O déficit de investimentos no setor rodoviário brasileiro chega a R$ 183 bilhões, principalmente na construção e pavimentação das estradas, que demandam R$ 144 bilhões. Somente 12% das rodovias do país, que representam 170 mil quilômetros, são pavimentadas. Esses dados constam de um trabalho sobre o setor feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ( Ipea ), intitulado "Rodovias Brasileiras: Gargalos, Investimentos, Concessões e Preocupações com o Futuro".

O estudo mostra que o governo optou por conceder trechos de rodovias à iniciativa privada e que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) contempla apenas 13% da demanda total, equivalente a R$ 22 bilhões.

"Cerca de 70% das obras do PAC tem algum tipo de atraso", disse Carlos Campos, coordenador de infraestrutura econômica do Ipea. O modal rodoviário é considerado vital para o transporte de cargas no país, respondendo por 61% do total nacional.

O estudo também indicou um alto percentual de concessões de trechos à iniciativa privada, 9% do total, equivalente a 14 mil quilômetros, diante de 2% da média mundial. São 51 contratos de concessão, 14 federais e 37 estaduais. A principal crítica do Ipea é em relação aos modelos de concessão praticados no Brasil. Existe uma diversidade de métodos que variam de Estado para Estado. Em São Paulo, as concessionárias vencedoras foram as que pagaram mais ao governo para explorar a rodovia. No Paraná e no Rio Grande do Sul, ganharam os consórcios que propuseram o maior programa de conservação por quilômetro, incorporando trechos sem cobrar pedágio.

Para o Ipea, o governo optou pelo regime de concessões por ser mais ágil transferir uma rodovia à iniciativa privada do que mantê-la sob conservação e ainda fazer obras de ampliação.