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Revista GC - Ed.23 - Jan/Fev 2012
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Especial Rio de Janeiro

TransCarioca mobilizará cerca de R$ 1,6 bilhão

Projetado para ligar a Barra da Tijuca até o Aeroporto Internacional Tom Jobim/Galeão, na Ilha do Governador, o BRT TransCarioca será, de acordo com Eduardo Fagundes, gerente de obras viárias da Secretaria Municipal de Obras do Rio de Janeiro, o primeiro corredor de alta capacidade a cortar a cidade no sentido transversal. A estimativa da prefeitura é de que o sistema atenda à demanda de transporte de 400 mil passageiros/dia. O custo do empreendimento é avaliado em cerca de R$ 1,3 bilhão, bancado com recursos próprios do tesouro municipal, com financiamento do Governo Federal.

Com o sistema, composto por corredor de 41 quilômetros de extensão, em duas faixas de tráfego segregadas, com piso rígido (em concreto) e 48 estações, o TransCarioca permitirá reduzir em mais de 60% o tempo gasto no trajeto entre a Barra da Tijuca e a Ilha do Governador. O projeto original era de 28 km entre a Barra e a Penha, porém, a Casa Civil da Presidência da República condicionou a liberação do empréstimo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) à prefeitura à extensão do projeto até o


Projetado para ligar a Barra da Tijuca até o Aeroporto Internacional Tom Jobim/Galeão, na Ilha do Governador, o BRT TransCarioca será, de acordo com Eduardo Fagundes, gerente de obras viárias da Secretaria Municipal de Obras do Rio de Janeiro, o primeiro corredor de alta capacidade a cortar a cidade no sentido transversal. A estimativa da prefeitura é de que o sistema atenda à demanda de transporte de 400 mil passageiros/dia. O custo do empreendimento é avaliado em cerca de R$ 1,3 bilhão, bancado com recursos próprios do tesouro municipal, com financiamento do Governo Federal.

Com o sistema, composto por corredor de 41 quilômetros de extensão, em duas faixas de tráfego segregadas, com piso rígido (em concreto) e 48 estações, o TransCarioca permitirá reduzir em mais de 60% o tempo gasto no trajeto entre a Barra da Tijuca e a Ilha do Governador. O projeto original era de 28 km entre a Barra e a Penha, porém, a Casa Civil da Presidência da República condicionou a liberação do empréstimo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) à prefeitura à extensão do projeto até o Aeroporto do Galeão, pois estudos mostravam que o acréscimo faria o sistema atender mais 100 mil usuários por dia.

Além das 48 estações, o sistema terá várias obras de arte especiais, tais como pontes, “mergulhões” e viadutos. Várias pistas serão alargadas para permitir a passagem da canaleta segregada e muitas das áreas adjacentes ao sistema serão reurbanizadas.

Para efeito de execução das obras, o traçado foi dividido em dois lotes. O Lote 1, com 28 km de extensão (do Terminal Alvorada, na Barra da Tijuca, à Penha), com 36 estações, ficou a cargo do consórcio composto pelas construtoras Andrade Gutierrez e Delta. O segundo lote, com 13 km de extensão (da Penha ao aeroporto) e 12 estações, ficou com as construtoras OAS e Carioca. Atualmente, essa parte do projeto está em fase de licenciamento ambiental e desapropriações. Segundo a Secretaria Municipal de Obras (SMO), a construção dos dois lotes será concluída em três anos.

As obras do Lote 1 foram iniciadas em março de 2011. Para se ter uma ideia da grandeza do projeto, só para a construção do pavimento da via segregada e das obras de arte do primeiro lote estão sendo consumidos diariamente, em média, 500 m3 de concreto por dia, o equivalente a mais de 50 betoneiras com capacidade para 10 m3 de capacidade, cada. Para produzir todo esse concreto, o consórcio Andrade Gutierrez/Delta instalou, no canteiro de obras localizado na Barra da Tijuca, uma usina de concreto de cerca de 800 m3/dia, além de uma linha de produção de pré-moldados

O traçado

De acordo com o engenheiro Gustavo Parente, gerente da engenharia do projeto, o Lote 1 já tem cerca de 21% das obras executadas. “A nossa prioridade foi iniciar as intervenções pela construção das obras de arte. Começamos a construir os mergulhões da Barra, a ponte estaiada, o viaduto de Madureira e o mergulhão de Campinho. Nossa programação é entregar o viaduto de Madureira e o mergulhão de Campinho, bem como o terminal alvorada, em maio de 2012”, assegura.

O traçado começa no Terminal Alvorada, na Avenida das Américas, Barra da Tijuca, onde fica hoje uma grande estação de embarque para ônibus urbanos convencionais. Nesse ponto está sendo construído um novo terminal para os biarticulados, onde haverá a interseção entre o TransOeste e o TransCarioca. Além da estação, prosseguem as obras dos dois mergulhões sob a Avenida das Américas, sendo um para acesso dos ônibus especiais biarticulados e para a circulação dos veículos particulares.

A partir do Terminal Alvorada, a faixa de domínio do corredor prossegue pela Avenida Airton Sena, onde está sendo construído outro mergulhão. De lá, o traçado continua até a Avenida Abelardo Bueno, onde avança as obras para a construção da ponte estaiada para transposição da Bacia de Jacarepaguá, com cerca de 300 metros de extensão total e 250 metros de vão livre, foras as alças e vias de acesso.

Trata-se de uma obra de engenharia de grande complexidade, concebida para preservar a fauna e flora nativas. No local é comum o avistamento de capivaras e até jacarés. As obras estão sendo realizadas em cima de um brejo, o que exige tratamento especial do solo e fundações bem dimensionadas, antes do lançamento das estruturas superiores.

João Casagrande, diretor da Casagrande Engenharia, responsável pelo cálculo estrutural e projeto das fundações, conta que a complexidade desse desafio de engenharia exigiu a dedicação em tempo praticamente integral de dois consultores geotécnicos.

As obras da ponte começaram em outubro de 2011, com o reforço do solo, em argila mole. Em seguida veio o cravamento das estacas e a concretagem dos blocos, com mais de três metros de largura e armação bem pesada, que vão receber a ancoragem da ponte (os estais) e os mastros principais, que por sua vez terão até 48 metros de altura.

A ponte terá quatro faixas de rolamento, sendo duas para os carros e duas para os ônibus articulados do BRT.

Entre o mastro principal e o mastro de ancoragem terá a pista de retorno dos veículos.

Mas não foi só na área onde ficará a ponte estaiada que foi encontrado solo pouco favorável. “Em vários trechos do traçado, o solo é tão ruim que nós tivemos de fazer o estaqueamento antes do lançamento do pavimento da pista do corredor”, revela João Casagrande.

Ainda na Avenida Abelardo Bueno, a construção do BRT exigiu a construção e adequação de pontes sobre o Arroio Pavuna.

Ao longo da Estrada Coronel Pedro Correia, seguindo até o final da Estrada dos Bandeirantes serão construídas 10 estações. Desse ponto, a via segregada prossegue pela Rua Cândido Benício e Avenida Nelson Cardoso, em Jacarepaguá, o TransCarioca chega ao Largo do Campinho, onde está sendo construído mais um mergulhão, com 450 metros de extensão, que abrigará uma estação de embarque. Ele terá duas pistas com três faixas de trânsito cada uma, duas para os carros e uma para os ônibus articulados.

O mergulhão de Campinho terá a função de eliminar o cruzamento da Estrada Intendente Magalhães, via da cidade do Rio de Janeiro, que liga o bairro de Campinho a Vila Valqueire, com as ruas Cândido Benício, Domingo Lopes e Ernani Cardozo, o que vai possibilitar a eliminação de semáforos, melhoria de tráfego tanto para os ônibus especiais quanto para os carros particulares.

Do Campinho o traçado prossegue pela Avenida Ministro Edgar Romero, no bairro de Madureira, onde está sendo realizada a duplicação do Viaduto Negrão de Lima. Nesse ponto, onde será construída a estação de Madureira, na qual haverá integração com o sistema de trens metropolitanos. Lá as obras também seguem em ritmo acelerado. Já foram realizados os lançamentos de vigas e pré-lages do viaduto, como pilares de até 10 metros de altura.

O corredor continua pela Avenida Ministro Edgard Romero. Sobre a Linha 2 do Metrô-RJ, em Vicente de Carvalho, será construído um binário. O sistema prossegue em direção à Penha, passando pelo Viaduto João XXIII, que será  reabilitado.

Assim como a ponte estaiada, os mergulhões que estão sendo construídos no primeiro lote, pelo método cut and cover, têm cálculo estrutural da Casagrande Engenharia. Para o trecho estão previstas ainda as construções de várias pontes e viadutos menores.

Uma grande dificuldade no andamento das obras, segundo a equipe técnica do consórcio construtor, é o grande numero de interferências, nas regiões de alta concentração populacional, agravado pela falta de um mapeamento confiável da localização das redes de distribuição de água, gás, eletricidade e telecomunicações.

Segundo lote

O segundo lote terá 11 quilômetros de extensão, prevendo a construção de cinco obras de arte: viaduto sobre linha férrea, em Olaria, viaduto sobre Avenida Brasil, viaduto estaqueado sobre o Canal do Cunha e Linha Vermelha, ponte sobre Baía de Guanabara (ligação Fundão/Ilha do Governador) e viaduto sobre Estrada do Galeão. O trajeto tem início no Largo da Penha, seguindo pela Rua Monsenhor Alves Rocha, Rua Ibiapina, Rua Uranos, Avenida Brigadeiro Trompovski, um binário (na altura do Fundão) pelas avenidas Um e Vinte e Quatro, seguindo pela Av. Vinte e Nove, Estrada do Galeão e Rua 20 de Janeiro.

Segundo informações da Secretaria Municipal de Obras do Rio de Janeiro, atualmente, o projeto do segundo lote passa por adequações que evitaram mais desapropriações no local, atendendo às necessidades para concessão da Licença de Instalação emitida pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Com isso, o TransCarioca teve um trecho direcionado para a Rua Uranos (onde há 220 imóveis vazios), e passará pela linha férrea em viaduto, seguindo pela Rua Emilio Zaluar, Avenidas dos Campeões, Postal e Teixeira de Castro até a Avenida Brasil, pela Avenida Brigadeiro Trompovski.

 

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