Infraestrutura
Valor Econômico
16/05/2013 12h01
Enquanto o governo cede na modelagem de outros leilões de infraestrutura para atrair mais concorrência, em aeroportos o interesse da iniciativa privada se mostra mais presente. Dos onze grupos que disputaram o último leilão do setor, ocorrido em 2012, todos têm empresas representantes dentre as interessadas na nova rodada de licitação. Pelo menos 20 companhias estudam os ativos e conversam nos bastidores para a disputa de Galeão (RJ) e Confins (MG), agendada para setembro.
Segundo o Valor apurou, a operadora americana de aeroportos ADC&HAS firmou parceria com a construtora brasileira Fidens para disputar a próxima rodada, repetindo o consórcio formado para o último leilão. As duas ficaram em terceiro lugar na corrida pelo aer
...Enquanto o governo cede na modelagem de outros leilões de infraestrutura para atrair mais concorrência, em aeroportos o interesse da iniciativa privada se mostra mais presente. Dos onze grupos que disputaram o último leilão do setor, ocorrido em 2012, todos têm empresas representantes dentre as interessadas na nova rodada de licitação. Pelo menos 20 companhias estudam os ativos e conversam nos bastidores para a disputa de Galeão (RJ) e Confins (MG), agendada para setembro.
Segundo o Valor apurou, a operadora americana de aeroportos ADC&HAS firmou parceria com a construtora brasileira Fidens para disputar a próxima rodada, repetindo o consórcio formado para o último leilão. As duas ficaram em terceiro lugar na corrida pelo aeroporto de Brasília (DF), com lance final de R$ 3,08 bilhões. As duas têm Confins como foco e ainda procuram um terceiro parceiro, ligado à área financeira.
A construtora Queiroz Galvão também planeja participar. Nos bastidores, já é dado como certo que ela se alie de novo à espanhola Ferrovial - que já definiu que vai participar do novo leilão no Brasil. A gigante italiana Atlantia, que tem rodovias no Brasil, também tem interesse em Galeão e Confins após a fusão com a compatriota Gemina (que controla o aeroporto de Roma). Outra interessada é a alemã Flughafen München, que estuda o mercado brasileiro.
Também já estão juntos o grupo alemão Fraport e a brasileira EcoRodovias. A Odebrecht deve se juntar à Changi, de Cingapura - embora a operadora asiática espere as regras definitivas para avaliar a participação. A CCR, que disputou a rodada anterior com a suíça Flughafen Zürich, está em busca de outro parceiro - que tenha experiência em aeroportos com mais de 35 milhões de passageiros ao ano (exigência mínima). Executivos da CCR já visitaram a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para comentar o processo.
Ainda há o consórcio entre Carioca Engenharia e GP Investimentos com duas operadoras estrangeiras. São elas a Schiphol, que administra o aeroporto de Amsterdã (na Holanda), e Aéroports de Paris (ADP, que administra ativos como o Charles de Gaulle). O grupo fluminense Libra é outra que tem interesse. No mercado, a gestora de recursos Advent também é citada, mas não comenta o assunto.
Fontes ligadas às empresas dizem que, nesta fase, quase todas as empresas conversam entre si. Mas, em geral, os grupos aguardam o edital definitivo para decidir sobre sua real entrada na disputa. Dentre os interessados, é citado um receio em relação às regras: o valor mínimo dos lances pela outorga - ou o que o concessionário paga para ter o direito da concessão. Caso o governo "exagere" na definição desse valor, a avaliação é que a concorrência poderia esfriar. É esperado, no entanto, que Galeão tenha o valor mínimo ainda maior que Guarulhos, o mais disputado na última rodada - o lance mínimo foi de R$ 3,4 bilhões e o terminal acabou sendo levado por R$ 16 bilhões. Já para Confins, é esperado valor mínimo semelhante ao de Brasília - que foi R$ 582 milhões e teve lance final de R$ 4,5 bilhões.
Além disso, o governo já anunciou regras mais rígidas em relação ao último leilão - o que deve restringir os concorrentes. Agora, o consórcio deve ser composto por um operador que administre um aeroporto com, no mínimo, 35 milhões de passageiros ao ano (experiência que só existe no exterior). No último leilão, essa exigência era de apenas 5 milhões. Além disso, esse operador deve ter ao menos 25% de participação na sociedade (antes era 10%). Esses apertos agradaram principalmente os grandes grupos, que já estavam em contato com os grandes operadores do mundo.
O fato de a estatal Infraero permanecer como sócia do aeroporto com 49% da sociedade de propósito específico da concessão, algo inicialmente visto com fortes receios, agora - de forma geral - é bem aceito. A estatal banca metade de todos os investimentos a serem liderados pela iniciativa privada, além de metade do lance de outorga oferecido no leilão. Da mesma forma, recebe proporcionalmente os dividendos gerados pelas concessionárias.
A questão que mais causa suspense dentre interessados é se o governo vai manter proibidos os vencedores do último leilão de disputarem a próxima rodada. O governo quer criar mais concorrência dentre terminais licitados à iniciativa privada. Mas como o impedimento envolve fundos de previdência (que ficaram com o controle de Guarulhos, via Invepar) o mercado considera que ainda pode haver uma brecha. Além de típicos investidores de longo prazo, os fundos (Previ, Funcef e Petros) têm relações próximas ao governo.
Conforme o Valor apurou, os três controladores de aeroportos leiloados em 2012 - Invepar (que arrematou Guarulhos), Triunfo (Campinas) e Engevix (Brasília) - têm interesse em disputar Galeão e Confins, mas estão à espera da definição do governo sobre o assunto. Contando as três vencedoras, o leilão já movimenta 20 interessados (Fidens, ADC&HAS, Queiroz Galvão, Ferrovial, Atlantia/Gemina, München, EcoRodovias, Fraport, Odebrecht, Changi, CCR, Carioca, GP, Schiphol, ADP, Libra e Advent, além de Invepar, Triunfo e Engevix). Somente Atlantia e Gemina não estavam envolvidas na última rodada.
No governo, os estudos feitos pela Estruturadora Brasileira de Projetos (EBP) foram recebido no fim da semana passada. A publicação do edital prévio (minuta) está agendada para o dia 24 de maio, quando inicia a audiência pública. Após 30 dias, os estudos serão encaminhados ao Tribunal de Contas da União (TCU) para avaliação. A previsão é que o edital definitivo seja publicado em setembro.
16 de abril 2020
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