 Paulo Safady Simão afirma que burocracia e encargos com a mão de obra são gargalos a serem resolvidos para o  desenvolvimento da construção imobiliária no Brasi.l
Paulo Safady Simão afirma que burocracia e encargos com a mão de obra são gargalos a serem resolvidos para o  desenvolvimento da construção imobiliária no Brasi.l
Apesar de uma fase favorável, ainda há gargalos que precisam ser solucionados para dar maior fôlego ao mercado imobiliário. É o que diz o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) nesta entrevista. O custo da mão de obra é um deles. Segundo ele, associado a discrepâncias entre os valores dos imóveis e a realidade econômica de algumas regiões. Apesar de parecerem questões vinculadas ao setor de construção, essas são preocupações que devem ser consideradas fundamentais para todo o setor, uma vez que, por trás das expansões das moradias, estão investimentos em rede de saneamento, água, luz e serviços que atendam ao crescimento da densidade populacional e ao nível de conforto exigido.
A manutenção da política de subsídio para aquisição da casa própria pela população de baixa renda e a colocação de metas de produção e de adequação às realidades regionais serão fundamentais para o sucesso da política

 Paulo Safady Simão afirma que burocracia e encargos com a mão de obra são gargalos a serem resolvidos para o  desenvolvimento da construção imobiliária no Brasi.l
Paulo Safady Simão afirma que burocracia e encargos com a mão de obra são gargalos a serem resolvidos para o  desenvolvimento da construção imobiliária no Brasi.l
Apesar de uma fase favorável, ainda há gargalos que precisam ser solucionados para dar maior fôlego ao mercado imobiliário. É o que diz o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) nesta entrevista. O custo da mão de obra é um deles. Segundo ele, associado a discrepâncias entre os valores dos imóveis e a realidade econômica de algumas regiões. Apesar de parecerem questões vinculadas ao setor de construção, essas são preocupações que devem ser consideradas fundamentais para todo o setor, uma vez que, por trás das expansões das moradias, estão investimentos em rede de saneamento, água, luz e serviços que atendam ao crescimento da densidade populacional e ao nível de conforto exigido.
A manutenção da política de subsídio para aquisição da casa própria pela população de baixa renda e a colocação de metas de produção e de adequação às realidades regionais serão fundamentais para o sucesso da política habitacional ao longo do tempo. Ele reforça que é preciso também estabelecer metas de produção para curto, médio e longos prazos, e definir anualmente valores para compra das unidades a serem produzidas, adequando-se às condições de mercado.
Para ele , os principais méritos do programa Minha Casa Minha Vida foram: garantir um eficiente instrumento de mitigação da crise econômica internacional de 2008; assegurar a produção em escala de habitação de interesse social, distribuída em todo o território nacional; ser instrumento de contenção da expansão da cidade informal, na medida em que oferta habitação para as famílias que anteriormente tinham como única alternativa de moradia a construção informal e, na maioria dos casos, em áreas de risco; gerar empregos formais em quantidade significativa, e ser um avanço no desenvolvimento de processos inovadores para a produção de moradias.
 “O programa Minha Casa, Minha Vida não atingiu as metas de produção propostas nas cidades de São Paulo, Belo Horizonte e Distrito Federal, em razão de um desalinhamento entre o preço da terra urbanizada no mercado e o estabelecido pelo Governo para a compra dos empreendimentos. No entanto, nessas cidades houve um esforço maior dos governos locais para disponibilizar recursos complementares, o que viabilizou alguns empreendimentos. Estudo elaborado pela nossa Câmara estima que os encargos previdenciários e trabalhistas do nosso setor estão na casa de 135%, sem falar ainda nos benefícios provenientes das convenções coletivas no País.”
“O programa Minha Casa, Minha Vida não atingiu as metas de produção propostas nas cidades de São Paulo, Belo Horizonte e Distrito Federal, em razão de um desalinhamento entre o preço da terra urbanizada no mercado e o estabelecido pelo Governo para a compra dos empreendimentos. No entanto, nessas cidades houve um esforço maior dos governos locais para disponibilizar recursos complementares, o que viabilizou alguns empreendimentos. Estudo elaborado pela nossa Câmara estima que os encargos previdenciários e trabalhistas do nosso setor estão na casa de 135%, sem falar ainda nos benefícios provenientes das convenções coletivas no País.”
“O crédito imobiliário no Brasil corresponde a cerca de 4% do PIB Nacional, ou seja, um percentual muito pequeno diante das economias que tiveram problemas, que ficaram acima de 80%, como nos EUA. O Brasil tem um largo caminho para crescer, sem risco de bolha.”
Grandes Construções – A evolução do mercado imobiliário nos últimos anos foi evidente. Quais são os principais motivos para esse desempenho?
Paulo Safady Simão – Sem dúvida o cenário da construção, em especial do mercado imobiliário, começou a se modificar a partir de 2004 e vários fatores colaboraram para isso: a maior oferta de crédito imobiliário, aliada à redução da taxa de juros dos financiamentos imobiliários e a prazos maiores para pagamento, o aumento do emprego formal, o crescimento da renda familiar, a estabilidade macroeconômica; as mudanças no marco regulatório (Lei 10.931/2004), resultando em maior segurança, transparência e agilidade nos negócios, a melhor previsibilidade da economia, tornando mais factíveis as transações imobiliárias e o Programa Minha Casa, Minha Vida são alguns deles.
GC– Existem ainda lacunas para serem preenchidas?
 Paulo Safady Simão – Certamente o setor ainda tem inúmeros desafios para serem vencidos. A burocracia na obtenção de licenças e habite-se nas grandes cidades, as dificuldades de contratação de mão de obra qualificada, as dificuldades com locação de máquinas e equipamentos, a burocracia e a morosidade dos cartórios, a escassez de terrenos nos grandes centros urbanos e o alto custo dos mesmos são alguns deles. Isso sem contar, ainda, a legislação trabalhista que impõe um elevado encargo para as empresas no custo com a mão de obra. Estudo elaborado pela nossa Câmara estima que os encargos previdenciários e trabalhistas do nosso setor estão na casa de 135%, sem falar ainda nos benefícios provenientes das convenções coletivas no País. Considerando estes últimos, o custo com a mão de obra pode chegar a quase 200%.
Paulo Safady Simão – Certamente o setor ainda tem inúmeros desafios para serem vencidos. A burocracia na obtenção de licenças e habite-se nas grandes cidades, as dificuldades de contratação de mão de obra qualificada, as dificuldades com locação de máquinas e equipamentos, a burocracia e a morosidade dos cartórios, a escassez de terrenos nos grandes centros urbanos e o alto custo dos mesmos são alguns deles. Isso sem contar, ainda, a legislação trabalhista que impõe um elevado encargo para as empresas no custo com a mão de obra. Estudo elaborado pela nossa Câmara estima que os encargos previdenciários e trabalhistas do nosso setor estão na casa de 135%, sem falar ainda nos benefícios provenientes das convenções coletivas no País. Considerando estes últimos, o custo com a mão de obra pode chegar a quase 200%.
GC – O senhor tem números recentes do mercado?
Paulo Safady Simão – Observamos uma sinalização positiva com a continuidade do crescimento do financiamento imobiliário no país, sendo que no primeiro quadrimestre de 2011 foram financiados R$ 22,2 bilhões com recursos da poupança, o que correspondeu a mais de 54% de aumento em relação ao montante contratado nesse mesmo período do ano passado. Em números de unidades financiadas também se observou crescimento significativo: foram mais de 144 mil unidades financiadas somente com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) nos primeiros quatro meses do ano, significando alta de cerca de 26% em relação a igual período de 2010.
GC– Há riscos para o mercado? Poderemos estar vivendo uma bolha, como a que se verificou nos Estados Unidos ?
Paulo Safady Simão – Não, nada pode caracterizar uma bolha no âmbito do mercado imobiliário nacional. Existem alguns pontos que se devem considerar. A conjuntura econômica do país é um deles. E o Brasil está vivendo um momento de crescimento sustentável, com aumento do emprego formal e da renda. Isso tudo cria condições saudáveis para o pagamento dos financiamentos. Além disso, há outras especificidades, como: o valor do financiamento, que é de cerca de 75% do valor do imóvel no Brasil, ao contrário dos Estados Unidos, onde se financia até mais de 100%; o enorme déficit habitacional brasileiro, de quase 6 milhões de moradias; o país ainda está criando condições para as pessoas financiarem o seu primeiro imóvel; o comprometimento da renda para a prestação é de no máximo 30%; os processos de operações de financiamentos são altamente responsáveis, ou seja, as instituições financeiras fazem uma varredura para verificar a real capacidade de renda do candidato, optando por complementar essa capacidade quando insuficiente para aquisição de uma moradia digna com subsídios orçamentários (Minha Casa, Minha Vida) e não com alavancagem financeira dos agentes credores em operações de “altíssimo risco” . Ainda assim é bom que fique claro de que o crédito imobiliário no Brasil corresponde a cerca de 4% do PIB Nacional, ou seja, um percentual muito pequeno diante das economias que tiveram problemas, que ficaram acima de 80%, como nos EUA. O Brasil tem um largo caminho para crescer, sem risco de bolha. Em suma, o mercado imobiliário segue seu ritmo, naturalmente, sem especulação e artificialidades.
GC – Quais os resultados do Programa Minha Casa, Minha Vida? Que estados estão tendo os melhores e piores resultados?
Paulo Safady Simão – O programa Minha Casa, Minha Vida não atingiu as metas de produção propostas nas cidades de São Paulo, Belo Horizonte e Distrito Federal, em razão de um desalinhamento entre o preço da terra urbanizada no mercado e o estabelecido pelo Governo para a compra dos empreendimentos. No entanto, nessas cidades houve um esforço maior dos governos locais para disponibilizar recursos complementares, o que viabilizou alguns empreendimentos.
Cidades da Região Norte, como Porto Velho, Macapá, Ariqueimes, entre outras, também não cumpriram suas metas. Uma parte porque o valor de compra das unidades estabelecido pelo Governo não estava compatível com as condições locais, outra porque a região não dispõe da mesma quantidade de empresas credenciadas para operar com a Caixa Federal, como ocorre nas regiões Nordeste e/ou Sudeste.
No entanto, a observação dessas ocorrências permitiu ao Governo estabelecer um fator de correção de valor na montagem dos preços que compõem a tabela de compra nesta segunda etapa do Programa Minha Casa, Minha Vida, lançado no último dia 16 de junho de 2011, pela presidenta da República, Dilma Rousseff.
GC – Há uma percepção de que nas grandes metrópoles, onde há maior problema de déficit, o programa não consegue deslanchar? Isso é verdade? O que pode ser feito para mudar esse quadro?
Paulo Safady Simão – Não é verdade que as ações implementadas nas grandes metrópoles não obtiveram resultados adequados. Vale ressaltar que Rio de Janeiro e Salvador registraram as maiores contratações e, no caso da segunda, na menor faixa de renda. Os problemas que explicam o baixo desempenho em algumas unidades da federação são em geral específicos, não sendo possível generalizar. Em alguns casos a execução foi comprometida por dificuldade de viabilizar terrenos urbanizados a preços compatíveis com os valores das unidades habitacionais do Programa. Em outros casos, o poder público local não conseguiu aportar contrapartidas (terrenos, infraestrutura ou equipamentos públicos) que viabilizassem o Programa e assim por diante.
GC – Quais são os problemas e as vantagens do programa?
Paulo Safady Simão – As grandes vantagens do Programa Minha Casa, Minha Vida são: eficiente instrumento de mitigação da crise econômica internacional de 2008; garantia de produção em escala de habitação de interesse social, distribuída em todo o território nacional; instrumento de contenção da expansão da cidade informal, na medida em que oferta habitação para as famílias que anteriormente tinham como única alternativa de moradia a construção informal e, na maioria dos casos, em áreas de risco; geração de empregos formais em quantidade significativa; além de ser um avanço no desenvolvimento de processos inovadores para a produção de moradias.
Quanto aos problemas observados, acredito que se referem justamente ao próprio sucesso do programa, ao seu pouco tempo de existência e ao volume de produção. Cabem destaques para as questões do acompanhamento social no pré e pós morar, na preparação das famílias para a administração do condomínio, quando for o caso, ou para manutenção das unidades. No PMCMV 2, o recurso destinado para o trabalho social será ampliado, o que não basta. Será necessário um plano de trabalho elaborado para manter a assistência social nos empreendimentos por, no mínimo, dois anos. O Governo Federal está buscando pactuar com os Governos locais uma forte parceria para a execução do Trabalho Social.
GC – Do ponto de vista das construtoras, ele é interessante? Por quê?
Paulo Safady Simão – Para as incorporadoras/construtoras o programa é interessante por que permite a construção em escala. Outro aspecto favorável é a especificidade da operação: cabe ao incorporador/construtor executar a obra, não é de sua responsabilidade a comercialização e ocupação das unidades. Além disso, o PMCMV, pelo nível de subsídio dado, abriu um novo nicho de mercado para as construtoras, ampliando as oportunidades de negócios.
GC– O Sr. acredita que o déficit residencial está sendo atacado, finalmente, com as medidas pró-mercado?
Paulo Safady Simão – Naturalmente que a produção, em menos de dois anos, de mais de 1 milhão de moradias impacta o déficit estimado em 6 milhões. Mas ainda é preciso perseguir a ampliação dos recursos federais, estaduais e municipais para a manutenção de uma política de subsídios que universalize o acesso à moradia. É preciso também estabelecer metas de produção para curto, médio e longos prazos, e definir anualmente valores para compra das unidades a serem produzidas, adequando às condições de mercado.
 
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