normalmente fim de linha de transmissão do sistema interligado. Então a energia tem uma diferença de voltagem muito grande, gerando prejuízos com a quebra de equipamentos, e isso espantava a instalação de qualquer tipo de indústria. Já temos notícias de empresas que tinham tentado se instalar na região, mas só agora estão realmente indo. Nosso parque é bem extenso, cruzando cerca de cinco municípios, como Caetité, Guanambi e Igaporã, numa linha contínua de 150 a 200 km. É uma espécie de cordilheira, e as torres ficaram nas partes mais altas, onde venta mais. Essa energia será lançada no sistema interligado e será escoada por uma Instalação Compartilhada de Geração ICG, a ser construída pela Chesf.
GC – Há outros estados com o mesmo potencial?
Renato Amaral – Estamos estudando o Maranhão, Piauí, Minas Gerais, e até estados como São Paulo. Um projeto como esse muda a rotina de uma região. Imagine um investimento de R$ 1,7 bilhão, em que pelo menos metade fica nesses municípios, onde praticamente não circulava dinheiro. Nós fizemos um levantamento e com os leilões de 2009 e 2010, deveremos desembolsar mais que o valor do Bolsa Família. Estamos gerando uma renda que será muito significativa para todo o estado e ajudando no crescimento do Nordeste, que está mudando de modo muito rápido. Fica até difícil de acreditar. Eu comecei a ir para a Bahia e para o Nordeste há 10 anos. A cidade de Teixeira de Freitas (BA), por exemplo, está toda asfaltada e tem hipermercado, lojas, bem diferente do que era há 10 anos. Salvador, por exemplo, foi a segunda cidade em lançamentos imobiliários do Brasil no ano passado, só perdendo para São Paulo. O Nordeste virou um canteiro de obras em todas as áreas, principalmente em infraestrutura. O estado da Bahia é muito privilegiado nesse sentido, porque tem campo para energia eólica, a gás, hidráulica. Lógico que ainda tem problemas de infraestrutura e logística. Por exemplo, estamos levando as pás para energia eólica do Porto de Santos até o Porto de Ilhéus. Depois elas seguem por caminhão, mas em alguns pontos é preciso fazer reforço na pista.
GC – Quem fabrica as pás?
Renato Amaral – Elas são fabricadas pela Tecsis (Tecnologia e Sistemas Avançados) em Sorocaba. É a segunda maior fabricante do mundo, mas até então sua produção era totalmente exportada, o que é muito simbólico.
GC – Como as torres são instaladas?
Renato Amaral – Elas são instaladas sobre bases de concreto, com fundações atirantadas ou sobre estacas. Para cada base são feitas pelo menos duas fundações. É importante dizer que não temos contrato com um único fabricante de equipamentos. Todas as compras são licitadas. Pois existe a necessidade de adequações que são supridas por diversas empresas. A responsável pela obra é a Queiróz Galvão e há um protocolo para privilegiar a contratação de pessoas da região. Nesse sentido, temos uma parceria com o sistema Sesi/Senai para treinar a mão de obra, como pedreiros, carpinteiros, marceneiros, e eles já terminam o curso praticamente empregados. Temos um portfólio de projetos bem amplo, com obras programadas pelos próximos 10 anos, assim acredito que essa mão de obra poderá ser amplamente utilizada.
GC – A Renova está buscando espaço para outros projetos em energia limpa?
Renato Amaral – Sim, somos focados em energia limpa e renovável. Então estamos estudando projetos de energia solar, segmento em que o Nordeste tem também um potencial muito grande. O custo desta energia solar ainda está muito alto, mas tende a cair, e está caíndo 30% a cada ano. Para se tornar competitivo, necessitará de algum estímulo do governo, como ocorreu com a energia eólica. O importante é continuar tendo os leilões e uma política favorável, para atrair os fabricantes para cá. No caso da energia solar, as placas são feitas de silício, e o Brasil é o maior fabricante de silício do mundo, mas o material vai todo para fora, e depois volta como placa fabricada. É preciso criar uma cadeia produtiva, e para isso será preciso apoio do governo. É importante dizer que a energia eólica brasileira é mais barata do mundo, sem subsídio, ao contrário dos outros países. E é barato porque aqui tem o melhor tipo de vento, contínuos e suaves, mais eficientes do que na Europa.
Gigantes do setor de olho no Brasil
O Brasil já desponta no mundo inteiro como um mercado emergente e de grande potencial na geração de energia eólica. Tanto que os mais importantes players mundiais do setor já estão se instalando no País. É o caso das alemãs Wobben e Siemens; da argentina Impsa; da americana GE Energy; da francesa Alstom; da espanhola Gamesa; da Suzlon, da Índia, e da Vestas, com matriz na Dinamarca. Esta última, por exemplo, fechou contrato para fornecer 40 turbinas com 90 MW de potência para projeto da Brennand Energia, sócia da Chesf, em parques que serão instalados no semi-árido da Bahia, com investimento total de R$ 360 milhões.
Os parques que serão construídos nos municípios de Caetité, Guanambi e Igaporã contarão com 184 aerogeradores, cada um com torres de 80 m de altura (o equivalente a um prédio com mais de 27 andares) e pás de 42 m de extensão.
Os aerogeradores foram adquiridos da GE e têm potência instalada de 1,6 MW cada. As obras civis ficarão a cargo do consórcio Queiroz Galvão-Mercurius, e a montagem das linhas de transmissão será realizada pela ABB. A energia será escoada por uma Instalação Compartilhada de Geração – ICG a ser erguida pela Chesf. Em média, os projetos têm fator de capacidade da ordem de 48%, mas alguns chegam a ultrapassar 50%, número elevado para o setor.
O inicio da operação comercial está previsto para 1º de julho de 2012 e os contratos de compra e venda de energia, formalizados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), têm prazo de 20 anos.
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