Infraestrutura
DCI
06/08/2015 14h23 | Atualizada em 06/08/2015 22h23
O destino do Elevado Costa e Silva, construído há 46 anos, está novamente em discussão e sua demolição é um processo caro. Mas viável e válido, segundo especialistas. Para urbanistas ouvidos pelo DCI, a operação deve estar associada à implantação de uma nova ligação leste-oeste. Caso contrário, a região do entorno da via ficará sobrecarregada.
Segundo o arquiteto e urbanista Pedro Taddei, professor doutor aposentado da Universidade de São Paulo (USP), a demolição feita sem um planejamento viário para a região da Vila Buarque pode ser arriscada.
"Há trechos em que a demolição pode ser bem absorvida pela cidade. Mas alguns outros trechos não, como por e
...O destino do Elevado Costa e Silva, construído há 46 anos, está novamente em discussão e sua demolição é um processo caro. Mas viável e válido, segundo especialistas. Para urbanistas ouvidos pelo DCI, a operação deve estar associada à implantação de uma nova ligação leste-oeste. Caso contrário, a região do entorno da via ficará sobrecarregada.
Segundo o arquiteto e urbanista Pedro Taddei, professor doutor aposentado da Universidade de São Paulo (USP), a demolição feita sem um planejamento viário para a região da Vila Buarque pode ser arriscada.
"Há trechos em que a demolição pode ser bem absorvida pela cidade. Mas alguns outros trechos não, como por exemplo a confluência da Avenida São João com a Rua Amaral Gurgel, um cruzamento com malha viária central complexa que talvez pudesse ser substituída por uma obra enterrada", diz.
O urbanista ressalta que a operação exige um estudo cauteloso sobre a região. "Ao longo da Rua Amaral Gurgel o volume de tráfego talvez diminua com a demolição, mas as ruas que formam a malha viária da Vila Buarque ficariam obstruídas caso não haja uma alternativa viária", afirma Taddei, e explica que a demolição, associada à implantação de nova ligação leste-oeste poderia evitar o 'cataclismo' na Vila Buarque.
Nova via leste-oeste
Taddei defende a implantação do Plano de Inserção Urbana da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), do qual participou na elaboração. O plano foi feito em 2010, mas até agora não entrou em operação.
O chamado Tronco Metropolitano da Mobilidade Urbana - entre as estações Lapa e Brás - foi estudado separadamente, por ser um trecho de confluência com quatro linhas em operação (7, 8, 10 e 11). Nesse trecho, a proposta é fazer o enterramento das linhas e criar uma nova avenida ao longo de sua extensão, com aberturas viárias que fariam uma nova ligação leste-oeste.
A demolição do Minhocão apareceu como o subproduto do plano, uma vez que a ligação entre as duas regiões seria substituída. "Com a nova avenida, maior e mais extensa, o Minhocão seria substituído com vantagem", afirma Taddei. "Além disso, permitiria ligações para fora, o que o Minhocão não faz - conecta apenas com a Radial Leste", ressalta.
O urbanista afirma que o custo para a demolição da via é viável, principalmente se associado às obras do plano. "O Minhocão perderia sua razão de ser, então o custo de desmonte vale a pena e poderia ser incorporado ao custo de implantação".
As propostas de Taddei foram apresentadas no boletim mensal da Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FDTE).
Beatriz Peixoto
Demolir, criar parque ou manter: opções caras para o Elevado
São Paulo - A cidade de São Paulo ainda desconhece o destino que será dado ao Minhocão. Mas algo é certo: qualquer uma das atuais opções para a via - demolir, criar parque linear ou manter - custará caro para o cofre municipal.
Segundo o arquiteto e urbanista Pedro Taddei, o custo para desmontar o elevado seria alto, mas similar a outras obras urbanas já realizadas pela prefeitura. "O Minhocão é composto por vigas paralelas. É possível desmontar essas estruturas e aproveitar parte do material, que tem valor."
Parque linear
Uma das opções para o elevado é a criação de um parque linear na via. Taddei acredita que essa é uma "solução pobre", que iria eternizar um problema da cidade. "Além disso, o parque não dispensaria uma alternativa. Seria preciso uma via para substituir o tráfego de cima", afirma.
Taddei ressalta que o parque não iria garantir segurança e acessibilidade a seus visitantes. "Seria melhor desmontar o Minhocão e implantar um parque no chão, onde não teria esses problemas".
O urbanista Valter Caldana, diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie, também acredita que a criação de um parque linear não seria a melhor solução, e destaca o alto custo da obra. "A implantação de um parque não sairia a custo zero", afirma.
Uma iniciativa similar a essa proposta é o parque High Line, construído sobre uma antiga linha de trem elevada na cidade de Nova York (EUA). Taddei afirma que são propostas diferentes. "O High Line foi construído sobre galpões antigos, em espaço fechado. A vizinhança não estava prejudicada com aquele espaço e o trecho não é uma via de ligação."
Prevenção
Independentemente da decisão a ser tomada em relação ao Minhocão, sua manutenção preventiva é indispensável. "Deve ser feita em qualquer hipótese. Não fazê-la é brincar com fogo", afirma Taddei.
Segundo Caldana, nos próximos dez anos o elevado deverá passar por uma manutenção caríssima, devido aos mais de 1.500 pontos de infiltração que comprometem sua estrutura. "As três opções têm custo.Mas não fazer nada será caro, a manutenção deve ser feita."
16 de abril 2020
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