Infraestrutura
Agência T1
02/05/2013 12h06
O diretor-presidente da Siemens AG, SIE.XE -0.21% Peter Löscher, enfrentará pressão renovada para dissipar dúvidas sobre o desempenho da empresa quando apresentar, na quinta-feira, seu resultado trimestral em meio a um cenário de negócios desanimador na Europa.
A Siemens não é a única a enfrentar a fraqueza da demanda europeia por seus produtos, que vão de turbinas a gás e aparelhos auditivos a máquinas de lavar e motores industriais. Numa evidência de sua vulnerabilidade em relação à região, mais da metade dos pedidos e da receita do conglomerado no trimestre anterior veio de clientes baseados na Europa. O crescimento na Alemanha, o principal mercadoindividual da Siemens, também está desacelerando.
Muitos de seus concorr
...O diretor-presidente da Siemens AG, SIE.XE -0.21% Peter Löscher, enfrentará pressão renovada para dissipar dúvidas sobre o desempenho da empresa quando apresentar, na quinta-feira, seu resultado trimestral em meio a um cenário de negócios desanimador na Europa.
A Siemens não é a única a enfrentar a fraqueza da demanda europeia por seus produtos, que vão de turbinas a gás e aparelhos auditivos a máquinas de lavar e motores industriais. Numa evidência de sua vulnerabilidade em relação à região, mais da metade dos pedidos e da receita do conglomerado no trimestre anterior veio de clientes baseados na Europa. O crescimento na Alemanha, o principal mercadoindividual da Siemens, também está desacelerando.
Muitos de seus concorrentes europeus têm sustentado suas margens de lucro com cortes de custos, a venda de negócios com baixas margens e aquisições para ampliar sua exposição em mercados com melhores perspectivas.
Para a Siemens, há o risco de que a combinação do mal-estar econômico na Europa e novas baixas contábeis incluindo provisões para cobrir despesas ligadas a atrasos na entrega de trens de alta velocidade acabem eliminando os efeitos de sua própria campanha para cortar custos. Ela também põe em risco a previsão de Löscher de que a Siemens registrará um lucro entre 4,5 bilhões de euros (US$ 5,86 bilhões) e 5 bilhões de euros para o atual ano fiscal em suas principais unidades: equipamentos de energia, sistemas industriais, equipamentos médicos e infraestrutura.
A empresa informou na semana passada que faria uma baixa contábil de mais de 116 milhões de euros no seu segundo trimestre fiscal após não ter cumprido prazos de entrega de trens de alta velocidade para aEurostar, operadora do Channel Tunnel, e para o grupo ferroviário alemão Deutsche Bahn AG.
A Siemens já declarou que tem interesse em participar da licitação para o projeto de trem de alta velocidade no Brasil, mas representantes da empresa no país não quiseram comentar para este artigo.
As baixas contábeis do trimestre encerrado em março estão causando estragos adicionais na reputação da administração da empresa em relação à entrega de grandes projetos dentro do orçamento e no prazo.
As ações da Siemens acumulam queda de mais de 3% no ano, enquanto o índice DAX, da Bolsa de Frankfurt, que inclui companhias como o grupo químico Basf, a montadora BMW AG BMW.XE +0.27% e a fabricante de equipamentos e gases industriais Linde AG, LIN.XE +0.91% subiu 3,4%.
As principais concorrentes da Siemens fora da Alemanha na área de engenharia também tiveram melhor desempenho. A ação da suíça ABB Ltda., a principal concorrente da Siemens em equipamentos industriais e de energia, acumula alta de 8,7%. A da fornecedora de equipamentos de energia francesa Schneider Electric SA SU.FR -0.36% subiu 2,1% e a da Philips Electronics NV, PHG -0.83% que compete com a Siemens em equipamentos médicos e iluminação, subiu de 2%. A Invensys, empresa de engenharia do Reino Unido cuja unidade de trem foi comprada pela Siemens por 2,2 bilhões de euros no último mês de novembro, saltou este ano 14%.
“Seria decepcionante se a Siemens falhasse no cumprimento [da sua meta de lucro]“, disse Daniela Bergdolt, da associação de acionistas DSW, que representa cerca de um milhão de ações, ou 0,1%, do capital da Siemens. “Entendemos a piora do cenário econômico, mas esperávamos que a época de despesas relacionadas a atrasos de projeto tivesse ficado para trás”, disse Bergdolt.
Essa opinião é compartilhada por Peter Ott, da MainFirst Asset Management, que possui uma pequena participação na Siemens. A MainFirst reduziu sua participação nos últimos 12 meses, segundo dados da Bloomberg. “Os problemas recorrentes com os trens de alta velocidade na verdade não deviam acontecer”, disse Ott. A Siemens afirmou que subestimou a complexidade da encomenda.
A expectativa de lucro da Siemens para o ano parece cada vez mais ambiciosa, afirmaram analistas do J.P. Morgan JPM -2.17% Cazenove e do Deutsche Bank DBK.XE +6.11% em relatórios recentes.
A área de trens de alta velocidade não é a única que causa preocupação: no ano passado, a Siemens fez provisões de 570 milhões de euros relacionadas a dificuldades de conectar turbinas de energia eólica em alto-mar a redes de transmissão.
Em 2012, a empresa também colocou à venda sua unidade de energia solar, mas informou que teve dificuldade para encontrar compradores. Se a Siemens for obrigada a colocar de volta a unidade em seu balanço, ela pode sofrer uma mordida adicional de 300 milhões de euros no seu lucro, segundo o analista Michael Hagmann, do HSBC HSBA.LN +0.57% Trinkaus. A Siemens comprou a empresa israelense Solel por mais de US$ 400 milhões em 2009 e adquiriu uma participação na italiana Archimede Solar, mas o negócio não cumpriu as expectativas devido à forte concorrência e à queda de preços.
Para Ott, da MainFirst, as dificuldades no negócio de energia solar da Siemens são evidências de um problema mais amplo de identificar tendências de crescimento de longo prazo com antecedência suficiente para então investir de forma inteligente para colher os benefícios.
“A Siemens demora um pouco demais para se posicionar com relação a grandes tendências”, disse ele, citando o negócio de energia solar e o reagrupamento das divisões de transporte, equipamentos de construção e bens de serviço na unidade de “infraestrutura e cidades”, projetada para se beneficiar da tendência global de longo prazo de maior urbanização. As margens da unidade continuam menores do que as das divisões com melhor desempenho.
A Siemens anunciou em novembro que quer reduzir os custos globais do grupo em 6 bilhões de euros com um novo programa de eficiência que prevê cortar vários milhares de postos de trabalho em sua unidade de equipamentos industriais e de tecnologia, incluindo 1.700 funcionários de vendas e mais de 1.000 empregos nas suas fábricas.
Analistas dizem que a Siemens provavelmente apresentará lucro operacional líquido de 1,1 bilhão de euros no segundo trimestre fiscal. Eles preveem que para o ano fiscal que se encerra em setembro esse valor chegue a 4,85 bilhões de euros.
A Siemens afirma que o lucro das suas operações contínuas é a melhor medida para avaliar o seu desempenho.
A empresa se recusou a fazer comentários para esta matéria, já que está no período de silêncio que antecede a divulgação de resultados.
16 de abril 2020
16 de abril 2020
Av. Francisco Matarazzo, 404 Cj. 701/703 Água Branca - CEP 05001-000 São Paulo/SP
Telefone (11) 3662-4159
© Sobratema. A reprodução do conteúdo total ou parcial é autorizada, desde que citada a fonte. Política de privacidade