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ANTT defende sincronia entre os diversos modais no Brasil

Empresas afirmam, porém, que para atingir a sincromodalidade é necessário a revisão de tributos, investimentos em infraestrutura básica e melhoria nos acessos às cidades

Folha de S.Paulo

28/10/2015 07h32


A integração dos transportes brasileiros - rodovias, hidrovias, ferrovias ou aéreo - ainda é um sonho distante. Sem completar esse processo, chamado intermodalidade, o governo estuda, com apoio da União Europeia, outra inovação: a sincromodalidade. Para especialistas, o País precisa investir na infraestrutura básica antes de tentar novos voos.

O processo de sincromodalidade consiste em, além de integrar os diversos modais, em organizar para que a mudança de um para outro aconteça de maneira sincronizada, com o objetivo de elevar a eficiência. "O conceito de sincromodalidade diz respeito à modalidade em tempo, à multimodalidade sincronizada, ou seja, de maneira que o transporte seja mais efetivo", disse o superintendente-executivo

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A integração dos transportes brasileiros - rodovias, hidrovias, ferrovias ou aéreo - ainda é um sonho distante. Sem completar esse processo, chamado intermodalidade, o governo estuda, com apoio da União Europeia, outra inovação: a sincromodalidade. Para especialistas, o País precisa investir na infraestrutura básica antes de tentar novos voos.

O processo de sincromodalidade consiste em, além de integrar os diversos modais, em organizar para que a mudança de um para outro aconteça de maneira sincronizada, com o objetivo de elevar a eficiência. "O conceito de sincromodalidade diz respeito à modalidade em tempo, à multimodalidade sincronizada, ou seja, de maneira que o transporte seja mais efetivo", disse o superintendente-executivo da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Fabio Rogerio Carvalho.

O processo de multimodalidade no País, que ainda engatinha, vem sendo cobrado por empresários e entidades há quase duas décadas. "Esse assunto é articulado desde 1998 e ainda enfrenta resistência para aprovação em Brasília", disse ao DCI o consultor e professor de processos logísticos da Universidade Federal do ABC (UFABC), Cesar Andrade Brandão.

Na contrapartida, Carvalho explica que o processo é importante, e a iniciativa tem participação também do Ministério do Planejamento, com o fim de permitir que técnicos possam aprender a partir da experiência europeia, que é referência nesse tipo otimização de processos.

Para o professor da UFABC, aprender com os europeus pode ser altamente vantajoso, mas é preciso fazer a lição de casa. "Ninguém tem uma intermodalidade tão eficiente quanto a União Europeia. Mas há por lá uma infraestrutura invejável em portos, aeroportos, ferrovias e rodovias", argumentou.

Custo Brasil

De acordo com o diretor executivo da Associação Brasileira dos Operadores Logísticos (Abol), Cesar Meireles, a construção de um sistema automático - como o da sincromodalidade - pode determinar o melhor transporte para cada trecho. "A sincromodalidade europeia é de extrema eficiência. O que eles utilizam entre países, nós podemos colocar em um país com a nossa dimensão. Mas, para isso, devemos investir em infraestrutura. Este ano quase não tivemos concessões. Precisamos crescer 4% ao ano no rodoviário e hoje fazemos bem menos".

O executivo também aponta o investimento em tecnologia e capacitação como imprescindíveis para atingir a sincronia na logística. "Devemos repensar o acesso da carga na cidade. Se conseguirmos fazer isso em horário noturno, por exemplo, conseguimos melhorar o fluxo na cidade. O órgão público deve pensar como um gestor de logística porque isso impacta a vida das pessoas e a mobilidade urbana".

Um exemplo citado por ele são os bolsões de carga em Nova York (EUA), que são colocados em vários pontos da cidade. "Durante a noite, a carga é levada a esses locais e pela manhã entregadores em bicicletas e carros elétricos realizam a distribuição", ressalta.

Apesar da infraestrutura deficitária, e pouco investimento público, Meireles ressalta que o País conseguiu economizar R$ 68,37 bilhões ano passado, através de ações de eficiência logística. Em 2014, o setor movimentou R$ 694 bilhões. "Com as operações interligadas, o ganho seria ainda maior para o mercado", pontua o executivo.

Desafios

Mesmo com perspectivas positivas para o futuro, o setor ainda tem gargalos estruturais para operar no Brasil. Para Meireles, um dos principais desafios para operação é a carga tributária. "Com o recolhimento do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), as cargas passeiam pelo País para conseguir um menor custo de tributário para o cliente. No entanto o resultado é a degradação prematura de estradas e veículos, além de poluição".

Quem também destaca a disparidade dos impostos como um dos maiores gargalos da logística é o diretor superintendente da Tquim, Walter Almeida. Segundo o executivo, a regulamentação excessiva, e variável de município para município, estrangula o operador logístico. "Na cidade de São Paulo, por exemplo, precisamos do LETPP [Licença Especial de Trânsito de Produtos Perigosos] para rodar. Esse ano, a taxa subiu 500% e eu, que pagava R$ 16 mil ao ano, vou pagar R$ 80 mil", desabafou Almeida.

O executivo explicou ainda que a atuação como operador logístico começou este ano, quando a empresa - especializada no transporte de materiais químicos - fez um investimento de R$ 4 milhões em um armazém geral em São Bernardo do Campo (SP). Com o aporte, a empresa pretende elevar a produtividade e crescer 10% o faturamento este ano. "A decisão de virar um operador aconteceu há alguns anos. Esperamos para escolher o local ideal, que atendesse ossos clientes e tivesse saídas para o litoral e interior".

O gerente comercial da Intecom Logística, Rodrigo Boniaris, acredita que depois da qualidade das estradas, a questão tributária é um grande empecilho. "Tem uma lista de tributos por regiões que encarecem o meu custo. Com relação ao ICMS o impacto é indireto, mas existe", analisa o executivo.

Boniaris afirma ainda que, para conseguir reduzir custos e otimizar os processos, a Intecom investiu em mais de R$ 1 milhão em consultoria e sistemas. "Estamos nos preparando para enfrentar um ano mais difícil em 2016 e ganhar mais competitividade", revelou.

Segundo o executivo, o número de orçamentos está maior, assim como as opções passadas aos clientes. "Hoje as pessoas estão priorizando o nível de serviço pelo custo. Analisam mais o custo benefício de uma carga demorar um pouco mais em chegar", explica.

A expectativa do faturamento da empresa era aumentar entre 20% e 25%, mas com a instabilidade econômica o valor ainda deve ser revisto.

 

 

 

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