De acordo com especialistas e empresários do setor de transportes, o fato de os leilões que concederão 7,5 mil quilômetros de rodovias à iniciativa privada terem o oferecimento da menor tarifa como critério de escolha não irá prejudicar os investimentos necessários por parte das empresas, pois o modelo de concessões anunciado pela presidenta Dilma Rousseff recompensará os empresários mais eficientes, capazes de modernizar as estradas cobrando o menor pedágio possível.

Segundo o plano do Governo Federal, os investimentos em rodovias e ferrovias, nos próximos 25 anos, vão ser de R$ 133 bilhões, dos quais R$ 79,5 bilhões serão gastos apenas nos primeiros cinco anos. Para as rodovias, o total será R$ 42 bilhões, dos quais R$ 23,5 bilhões deverão ser aplicados em cinco anos. Mesmo com a exigência de investimentos iniciais altos, o novo modelo entusiasmou os empresários.

O presidente do CNI (Confederação Nacional da Indústria), Robson Andrade, afirma que o sistema anunciado pelo Governo conseguiu aliar as melhorias na infraestrutura de transporte sem onerar o cidadão. “O grande diferencial desse modelo é permitir que se ofereça um serviço de melhor qualidade pelo menor preço possível”, diz Andrade.

A diferença no preço do pedágio pode ser sentida pelo consumidor. Um carro de passeio que viaja pela Rodovia Fernão Dias, que liga São Paulo a Belo Horizonte e foi concedida a um consórcio espanhol em 2007 pelo critério da menor tarifa, paga R$ 11,20. O mesmo veículo gasta R$ 39,70 para ir do Rio de Janeiro a São Paulo pela Via Dutra, leiloada no fim dos anos 1990 pelo critério do maior lance.

Já nas as ferrovias, o Governo escolheu outro modelo, de PPP (parcerias público-privadas). A construção de aproximadamente 10 mil quilômetros de trilhos caberá à iniciativa privada. Posteriormente, a estatal Valec comprará a capacidade de transporte das linhas férreas e as revenderá ao mercado em ofertas públicas.