Infraestrutura
DCI
11/02/2016 11h00
Enquanto o varejo de material para construção apresentou recuo de 5,8% nas vendas ano passado, os atacadistas e distribuidores encontraram na união uma forma de se fortalecer mesmo na recessão. Através de parcerias para comprar da indústria ou logística casada com outras empresas, a solução rendeu ganhos 15% maiores aos empresários.
"A união de empresários para buscar preço ou diminuir os custos é algo comum no varejo alimentício, e vem ganhando força em outros setores", afirmou o especialista em varejo e professor da Universidade de São Paulo, Marcelo Carvalho.
A opinião do acadêmico vem em linha com as ações do mercado. Um exemplo disso, é o chamado G8, rede de empresas atacadistas de material de construção não concorre
...Enquanto o varejo de material para construção apresentou recuo de 5,8% nas vendas ano passado, os atacadistas e distribuidores encontraram na união uma forma de se fortalecer mesmo na recessão. Através de parcerias para comprar da indústria ou logística casada com outras empresas, a solução rendeu ganhos 15% maiores aos empresários.
"A união de empresários para buscar preço ou diminuir os custos é algo comum no varejo alimentício, e vem ganhando força em outros setores", afirmou o especialista em varejo e professor da Universidade de São Paulo, Marcelo Carvalho.
A opinião do acadêmico vem em linha com as ações do mercado. Um exemplo disso, é o chamado G8, rede de empresas atacadistas de material de construção não concorrentes que busca desenvolver processos colaborativos para o aprendizado coletivo e desenvolvimento de negócios conjuntos.
Inicialmente com oito empresários, hoje o grupo soma dez atacadistas, que se reúnem mensalmente para debater as dificuldades e oportunidades da operação. "O crescimento do G8 ficou acima da média do setor atacadista de material de construção e muito acima do setor de construção como um todo no ano de 2015", cravou o sócio da Agenttia, empresa especializada em redes de distribuição, Guilherme Tiezzi.
Na visão do executivo, a estrutura do G8 faz parte de uma tendência de crescimento de atacadistas regionais e especializados. "Ano passado crescemos 10%, na contramão de outros setores do varejo."
Para este ano, a expectativa é avançar 11,5% o faturamento das empresas, chegando a R$ 1,69 bilhão. "Hoje, o grupo atua em quase todo o território nacional, com mais de 3 mil cidades atendidas e, a maioria delas, com entregas semanais", detalhou Tiezzi ao DCI, lembrando que os membros do grupo não são concorrentes diretos nos estados onde atuam.
Atualmente, o G8 é composto pelas empresas, Comercial Rofe (MA), ConstruJá (SP), Diferpan (RS), King Ouro (RJ), Lopes (MS), Maia (CE), Mercante (BA), Nova casa (GO), Ótima Atacado (ES) e Veneza (PE).
Força coletiva
Membro do coletivo, Fabiano José Lopes, presidente da Distribuidora Lopes, conta que a empresa faturou R$ 100 milhões ano passado, aumento de 8,5% sobre 2014, e o plano é crescer 15% este ano, apoiado na redução de custos e otimização da operação. "O exemplo mais significativo [de vantagem na entrada do G8] foi na gestão de custos por funcionário. No geral, conseguimos alcançar uma diminuição de 15% nos nossos custos fixos", afirmou o executivo.
Entre os desafios que os dez empresários do coletivo devem enfrentar este ano, a queda nas vendas de imóveis, o crédito escasso e a inflação nos insumos são os mais preocupantes. "A tinta, por exemplo, subiu na faixa de 12%, e o aumento em tempos recessivos a gente sente bastante. Produtos importados também subiram na faixa de 30% a 40%", explicou ele, citando o câmbio e o custo da energia como vilões para o dado registrado nesse começo de ano.
Outras iniciativas
Quem também encontrou na união com outros empresários a fórmula para conseguir ser mais competitivo foi um grupo de comerciantes que atuam na região do Gasômetro, na capital paulista. Por meio de orientações do Sebrae, 15 pequenos e médios lojistas de acessórios para casa conseguiram negociar direto com a indústria, e conseguiram preços bem mais baixos. "Com um volume de compra maior, conseguimos passar para o consumidor produtos com preços até 15% menores", disse o diretor da Loja Rossetta, Sérgio Rossetta.
A loja, aberta há mais de quarenta anos, enfrentava um período de concorrência desleal com as grandes varejistas de material de construção. "Era impossível bater os preços das gigantes, que possuem mais de 30 lojas", explica.
Com união a outros 14 empresários, diz ele, a conversa com a indústria foi muito melhor. "Em alguns casos, em função da ociosidade da indústria, conseguimos preços até 20% menores", comemora.
Com duas unidades em operação, sendo uma no Gasômetro e uma em Guarulhos (SP), a varejista Serve Peças também passava por um período difícil. "Antes de começarmos a comprar juntos, eu estava considerando fechar uma das lojas e centralizar a operação no Gasômetro", disse o sócio da empresa, Frederico Hupffauer.
Com dois pedidos emplacados à indústria desde setembro, a expectativa é que o movimento no Gasômetro ganhe um fôlego este ano, em função dos preços. "Muita gente que comprava nas grandes redes o fazia pela comodidade. Agora, com o bolso apertado, nossos produtos voltam ao radar, porque os preços estão realmente mais convidativos", explicou.
Tendência de mercado
A iniciativa do G8, tal como a dos empresários do Gasômetro, é uma alternativa importante para o mercado em tempos de recessão. Para Carvalho, da USP, a estratégia é boa também para outras áreas. "Com a diminuição da importação e o avanço da dependência da indústria nacional, é mais rentável comprar junto", disse.
Entre os setores com potencial de compras conjuntas, ele cita o têxtil e até o eletrônico. "Sempre pensando nos pequenos empresários, com até duas unidades em operação", cita.
Aos empresários que preferem atuar sozinhos, uma alternativa citada pelo acadêmico é oferecer parcerias com a indústria. "Hoje, o industrial tem interesse em atuar no ponto de venda. No ramo de tintas, por exemplo, a briga das principais indústrias é alta, e oferecer exclusividade de uma marca pode ser uma solução inteligente", finalizou o professor.
16 de abril 2020
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