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Saneamento básico pode resolver problema dos fertilizantes no Brasil

Lodo gerado pelo tratamento do esgoto pode suprir a necessidade da agricultura brasileira com uma nova indústria em expansão

Brasil 61

28/09/2022 15h53


Atualmente, apenas 45% do esgoto gerado no Brasil é coletado e tratado. Segundo o marco legal do saneamento, até 2033, 99% da população brasileira tem de ter acesso a abastecimento de água, e 90% precisa ter coleta e tratamento de esgoto.

A universalização do serviço vai gerar também uma quantidade enorme de resíduos, como o lodo, a parte sólida do tratamento do esgoto. Isso poderia ser um problema se esse material for descartado em aterros sanitários, pois eles possuem uma vida útil curta e não vão suportar tamanho volume.

As concessionárias já se movimentam para encontrar uma destinaç&atild

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Atualmente, apenas 45% do esgoto gerado no Brasil é coletado e tratado. Segundo o marco legal do saneamento, até 2033, 99% da população brasileira tem de ter acesso a abastecimento de água, e 90% precisa ter coleta e tratamento de esgoto.

A universalização do serviço vai gerar também uma quantidade enorme de resíduos, como o lodo, a parte sólida do tratamento do esgoto. Isso poderia ser um problema se esse material for descartado em aterros sanitários, pois eles possuem uma vida útil curta e não vão suportar tamanho volume.

As concessionárias já se movimentam para encontrar uma destinação mais sustentável para o resíduo. Do lodo é possível retirar nutrientes essenciais para os fertilizantes, abrindo caminho para o protagonismo de uma nova indústria no país.

A produção de fertilizantes ou de nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio pode resolver a dependência da agricultura brasileira, que importa cerca de 85% do que precisa desses insumos.

Percy Soares Neto, diretor executivo da Associação Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon), explica que a demanda gerada pela universalização dos serviços de saneamento é tamanha que novas indústrias vão ganhar o protagonismo no país nos próximos anos.

“A gente sempre fala que a grande mudança de conceito do saneamento é olhar a estação de tratamento de esgoto como uma central de matéria-prima. Eu tenho a possibilidade de gerar energia na digestão do esgoto, de gerar água de reuso e tenho a possibilidade de gerar nutrientes. O Brasil é uma potência agrícola e tenho preço de nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio em alta no mercado global em função da guerra na Ucrânia, mas o esgoto é riquíssimo em nitrogênio, fósforo e potássio”, explica Soares.

Em 2021, o Brasil gastou mais de US$ 15 bilhões em importações de adubos e fertilizantes, já que 85% da demanda é atendida por países como Rússia, Canadá e China. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o consumo médio anual de fertilizantes gira em torno de 40 milhões de toneladas, sendo um terço para cada grupo NPK, nitrogenados, fosfatados e potássio, nutrientes bastante presentes no lodo do esgoto.

“Será que eu tenho que pegar esses produtos que a agricultura demanda em outros países, quando eu tenho uma estação de tratamento de esgoto que é uma maquininha de produzir isso? Ou eu tenho de partir para o desenvolvimento tecnológico de extrair nitrogênio, fósforo e potássio dessas estações de tratamento de esgoto? Aí está o nosso desafio maior, transformar a estação de tratamento de esgoto como essa central de produção de matéria-prima”, sinaliza.

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