Infraestrutura
Valor
05/05/2011 15h25 | Atualizada em 05/05/2011 18h54
Em mais de 30 anos como empresário do setor de construção, Walter Torre já havia ganho o adjetivo polêmico algumas vezes. Saiu na frente com alguns conceitos da construção, como o modelo de "build to suit" (construção sob medida), ousou na compra de terrenos e projetos (como o esqueleto da Eletropaulo, que hoje abriga o Complexo JK) e sempre foi reconhecido no mercado pela agressividade na tomada de dívidas e por operar sempre muito alavancado. Agora, no entanto, com a construção da Arena Palmeiras, Torre assume, definitivamente, o título de homem polêmico.
O empresário tomou a dianteira das discussões com a nova diretoria do clube e abraçou a disputa midiática que env
...Em mais de 30 anos como empresário do setor de construção, Walter Torre já havia ganho o adjetivo polêmico algumas vezes. Saiu na frente com alguns conceitos da construção, como o modelo de "build to suit" (construção sob medida), ousou na compra de terrenos e projetos (como o esqueleto da Eletropaulo, que hoje abriga o Complexo JK) e sempre foi reconhecido no mercado pela agressividade na tomada de dívidas e por operar sempre muito alavancado. Agora, no entanto, com a construção da Arena Palmeiras, Torre assume, definitivamente, o título de homem polêmico.
O empresário tomou a dianteira das discussões com a nova diretoria do clube e abraçou a disputa midiática que envolve a questão. Já esteve em programas esportivos de rádio e televisão para defender a Arena. Mas foi o microblog Twitter que o alçou à condição de celebridade. É pelo site de mensagens curtas que Walter Torre manda os seus recados à torcida - e à diretoria do Palmeiras, claro.
Até o Carnaval, Walter Torre tinha pouco mais de 25 seguidores no Twitter, incluindo família e amigos de seus filhos. Bastou postar uma foto do andamento das obras do Palmeiras - segundo ele, para mostrar aos amigos palmeirenses do filho - e o empresário conquistou em um dia mais de 3 mil seguidores. Ontem tinha 6,8 mil seguidores. Na madrugada de ontem, colocou uma foto com a nova aparência do estádio. Pronto. Em menos de 24 horas arrematou mais 1,4 mil seguidores. A partir de seu BlackBerry, muito informalmente - dificilmente usa ponto final - responde à perguntas de torcedores e escreve sobre o "sonho da Arena." Conta com a simpatia dos palmeirenses, que se manifestam a favor da construção da Arena - e da WTorre, consequentemente - nos blogs e sites de torcedores, que esmiuçam o assunto.
Torre - que, segundo pessoas próximas, nunca foi fã de futebol - gasta boa parte de seu tempo com o assunto. E, claro, diz que está virando palmeirense. Seu sócio, Paulo Remy, sempre torceu para o Palestra. Mas não é preciso mais do que alguns minutos de conversa para perceber que, gostando ou não de bola, foram contaminados pelo assunto. "É um grande projeto, o maior contrato da história do futebol brasileiro, um presente para os paulistanos", diz Torre, como se estivesse postando no twitter. Mas admite que enfrentar o componente da passionalidade não é nada fácil para um empresário.
Holofotes à parte, o fato é que o envolvimento tornou-se necessário. Trata-se de um projeto de R$ 330 milhões - que Torre arredonda para R$ 350 milhões - dos quais 50% serão financiados pelo Banco do Brasil. Para consegui-lo, Torre depende da assinatura definitiva da escritura de cessão de uso do solo. O empresário deu até amanhã para que a diretoria lavre a escritura sob pena de parar a obra. Em entrevista ao Valor, o presidente do Palmeiras, Arnaldo Tirone, disse que não vai ceder à pressões. A polêmica toda gira em torno de um seguro de performance, que garante a conclusão da obra por outra empresa em caso de problemas.
Segundo Torre, a companhia já investiu R$ 40 milhões na obra. Um dos prédios, com dois andares para a parte administrativa e quatro andares de esportes "indoor" está praticamente pronto. A fundação e escavação também estão prontas, diz. A estrutura metálica dos três prédios que serão construídas estão prontas para serem montadas no local.
O contrato prevê a concessão por 30 anos. O clube terá participação crescente na receita (e não no lucro ou prejuízo), de 5% a 25%. No caso dos camarotes, terá 20% da receita desde o início. A bilheteria continua com o Palmeiras. A arena terá um prédio-garagem, quatro grandes restaurantes e 26 lanchonetes, além da reforma de mais de 50% do clube - apenas a parte das piscinas ficou de fora. "O Palmeiras passa a ter receita adicional que nunca teve", diz Torre.
Recentemente, o projeto - que havia sido feito com protocolo da Fifa de 2010, foi refeito, considerando as normas de 2014, como se fosse ser usado para a Copa. Mais uma vez, Torre está envolvido pessoalmente para que a Arena - prevista para ficar pronta em 2013 - possa ser usada na Copa das Confederações. Torre e Remy estiveram com o Comitê da Fifa, Comitê da Copa de 2014 e com a Secretaria de Assuntos para a Copa do Governo do Estado de São Paulo.
Para um executivo do setor, além de toda a dor-de-cabeça, investir numa arena como essas é arriscado "porque é uma conta difícil de fechar". Na sua avaliação, depende do contrato com uma empresa de shows forte e um bom patrocinador. Segundo Torre, a receita bruta ficará em torno de R$ 150 milhões por ano.
A WTorre vive um momento mais tranquilo financeiramente. Após enfrentar uma situação financeira delicada em 2010 - com caixa baixo para dívida de curto prazo alta - o empresário vendeu parte dos ativos para o BTG Pactual, que também assumiu as dívidas da WTorre Properties. Com isso, Torre passou a ter 35% da maior empresa de "properties" (imóveis de renda) do Brasil, com ativos de R$ 5,3 bilhões. Essa empresa não esta envolvida na Arena. A parte que ficou com Torre reúne cerca de 30% dos ativos da WTorre, que somam R$ 1,3 bilhão - como terrenos e 50% do novo Shopping Iguatemi - e recebeu um reforço de caixa de R$ 380 milhões.
16 de abril 2020
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