Não é segredo para ninguém o pulo que o estado do Rio de Janeiro vem dando nesses últimos anos. O estado está desenvolvendo um gigantesco programa de investimentos e de obras, que passa por todas as áreas de infraestrutura, principalmente aquelas que afetam diretamente a economia e qualidade de vida da população, o transporte e o saneamento básico.
Nessa última área, principalmente, o desafio é muito grande: a meta estadual é ampliar os serviços de coleta e o tratamento de esgoto na Região Metropolitana do Rio, de 30% para 60%. Só para se ter uma ideia, no município do Rio de Janeiro, o esgoto tratado para água consumida teve uma redução de 20,5% entre 2006 e 2008, passando de 68,1% para 47,6%. Pesquisa do Instituto Trata Brasil, sobre dados do Ministério das Cidades, indicou quatro municípios fluminenses dentre os 10 piores do ranking em saneamento.
Esses são apenas alguns aspectos do esforço que o governo do Rio de Janeiro precisará empreender daqui para frente, depois de um trabalho focado na área de segurança públi
Não é segredo para ninguém o pulo que o estado do Rio de Janeiro vem dando nesses últimos anos. O estado está desenvolvendo um gigantesco programa de investimentos e de obras, que passa por todas as áreas de infraestrutura, principalmente aquelas que afetam diretamente a economia e qualidade de vida da população, o transporte e o saneamento básico.
Nessa última área, principalmente, o desafio é muito grande: a meta estadual é ampliar os serviços de coleta e o tratamento de esgoto na Região Metropolitana do Rio, de 30% para 60%. Só para se ter uma ideia, no município do Rio de Janeiro, o esgoto tratado para água consumida teve uma redução de 20,5% entre 2006 e 2008, passando de 68,1% para 47,6%. Pesquisa do Instituto Trata Brasil, sobre dados do Ministério das Cidades, indicou quatro municípios fluminenses dentre os 10 piores do ranking em saneamento.
Esses são apenas alguns aspectos do esforço que o governo do Rio de Janeiro precisará empreender daqui para frente, depois de um trabalho focado na área de segurança pública, que vem resgatando áreas que durante décadas estiveram sob o signo do medo, em poder de quadrilhas de traficantes de drogas, onde o poder público não podia entrar. Serão nesses territórios que o governo precisará investir mais em saneamento básico e educação.
Mas é a Educação o maior gargalo do estado, que hoje o equipara aos estados mais deficientes da federação. Segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2009, divulgado em 2010, pelo Ministério da Educação (MEC), o estado ficou na penúltima colocação, no ranking nacional, à frente apenas do Piauí, e empatado com Alagoas, Amapá e Rio Grande do Norte.
O ranking acendeu o sinal vermelho sobre os investimentos e desperdícios do estado nessa área e deflagrou medidas para reverter o quadro. A meta do governo é posicionar-se, em 2013, entre os cinco primeiros estado do País no índice, mas para isso precisa resolver a carência de profissionais e oferecer mecanismos para melhorar o desempenho dos alunos nas disciplinas de português e matemática. Sobre estes desafios é que fala o governador
Sérgio Cabral nesta entrevista para a revista Grandes Construções. Como se vê, o trabalho a ser feito não é pequeno, nem rápido e tampouco depende somente dele.
Revista Grandes Construções - Quais são as prioridades nas áreas de logística, transportes e infraestrutura para suportar o atual crescimento econômico do estado?
Governador Sérgio Cabral – Um dos grandes gargalos que temos hoje é a questão do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão-Antonio Carlos Jobim. Tenho convicção de que o governo federal vai tratar essa questão como prioridade, fazendo a concessão à iniciativa privada, tendo em vista os grandes eventos que o Rio de Janeiro tem pela frente, como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. Por outro lado, um enorme investimento está sendo feito nos portos do nosso estado.
GC – Que empreendimentos são esses?
Governador Sérgio Cabral – Refiro-me às obras de expansão de dois dos maiores portos do Brasil, o de Itaguaí e o do Rio, e à construção, no município de São João da Barra, de um enorme complexo portuário, o Superporto do Açu. Esse é o maior empreendimento do setor na América Latina e um dos três maiores do mundo. As obras estão em ritmo acelerado e empregam cerca de 3.200 pessoas, sendo 50% moradores de São João da Barra e de cidades vizinhas. A atividade começa a impactar a economia local, com reflexos já sentidos, por exemplo, no comércio e no aumento de arrecadação pela prefeitura. Além disso, em Itaguaí, está em construção o Superporto do Sudeste, que terá capacidade para lidar com 120 milhões de toneladas de produtos sólidos por ano. Outro empreendimento extraordinário que vai dar base para esse crescimento do estado é o Arco Metropolitano, que terá 145 quilômetros de extensão e vai ligar os municípios de Itaguaí a Itaboraí, passando pela Baixada Fluminense e interligando essas cidades a rodovias federais que chegam ao Rio. As obras estão em andamento. Essa será uma grande artéria em uma região que terá ocupação inteligente por parte de dezenas de empresas comerciais, industriais, de serviços e de logística, interligando todas as rodovias federais que passam pelo estado.
GC - Quais são os empreendimentos urbanos prioritários na região Metropolitana do Rio de Janeiro visando aos futuros grandes eventos?
Governador Sérgio Cabral - O Rio de Janeiro vive um momento único em sua história, consolidando-se cada vez mais como um dos principais polos de desenvolvimento do Brasil. O Rio é a metrópole do mundo com o mais importante calendário de eventos nesta década. E todos esses eventos representam uma oportunidade extraordinária de deixar um legado definitivo para as próximas gerações. Para se ter uma ideia, vamos investir, com recursos próprios, cerca de R$ 15 bilhões nos próximos anos, para fazer as Olimpíadas. São investimentos que estão no Caderno Olímpico. Na área ambiental, o saneamento básico será o grande foco. Nossa meta é ampliar, nos próximos quatro anos, a coleta e o tratamento de esgoto na Região Metropolitana do Rio, de 30% para 60%. Também vamos, até 2016, erradicar todos os lixões e implantar aterros sanitários em todo o estado. Continuaremos com a urbanização das áreas carentes, com a sequência do PAC das Comunidades, que já levou mais qualidade de vida para áreas antes degradadas, como as comunidades do Alemão, da Rocinha, e de Manguinhos. Na área da Segurança Pública, o nosso compromisso é que não haja, até 2014, nenhuma comunidade dominada pela criminalidade armada. Vamos melhorar o transporte público, revitalizar áreas degradadas da cidade e criar um grande ciclo de desenvolvimento com segurança. Ainda temos um longo caminho, mas não tenho dúvida de que estamos no rumo certo.
GC - Quais são os setores industriais com maior potencial de desenvolvimento no estado do Rio de Janeiro?
Governador Sérgio Cabral – Sem dúvida, é o setor de petróleo e gás. As oportunidades de investimento nesse setor são extraordinárias, tendo em vista as novas descobertas na camada do pré-sal. Estima-se que o investimento previsto para as áreas já licitadas será entre US$ 600 bilhões e US$ 1 trilhão nos próximos 10 anos. Como consequência desses investimentos na área do petróleo e com a política do governo federal e da Petrobras de fomentar esse crescimento, há uma relevante demanda no Brasil na área da construção naval. O estado do Rio de Janeiro é o que possui a maior capacidade nessa área, com mais de 70% dos empregos. Além disso, está sendo implantado no estado um novo estaleiro que tem como um dos parceiros a Marinha brasileira. Esse estaleiro será destinado à construção de submarinos, com investimentos de cerca de US$ 5 bilhões.
Além disso, hoje a economia do nosso estado é bastante diversificada. O Rio de Janeiro tem uma capacidade de produção de aço de cerca de 15 milhões de toneladas, sediando empresas nacionais e internacionais como a Companhia Siderúrgica do Atlântico, do Grupo Thyssen, a mais recente siderúrgica integrada brasileira. A expectativa é de que dobremos a capacidade de produção de aço no estado nos próximos cinco anos, com a expansão das siderúrgicas existentes e a implantação de outras como a Ternium, com investimento previsto de US$ 5 bilhões, que está prestes a iniciar a implantação de uma nova siderúrgica integrada de cinco milhões de toneladas.
GC – A indústria de audiovisual também desponta como uma atividade de forte potencial no estado, não é verdade?
Governador Sérgio Cabral – Exatamente. O Rio é um grande polo da indústria criativa nacional. Alguns números resumem esse setor: mais de 90% da arrecadação obtida com filmes nacionais em 2010 veio de produções feitas por empresas do Rio; 88 produções estrangeiras foram realizadas na capital em 2009, entre filmes, comerciais, clipes e programas, de um total de 184 feitas em todo o País; entre as 10 maiores bilheterias nacionais de 2010, oito foram realizadas por empresas baseadas no estado; e a indústria de audiovisual emprega mais de 30 mil pessoas, com mais de mil produtoras baseadas no estado.
GC – A política de segurança implementada na região, nos últimos anos, tem sido importante para dar maior segurança aos investidores que estão apostando no Rio de Janeiro. Há algo previsto para a construção de novos presídios?
Governador Sérgio Cabral - Uma das grandes prioridades do nosso governo é a segurança pública. O combate à criminalidade é essencial para a melhoria da qualidade de vida da nossa população e um fator decisivo para o desenvolvimento econômico do Rio de Janeiro. A paz é a base para todas as outras conquistas. Um avanço fundamental, com grande visibilidade nacional e internacional é o desenvolvimento do projeto das Unidades de Polícia Pacificadora, as UPPs. Já são 19 as UPPs instaladas em várias comunidades.
Além disso, damos prioridade à construção de novas cadeias públicas e presídios. A cidade do Rio foi a primeira do País a não ter presos em delegacia. A nossa meta é que, até 2012, isso aconteça também em todo o estado. Para isso, já estão sendo construídas três novas cadeias públicas: duas em São Gonçalo e uma em Magé. A previsão é de que elas estejam prontas ainda no primeiro semestre desse ano. No total, serão mais 1.700 vagas. Além disso, está sendo desenvolvido o projeto para a construção de outras 6 cadeias públicas, sendo duas na capital e as outras na Região Serrana, no Centro-Sul Fluminense, na Costa Verde e na região das Baixadas Litorâneas. Construiremos ainda um novo Batalhão Especial Prisional.
GC - Como o senhor vê o estado do Rio de Janeiro daqui a 10 anos e onde estão as principais dificuldades que precisarão ser enfrentadas?
Governador Sérgio Cabral - Nós estamos trabalhando para que esse momento fantástico que o Rio vive gere frutos definitivos e um legado verdadeiro para a população, um legado de transporte público de qualidade, de mais segurança, infraestrutura e desenvolvimento sustentável. Estão sendo realizados amplos investimentos em seis áreas estratégicas: infraestrutura, transportes, saúde, segurança, meio ambiente e instalações esportivas. Nossos objetivos vão muito além do período da Copa e dos Jogos. Temos a responsabilidade e o compromisso de melhorar a qualidade de vida da nossa população. No setor de transportes, o Rio ganhará uma nova linha de metrô, a Linha 4, que atenderá diariamente cerca de 240 mil pessoas. Também vamos investir mais na saúde pública. Já conseguimos avançar muito com as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) 24h, mas ainda há muito trabalho a ser feito. Sabemos que a situação não é a ideal. Mas quantas pessoas deixaram de ficar em fila de hospital, por horas e horas, ao poderem ser atendidas em uma UPA perto de casa?
Outro ponto importante é a educação. Estamos trabalhando a partir de uma situação crítica, após décadas de descaso. O nosso compromisso é melhorar o desempenho das escolas públicas do nosso estado no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). A nossa meta já para 2013 é que o Rio de Janeiro esteja entre os cinco melhores estados do país. Para alcançar esse objetivo, criamos um sistema de metas que já começou a ser aplicado, com avaliações bimestrais e ampliação de oportunidades para cursos de formação continuada e pós-graduação de professores. Tenho certeza de que o Rio de Janeiro de daqui a 10 anos será muito melhor do que aquele estado que recebemos em 2007, que estava quebrado, em decadência econômica e isolado politicamente. Avançamos muito e estamos no caminho certo para o Rio que queremos: um estado em paz, que se desenvolve, gera emprego e renda, e cuida cada vez melhor do seu povo.
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