De acordo com um levantamento feito pela empresa de consultoria KPMG, em janeiro de 2010, o consumo de energia elétrica no Brasil crescerá a uma taxa média anual entre 4% e 4,5% até 2020. Para fazer frente a esses níveis de consumo, os investimentos no setor devem ser da ordem de US$ 10 bilhões por ano, permitindo ao País alcançar uma capacidade de geração de energia de 152 GW (gigawatts) em uma década.
Para suprir tal necessidade, importantes obras no setor de Energia Elétrica já estão em andamento pelo PAC, do governo federal, por todo o País. São usinas hidrelétricas de grandes capacidades, usinas térmicas, eólicas e também nucleares. Uma das maiores obras é a Usina Hidrelétrica de Estreito, situada na divisa do Maranhão com Tocantins. Iniciada em fevereiro de 2007, o empreendimento está em fase adiantada de construção, com mais de 70% das obras civis executadas. Emprega atualmente cerca de 9 mil homens, 80% destes da região, e a previsão é de que a primeira unidade, dos oito grupos turbo geradores de energia, comece a operar ainda no final deste ano.
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De acordo com um levantamento feito pela empresa de consultoria KPMG, em janeiro de 2010, o consumo de energia elétrica no Brasil crescerá a uma taxa média anual entre 4% e 4,5% até 2020. Para fazer frente a esses níveis de consumo, os investimentos no setor devem ser da ordem de US$ 10 bilhões por ano, permitindo ao País alcançar uma capacidade de geração de energia de 152 GW (gigawatts) em uma década.
Para suprir tal necessidade, importantes obras no setor de Energia Elétrica já estão em andamento pelo PAC, do governo federal, por todo o País. São usinas hidrelétricas de grandes capacidades, usinas térmicas, eólicas e também nucleares. Uma das maiores obras é a Usina Hidrelétrica de Estreito, situada na divisa do Maranhão com Tocantins. Iniciada em fevereiro de 2007, o empreendimento está em fase adiantada de construção, com mais de 70% das obras civis executadas. Emprega atualmente cerca de 9 mil homens, 80% destes da região, e a previsão é de que a primeira unidade, dos oito grupos turbo geradores de energia, comece a operar ainda no final deste ano.
O projeto está a cargo do Consórcio Estreiro Energia (Ceste) – formado pelas empresas Tractebel Energia, subsidiária do Grupo Suez, que possui 40,07% de participação; Vale do Rio Doce (30%), Alcoa (25,49%) e Camargo Corrêa (4,44%) – detentor da concessão para uso de bem público para a construção e operação da UHE Estreito. Com uma capacidade de geração de energia de 1.087 MW, suficiente para abastecer uma cidade de 4 milhões de habitantes, a UHE demandará investimentos na ordem de R$ 3,6 bilhões. Durante toda a fase de implantação, o consórcio estima a geração de cerca de 10 mil empregos diretos e 25 mil indiretos, totalizando 35 mil postos de trabalho. Atualmente, 80% dos trabalhadores são dos estados do Maranhão e Tocantins.
Para o presidente do consórcio, José Renato Pontes, a UHE Estreito é uma construção estratégica para todas as empresas que participam da obra, com importância ímpar na garantia de energia para todo o País, pela rede de transmissão.
Marco: o desvio do rio Tocantins
A Usina de Estreito está localizada ao norte do Tocantins e sudoeste do Maranhão. O canteiro de obras tem 1,3 mil hectares, e o ponto mais baixo chega a 56 m de profundidade. O barramento fica entre os municípios de Palmeiras do Tocantins e Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA), e, para isso, foi necessário o desvio do rio Tocantins, concluído no final de setembro de 2009, antes do período das chuvas, o que se tornou o marco da construção da usina.
“Este foi, sem dúvida, um dos maiores desafios do projeto. Caso essa etapa não fosse concluída durante a janela hidrológica, o consórcio poderia ter problemas por causa do regime de chuvas e até mesmo perder um ano de geração”, diz José Renato Ponte.
Na margem esquerda do rio, já se observa o Vertedouro, que possui 14 vãos, e cujas obras civis foram concluídas no tempo recorde de 10 meses. O rio foi desviado por seis vãos rebaixados e foram utilizados 442 mil m³ de concreto. Como a usina irá operar a fio d’água, o regime de vazões do rio não será afetado, no entanto.
A Casa de Força, onde se dará a geração de energia elétrica, e a tomada d’água, que começaram a ser erguidas na margem direita após o desvio do rio, irá abrigar oito turbinas tipo Kaplan com rotor de 9,5 m e cinco pás, cada uma com 138 kW. A potência total instalada é de 1.087 MW. O fornecimento das turbinas, bem como de um conjunto de soluções tecnológicas na área de geração de energia, está a cargo do Consórcio Fornecedor (Ceme), liderado pela Voith Hydro. De acordo com Luiz Gabelini, diretor do Consórcio, Ceme, fazem parte do escopo do contrato o fornecimento de reguladores de velocidade, transformadores elevadores e disjuntor de máquina, entre outros equipamentos de última geração. Ele revela que estas são as maiores turbinas tipo Kaplan já fabricadas no Brasil.
Integrante do consórcio Ceste, a Alstom está concentrando em sua fábrica de Taubaté (SP) a produção de seis geradores de 136 MW cada um, para atender ao projeto. O valor do contrato é de € 92 milhões e envolve ainda o fornecimento de barramentos, equipamentos hidromecânicos e supervisão para a usina.
O duto de sucção, por onde a água volta ao rio após passar pela turbina, é composto por cinco anéis de aço de 11 m de diâmetro médio, totalizando 8 m de altura e 62 t.
A gigantesca estrutura de 358 m de comprimento por 78 metros de altura consumiu 278 mil m³ de concreto. Estima-se que até o final do empreendimento sejam consumidos 917 mil m³ de concreto, o suficiente para construir 11 estádios do Maracanã. Se calcular a quantidade de aço consumido nas estruturas metálicas, o número também impressiona: 48.823 t.
No alto da Casa de Força está montada a ponte rolante com capacidade de levantamento de 350 t. Trata-se de um guincho sobre rodas que se movimenta sobre trilhos ferroviários. Duas pontes rolantes trabalham em paralelo para a montagem dos equipamentos maiores ,como a turbina e o gerador.
Barragem
Diversas técnicas novas de construção civil estão sendo utilizadas no empreendimento. Para a construção da barragem, por exemplo, os engenheiros erguerão um muro com a ajuda de um aparelho chamado hidrofresa, que vai permitir sua vedação. A hidrofresa é um equipamento de acionamento hidráulico que opera com o princípio da circulação reversa. Nesse sistema, o avanço da escavação ocorre por meio de rodas e correntes de corte que trabalham em alta rotação, desagregando o substrato terroso ou rochoso. “Estamos fazendo essa usina num maciço de arenito que é muito frágil. É uma base de terra assentada sobre uma camada muito grande de aluvião e a forma de vedar isso é construir um muro que vai desde o topo da barragem até a rocha, embaixo do aluvião”, explicou José Renato Ponte.
A construção da barragem da UHE Estreito sobre o leito do rio, que terá 480 m de comprimento e 60 m de altura, também já foi iniciada. Nela serão empregados cerca de 2,2 milhões m³ de argila compactados. O reservatório acumulará um volume da ordem de 5.400 x 10 mil m³, com a ocupação de uma área de 555 km², sendo cerca de 290 km de extensão ao longo do rio e área de terras efetivamente inundadas de 440 km².
Os 12 municípios diretamente atingidos pelo lago serão: Estreito e Carolina (MA), e Aguiarnópolis, Babaçulândia, Barra do Ouro, Darcinópolis, Filadélfia, Goiatins, Itapiratins, Palmeirante, Palmeiras do Tocantins e Tupiratins (TO).
Paralelamente aos trabalhos realizados no canteiro, ocorre a realocação da infraestrutura na área do futuro reservatório da usina, que engloba a construção e o alteamento de pontes, relocação de linhas de transmissão, construção de estradas e atracadouros, entre outras obras. A previsão é de que o enchimento do reservatório seja iniciado no segundo semestre de 2010.
“A UHE Estreito é uma obra estruturante, geradora de riquezas e empregos e garantidora da saúde do sistema energético brasileiro a partir dos megawatts gerados”, declarou o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, durante visita ao canteiro de obras no final de fevereiro último.
Gelo no concreto
Um equipamento que chama a atenção no canteiro de obras. Trata-se de uma fábrica de escamas de gelo, instalada pela Recom. Segundo o engenheiro Douglas Emerson Moser, da empresa Techdam, de controle tecnológico de concreto e solo, o gelo é empregado na composição da massa do concreto, em substituição de uma parte da água de mistura, para evitar a formação de fissuras, durante o processo de retração térmica.
A adição do gelo tem como objetivo principal a redução das tensões térmicas, pela diminuição do calor de hidratação nas primeiras horas. Esse procedimento, além de evitar fissuras, mantém por mais tempo a flexibilidade e gera uma melhor evolução da resistência à compressão.
A temperatura inicial de lançamento é definida pelos técnicos e deve ser controlada durante toda a concretagem. O concreto resfriado é mais utilizado em estruturas de grandes dimensões, ou seja, barragens, alguns tipos de fundações, bases para máquinas e blocos com alto consumo de cimento.
No canteiro de obras de Estreito foram instaladas duas unidades de produção de gelo, totalizando uma produção diária de 360 t.
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