De acordo com a última pesquisa CNT de qualidade das rodovias brasileiras, cerca de 62,1% dos 98.475 km das estradas pavimentadas pesquisadas, ao longo de 2014, apresentavam alguma deficiência em seu pavimento, como buracos e outras imperfeições, representando riscos de diversos graus de importância para os usuários. Apesar de os programas de concessões de rodovias terem avançado muito, nos últimos anos, o governo federal, através do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), e os governos estaduais, através dos Departamentos Estaduais de Estradas de Rodagem (DERs) são os principais gestores das rodovias existentes no País. Do total de rodovias avaliadas pela CNT, no ano passado, 80,7% estavam sob gestão pública.
Para a especialista Rita Moura Fortes, professora do Programa de Pós-graduação em Ciência e Engenharia de Materiais (PPGCEM) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e diretora de Pesquisa na ERI - Engineering and Research Institute, as rodovias brasileiras sob concessão privada não devem nada às melhores rodovias da Europa e dos
De acordo com a última pesquisa CNT de qualidade das rodovias brasileiras, cerca de 62,1% dos 98.475 km das estradas pavimentadas pesquisadas, ao longo de 2014, apresentavam alguma deficiência em seu pavimento, como buracos e outras imperfeições, representando riscos de diversos graus de importância para os usuários. Apesar de os programas de concessões de rodovias terem avançado muito, nos últimos anos, o governo federal, através do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), e os governos estaduais, através dos Departamentos Estaduais de Estradas de Rodagem (DERs) são os principais gestores das rodovias existentes no País. Do total de rodovias avaliadas pela CNT, no ano passado, 80,7% estavam sob gestão pública.
Para a especialista Rita Moura Fortes, professora do Programa de Pós-graduação em Ciência e Engenharia de Materiais (PPGCEM) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e diretora de Pesquisa na ERI - Engineering and Research Institute, as rodovias brasileiras sob concessão privada não devem nada às melhores rodovias da Europa e dos Estados Unidos, em termos de qualidade do pavimento. A professora, que coordena as premiações acadêmicas que integram o Salão de Inovação da 9ª edição do CBR&C, afirma que hoje, no Brasil, os operadores dessas concessões têm acesso ao que há de mais moderno em tecnologia de pavimentação, a novos materiais e métodos construtivos, o que nos permite contar com rodovias compatíveis às melhores Classe A do mundo.
Ela destaca, sobretudo, o papel de grande importância que as universidades vêm ocupando, no desenvolvimento de estudos e análises de novos materiais, tecnologias, projetos, construção e qualidade em rodovias, em parcerias com as concessionárias do setor.
Para Rita Moura Fortes, os resultados dessa interação entre a comunidade acadêmica e os empresários do setor saem dos ambientes dos laboratórios e ganham o mundo real, sendo aplicadas nas estradas brasileiras, com frequência. Além das universidades e das concessionárias privadas, Rita Moura Fortes destaca o importante trabalho de pesquisa e investigação de qualidade em pavimentos, que vem sendo desenvolvido pelos DERs de diversos estados.
Gil Firmino Guedes, Coordenador Técnico da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), concorda com a professora. Mas ele pondera que não há como comparar a nossa realidade em termos de malha rodoviária, com o que existe em outros países mais ricos.
“Atualmente 58 empresas privadas operam, como concessionárias, 16.344 km de rodovias. Isso corresponde a apenas cerca de 8% da malha rodoviária nacional pavimentada. Imaginem que só a malha americana federal e as highways americanas somam mais de 4 milhões de quilômetros asfaltados, contra 200 mil quilômetros asfaltados no Brasil. Só isso aí já é 20 vezes a malha brasileira. Se incluirmos nessa conta as rodovias estaduais americanas, são pelo menos mais 6 milhões de quilômetros. Temos que lembrar, ainda, que na Europa se faz rodovias muito tempo antes de Cristo. Na Itália, por exemplo, já havia rodovia pavimentada com pedras – não asfaltada – antes da Era Cristã. Isso tudo faz com que essa comparação seja difícil”.
Para Gil Firmino Guedes, grandes concessionárias, como a CCR e a Eco Rodovias investem pesado em centros de pesquisa e laboratórios, de onde saem soluções para melhorar a qualidade dos pavimentos das nossas estradas (veja nesta edição).
Ele observa, no entanto, que quando se trata de segurança nas estradas, outros fatores têm que ser considerados além da qualidade dos pavimentos. “Primeiro temos que analisar a mentalidade dos motoristas brasileiros que, diferentemente dos americanos e europeus, não respeitam as leis e dirigem perigosamente. Além disso, os transportadores brasileiros não respeitam os limites de peso por eixo, nas operações de transporte de cargas, causando avarias e comprometendo a vida útil dos pavimentos nas nossas rodovias”, alerta.
Ele explica que o excesso de peso causa o envelhecimento precoce dos pavimentos e o agravamento de acidentes. “E quando falamos em pavimentos, estamos nos referindo a todos, sejam eles de rodovias concedidas ou não. É nosso dever conscientizar cada vez mais todos os envolvidos – transportadores, embarcadores e autoridades – dos malefícios causados por essa prática predatória, que infelizmente, continua muito arraigada ao setor”.
Rita Fortes lembra o papel de estímulo que vem sendo dado pela ABCR, que pelo nono ano consecutivo está organizando o Salão de Inovação, que será um evento paralelo ao 9º Congresso Brasileiro de Rodovias e Concessões – CBR&C 2015, a ser realizado de 14 a 16 de setembro em Brasília.
A professora, que é coordenadora das premiações acadêmicas, explica que o objetivo do Salão de Inovação é fazer com que os projetos desenvolvidos ganhem visibilidade e sejam uma base de consulta importante das concessionárias como referência para desenvolvimento de projetos. Para o Salão de Inovação, são esperados cerca de 1,2 mil congressistas.
Serão apresentados trabalhos de alto gabarito, selecionados por comitê científico que reúne mais de 20 estudiosos representantes de universidades e institutos de pesquisa de todo o Brasil. Noventa e oito estudos acadêmicos sobre o setor de infraestrutura rodoviária foram submetidos para avaliação, maior número já registrado desde a criação do prêmio. Os trabalhos apresentados poderão servir como base para que as concessionárias identifiquem pesquisas interessantes para investimento, o que resultará no aprimoramento do serviço de concessão no Brasil.
Bons resultados
O Centro de Pesquisas Rodoviárias (CPR) da CCR NovaDutra encerrou o ano de 2014 com um saldo extremamente positivo: 13,5 mil ensaios, cinco pesquisas e emissão de quatro mil certificados. Dos trabalhos realizados, três pesquisas foram concluídas, dentre elas a de incorporação de conceitos de sustentabilidade em passarelas ao longo da via Dutra, desenvolvida em parceria com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
Trata-se do mapeamento de técnicas e materiais sustentáveis a serem utilizados na manutenção e na construção de passarelas para pedestres ao longo da rodovia, como a fibra de vidro e a cobertura das passarelas com placas solares. “Utilizar materiais duráveis e reduzir a necessidade de manutenção também é ser sustentável. A estrutura de fibra de vidro, por exemplo, tem ao mesmo tempo boa resistência e leveza. Ela é resistente a ambientes agressivos como salinos e alcalinos. Já as placas solares podem alimentar a passarela com iluminação e até mesmo as vias próximas”, comenta a coordenadora do CPR, Valéria Faria.
O Centro de Pesquisas Rodoviárias também desenvolve projetos de misturas asfálticas com o asfalto borracha – que contém em sua formulação pneus reciclados – para obras de implantação de novas faixas e vias marginais. Ao longo de 2014, foram utilizados cerca de seis mil m³ de mistura asfáltica com asfalto borracha, o equivalente a 18 mil pneus de veículos de passeio reciclados.
As misturas asfálticas mornas também têm sido motivo de investigação no CPR em 2014. Essas misturas se caracterizam por reduzir o consumo energético na sua produção e aplicação no pavimento. Além disso, emitem em torno de 20% menos poluentes do que as misturas asfálticas convencionais.
Outra ação desenvolvida pelo CPR é o gerenciamento do pavimento. No ano passado, aproximadamente 1,1 milhão de m² de pistas, trevos e acessos foram recuperados. “Todas as ações do Centro de Pesquisas Rodoviárias são baseadas no monitoramento da rodovia e visam ao conforto e à segurança do usuário. O ano de 2014 foi muito positivo e iremos manter a produtividade em 2015 e nos próximos anos”, acrescenta Valéria Faria.
O Centro de Pesquisas Rodoviárias foi criado em 1999 com o objetivo de intensificar o processo de melhoria contínua das condições de segurança, durabilidade e conforto da via Dutra. Por consequência, as conquistas alcançadas por meio de suas pesquisas beneficiam todas as rodovias brasileiras, à medida que os estudos são tornados públicos pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
O prédio do CPR está situado na Sede da CCR NovaDutra, em Santa Isabel (SP). Contando com equipamentos modernos e uma equipe especializada, o Centro já se tornou referência no país e, constantemente, recebe visitas de estudantes, de universidades e de instituições nacionais e internacionais.
Mais de 800 mil pneus reciclados
Com objetivo de melhorar o asfalto brasileiro, o Grupo EcoRodovias – holding das concessionárias Ecovias, Ecopistas, Ecovia, Ecocataratas, Ecosul e Eco101, além de Elog e Ecoporto Santos – criou um centro de inovação que pesquisa, desenvolve e testa soluções mais sustentáveis, como a Mistura Asfáltica Morna e o Asfalto Borracha – chamado de asfalto ecológico, que pavimenta quase toda a malha do sistema Anchieta-Imigrantes (SAI).
A infraestrutura contempla uma usina própria e um laboratório de pesquisa e análises localizados na sede da Ecovias, em São Bernardo do Campo – SP. Atualmente, 98% da malha rodoviária da concessionária Ecovias são feitas em pavimento flexível contendo como ligante o asfalto borracha. A estimativa é que tenham sido reciclados, só no SAI, mais de 800 mil pneus.
“Uma faixa de rolamento de 1 km de asfalto borracha utiliza cerca de 600 pneus que seriam descartados na natureza”, destaca Paulo Rosa, engenheiro-assessor de projetos especiais da Ecovias.
A equipe da Ecorodovias também passou a adotar a Mistura Morna com Asfalto borracha (WMA – Warm Mix Asphalt), reduzindo a temperatura de produção e consequentemente, de compactação, diminui os níveis de emissão de agentes nocivos à saúde pública, vindo de acordo com os objetivos do tratado de Kyoto. A tecnologia permite que o tempo de perda de temperatura destas misturas seja maior, podendo-se transportar a massa asfáltica em distâncias longas e com menor perda de temperatura. Assim, a execução das obras também pode ocorrer em dias mais frios, que inviabilizam tecnicamente a execução de misturas a quente.
Segundo pesquisas internacionais, a tecnologia reduz a emissão de CO2 em pelo menos 40% na comparação ao emitido na produção de misturas a quente, bem como entrega uma economia de aproximadamente 30% no consumo de combustível. “É uma alternativa à mistura quente com asfalto-borracha. Enquanto o composto reciclável de pneus requer, ao menos, uma usina próxima à pavimentação, a Mistura Morna com Asfalto-Borracha pode ser transportado tranquilamente, em distâncias mais longas, gerando economia de custos”, explica Rosa.
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