Infraestrutura
DCI
07/06/2017 15h21 | Atualizada em 08/06/2017 11h59
Sem avanços nos investimentos em infraestrutura logística no País, a oferta de malha de qualidade é insuficiente para atender o setor de transporte. Se o cenário persistir nos próximos anos, a tendência é que o setor enfrente perdas financeiras ainda maiores provocadas pelo aumento dos custos logísticos.
De acordo com o Anuário CNT do Transporte 2017, divulgado ontem (01), um dos modais que evidencia melhor este problema é o rodoviário. Segundo a publicação, enquanto o volume de estradas pavimentadas chegava a 9,8% do total da malha rodoviária em 2001, em 2015 o percentual chegou apenas a 12,2%. "Por um lado temos uma malha que cresce de forma imperceptível e
...Sem avanços nos investimentos em infraestrutura logística no País, a oferta de malha de qualidade é insuficiente para atender o setor de transporte. Se o cenário persistir nos próximos anos, a tendência é que o setor enfrente perdas financeiras ainda maiores provocadas pelo aumento dos custos logísticos.
De acordo com o Anuário CNT do Transporte 2017, divulgado ontem (01), um dos modais que evidencia melhor este problema é o rodoviário. Segundo a publicação, enquanto o volume de estradas pavimentadas chegava a 9,8% do total da malha rodoviária em 2001, em 2015 o percentual chegou apenas a 12,2%. "Por um lado temos uma malha que cresce de forma imperceptível e que possui um percentual de trechos pavimentados muito pequeno, por outro o número de veículos nas estradas cresceu significativamente", destaca o diretor executivo da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Bruno Batista.
Embora a venda de veículos tenha sofrido nos últimos dois anos, por conta da crise econômica, na comparação entre 2001 a 2016, a frota de automóveis no Brasil cresceu 141,6%, a de ônibus 113,5% e a de caminhões 84,3%. Na mesma base, a malha rodoviária passou de 1,74 milhão de quilômetros para 1,72 milhão. Nos trechos pavimentados, o volume foi de 170,9 mil quilômetros para 210,6 mil quilômetros.
"Para completar o quadro, a qualidade da malha não melhorou. Na Pesquisa CNT de Rodovias 2016, 58,2% das estradas apresentavam algum tipo de problema e de lá para cá, a oferta de rotas não cresceu e não melhorou a qualidade", destaca.
O impacto da questão, de acordo com ele, é que no Brasil, em média, o acréscimo de custo desnecessário chega a 23% neste modal, conforme dados do estudo lançado no ano passado pela CNT. "Varia de região para região e em alguns locais chega a 70%, ou seja, quase dobra o custo e isso impacta diretamente o preço do frete", explica o executivo.
Além do custo com manutenção, Batista acrescenta que a falta de qualidade nas estradas chega a impactar no tempo de deslocamento, gasto com combustível, número de acidentes - o que gera uma perda social -, aumenta os custos com saúde pública decorrentes dos acidentes e afeta diretamente a competitividade de todo o País.
Nem com retomada
E os problemas não são exclusivos do modal rodoviário. No ferroviário, apesar do aumento no volume de carga transportada - que passou de 238,4 de toneladas por quilômetro útil (TKU) para 341,2 de 2001 para 2016 -, não houve ganho de malha. A explicação, de acordo com Batista, vem das concessões realizadas a partir de 1994 que visavam recuperar a operação das linhas ferroviárias, mas não previam em contrato investimentos em ampliação da infraestrutura. "Como reflexo tivemos aumento na movimentação de carga, sobretudo pelo tipo de produto que transporta, mas não vimos ganhos de extensão", explica.
Mesmo com uma série de anúncios de novas obras de infraestrutura ferroviária, como os citados no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado em 2007, o modal não teve avanço. "O resultado dos projetos dos últimos anos foram muitas obras inacabadas e hoje temos uma malha parecida com a que tínhamos há um século atrás", analisa Batista.
No transporte aquaviário e no aéreo, ele comenta que os gargalos também são sentidos. "Sem vias de acesso nos portos, você também tem perdas e aumento de custos, por exemplo. De maneira geral, é preciso que o País avance de forma mais rápida em melhorias nas condições em praticamente todas as modalidades", afirma.
Por isso, ele ressalta para a importância dos programas de parcerias com a iniciativa privada. "O governo deve passar por anos de aperto orçamentário e isso irá demanda maior participação da iniciativa privada. Por isso, também é importante que o governo encontre mecanismos que facilitem o investidor externo a ser mais ativo nas concessões. É possível destravar um pouco ", explica o executivo. De acordo com Batista, mesmo com a atual situação política e econômica, o País permanece interessante para o investidor estrangeiro pelo potencial de obras. "Eles buscam locais com espaço para obras públicas de grande porte. Se a gente comparar com a Europa, lá a necessidade é muito menor. Além disso, os projetos de infraestrutura têm um grande potencial para contribuir com a retomada econômica."
Exemplo disso é o investimento em infraestrutura aeroportuária. "É um modal que precisa de investimentos mais pontuais, mas mesmo assim mostra a capacidade da gestão privada", diz o executivo.
Um modal que pode ter mais dificuldade, mesmo com a iniciativa privada, segundo ele, é o rodoviário. "É necessário muita extensão e nem todas os trechos são rentáveis. Pelo volume de recursos necessários, o modal precisa de participação de aportes do governo", incrementa.
Outro desafio exposto por ele é o orçamento para obras de infraestrutura com foco em logística. "De 2012 para cá vem caindo e hoje temos praticamente metade do que era há cinco anos. Mesmo assim, às vezes é parcialmente aplicado. É necessário superar o problema gerencial contundente."
16 de abril 2020
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