Infraestrutura
O Estadão
03/11/2016 00h00
A CCR não descarta a possibilidade de ficar fora do próximo leilão de aeroportos, que concederá à iniciativa privada os terminais de Fortaleza, Florianópolis, Porto Alegre e Salvador. Considerada grande candidata para o certame, em particular para a concessão do aeroporto de Salvador, na qual já anunciou repetidas vezes interesse, agora a companhia sinaliza que o projeto como está sendo desenhado pode não ser atraente.
Em entrevista ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o presidente da CCR, Renato Vale, indicou que, se mantidas as condições sinalizadas hoje, o grupo de concessões pode não disputar os ativos.
O executivo critica, por exemplo, o fluxo de passageiros divulgado até agora. Nas aprese
...A CCR não descarta a possibilidade de ficar fora do próximo leilão de aeroportos, que concederá à iniciativa privada os terminais de Fortaleza, Florianópolis, Porto Alegre e Salvador. Considerada grande candidata para o certame, em particular para a concessão do aeroporto de Salvador, na qual já anunciou repetidas vezes interesse, agora a companhia sinaliza que o projeto como está sendo desenhado pode não ser atraente.
Em entrevista ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o presidente da CCR, Renato Vale, indicou que, se mantidas as condições sinalizadas hoje, o grupo de concessões pode não disputar os ativos.
O executivo critica, por exemplo, o fluxo de passageiros divulgado até agora. Nas apresentações mais recentes do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, sinaliza-se com um crescimento histórico do tráfego de passageiros da ordem 9,27% no caso do aeroporto de Salvador, considerando dados a partir de 2003, e a projeção contida no mesmo gráfico aponta para uma estimativa de expansão de 4,55% ao ano de 2016 em diante. Mas a queda da demanda verificada nos últimos dois anos não aparece, salienta. Ou seja, o gráfico parte de uma base que já não é mais realidade após esse período de recessão.
Vale explica que no caso do aeroporto de Confins, em Minas Gerais, do qual a CCR é acionista, o volume de passageiros vem registrando queda desde 2015, consolidando uma redução de quase 18% de 2014 até agora. O movimento de passageiros nos aeroportos está diretamente ligado ao fluxo de caixa esperado e uma frustração na demanda pode derrubar a taxa interna de retorno da concessão. “Mesmo que essa taxa de crescimento futura se realize, teria cerca de 20% menos de receita na partida, então a taxa de retorno calculada pelo investidor nem de longe vai chegar.”
Vale também questiona se, na prática, o governo incluiu na nova modelagem para os aeroportos premissas mais realistas, como indicou que faria, tais como taxa de retorno mais elevada e custo financeiro maior. Sua suspeita se baseia no fato de que, para ele, o novo valor de outorga proposto parece pouco menor se comparado com o montante indicado pelo governo anterior. A outorga foi reduzida de R$ 1,490 bilhão para R$ 1,187 bilhão no documento mais recente. “A diferença não é muito importante”, avalia. “Não conheço o fluxo dessa modelagem, mas deve ter sido usado algo parecido com a versão anterior”, completa.
Segundo o executivo, dadas as atuais condições de mercado, um projeto de infraestrutura deveria ter taxa de retorno de pelo menos 14% a 15% para ser atrativa. “Mas depende do projeto, depende da condição”, pondera, indicando que a companhia pode enxergar oportunidades adicionais em algum ativo.
O presidente da CCR, Renato Vale, critica ainda a previsão de que o futuro concessionário, após vencer a licitação, já tendo desenhado seu plano de negócios, deverá fazer uma consulta sobre o projeto a interessados na obra, como companhias aéreas e fornecedores de serviços aeroportuários, que podem indicar alterações, a serem aprovadas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Com isso, os investimentos exigidos podem aumentar.
Por outro lado, Vale elogia alguns critérios incluídos na nova rodada de licitações de aeroportos, como a determinação de pagamento de ágio à vista, no momento da assinatura do contrato, juntamente com 25% do valor da outorga. “Isso vai afastar quem for muito aventureiro.”
Sozinha. Além do aeroporto de Salvador, a CCR tem interesse no aeroporto de Fortaleza, mas descarta a possibilidade de disputar as concessões do Sul. “Achamos que aeroporto, para ter algum sentido, precisa ter um viés de passageiros internacionais, que têm tarifas mais elevadas”, justifica.
Se decidir ir em frente, a CCR poderá fazer um voo solo e não trabalha atualmente com a possibilidade disputar os ativos em consórcio. “Achamos que não será necessário (fechar uma parceria)”, diz. Isso porque a companhia já teria conquistado experiência suficiente para atender às exigências do edital. Pelas regras já indicadas até agora, será exigido que o operador interessado tenha um mínimo de cinco anos de experiência em operação aeroportuária, tendo processado pelo menos 9 milhões de passageiros em um ano, para operar Salvador. Já no caso de Fortaleza, a exigência é de experiência mínima com operação de 7 milhões de passageiros anuais. “A BHAirport (concessionária de Confins) tem 10 milhões de passageiros por ano e também operamos Quito, que tem 7 milhões de passageiros/ano”, comenta.
Pelo menos outras nove operadoras aeroportuárias estão interessadas nos aeroportos da quarta rodada de privatizações. Além da parceira da CCR em Confins, a Zurich, que já acertou uma sociedade com Vinci Partners para essa nova disputa, estão no páreo, as espanholas OHL e Ferrovial, a alemã Fraport, a francesa Aéroports de Paris (ADP), a argentina Corporación América, as norte-americanas ADC & HAS e DFW Airport, e a alemã/canadense Avianlliance (ex- Hochtief).
Muitas dessas interessadas também mostram alguma preocupação com as condições finais do edital, que deve ser publicado em novembro. A estimativa do setor é de que o leilão dos aeroportos aconteça no primeiro trimestre do próximo ano.
16 de abril 2020
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