Assessoria de Imprensa
01/04/2021 11h00 | Atualizada em 01/04/2021 11h13
Com entrega de propostas marcada para esta quinta-feira e abertura dos envelopes no dia 7, o leilão de 22 aeroportos federais testará a atratividade do setor em um momento de crise sem precedentes na aviação e incertezas quanto à velocidade de recuperação da demanda de passageiros.
O governo vê risco baixo de “vazio” em qualquer um dos três blocos oferecidos, ou seja, da falta de interessados. No mercado, a aposta é na presença de pelo menos quatro ou cinco grupos de peso, incluindo estreantes em operações aeroportuárias no Brasil, como o fundo Pátria Investimentos e a francesa Aéroports de Paris (ADP).
...Com entrega de propostas marcada para esta quinta-feira e abertura dos envelopes no dia 7, o leilão de 22 aeroportos federais testará a atratividade do setor em um momento de crise sem precedentes na aviação e incertezas quanto à velocidade de recuperação da demanda de passageiros.
O governo vê risco baixo de “vazio” em qualquer um dos três blocos oferecidos, ou seja, da falta de interessados. No mercado, a aposta é na presença de pelo menos quatro ou cinco grupos de peso, incluindo estreantes em operações aeroportuárias no Brasil, como o fundo Pátria Investimentos e a francesa Aéroports de Paris (ADP).
Na tentativa de manter o interesse dos investidores, a outorga mínima foi reduzida para abaixo de metade dos valores propostos inicialmente, já captando parte dos efeitos negativos da pandemia sobre o fluxo de passageiros previsto nas concessões. Um consenso, entretanto, é que os ágios devem ficar longe dos registrados no último leilão – média de 986%.
O bloco Sul (com Curitiba à frente e tendo outros oito aeroportos) concentra o maior interesse. Segundo fontes do setor privado, que pediram para não terem seus nomes citados, o interesse pelos blocos Norte (capitaneado por Manaus) e Central (com Goiânia como carro-chefe) tem diminuído nos últimos dias.
Mesmo assim, a Socicam é tida como candidata firme no bloco Central. O grupo, mais conhecido pela administração de terminais rodoviários, passou a gerir quatro aeroportos no Mato Grosso (incluindo Cuiabá) em 2019. A Sinart, com pequenas operações em Porto Seguro (BA) e Juiz de Fora (MG), é outra que estaria se articulando.
A argentina Inframérica, que detém a concessão de Brasília, é apontada como outra potencial concorrente por causa da sinergia com suas operações.
Mais de 40% dos passageiros na capital fazem voos de conexão e uma parte expressiva vem dos aeroportos nesse lote – que abrange Goiânia, Palmas, São Luís, Teresina, Imperatriz (MA) e Petrolina (PE).
No bloco Norte, um fundo americano estaria se associando à brasileira Universal Armazéns Alfandegados para participar do certame. A francesa ADP, que já entrou em disputas anteriores e nunca fez proposta vencedora, realizou diversas visitas de inspeção técnica ao lote - Manaus, Porto Velho, Rio Branco, Boa Vista, Tabatinga (AM), Tefé (AM) e Cruzeiro do Sul (AC).
“O risco de dar vazio é baixo. Todos os blocos têm interessados. Se não aparecer ninguém, seria uma grande surpresa”, afirmou o secretário de Aviação Civil do Ministério da Infraestrutura, Ronei Saggioro Glanzmann.
Ele reconhece que o biênio 2020-2021 tem se demonstrado o pior da história no setor, mas as perspectivas de médio e longo prazos no Brasil continuam favoráveis. “Tudo dando certo com a vacinação, o mercado doméstico volta com muita força. Além disso, a carga aérea continua bombando e comprar na baixa é sempre bom.”
O bloco Sul – Curitiba, Bacacheri (PR), Londrina (PR), Foz do Iguaçu (PR), Navegantes (SC), Joinville (SC), Uruguaiana (RS), Pelotas (RS) e Bagé (RS) - tende a ser o mais disputado. “O aeroporto de Curitiba é a grande joia desta rodada de concessões”, afirma José Luis Menghini, um executivo que já comandou as operações da Inframérica e da Vinci no Brasil.
“Mas, até 2023 ou 2024, não deve haver recuperação significativa da demanda como um todo e isso precisa ser ponderado.”
Pátria Investimentos e a ADP estão de olho no bloco Sul. O grupo CCR, que precisa adicionar ativos novos à sua carteira de concessões, é apontado como potencial concorrente. A Inframérica, pela sinergia internacional com sua extensa rede de aeroportos na Argentina e no Uruguai, também.
Outra francesa, a Egis, foi sócia minoritária de Viracopos (SP) no passado e agora estuda voltar ao setor aeroportuário no país. Nos preparativos do leilão, ela esteve conversando com a multinacional GLP, que tem sede em Cingapura e mais de US$ 80 bilhões de investimentos em infraestrutura e desenvolvimento imobiliário.
Isso não significa ausência de problemas no bloco Sul. Quem arrematar esse lote precisará arcar com eventuais custos de até R$ 480 milhões do programa de demissões voluntárias da estatal Infraero para os empregados locais.
Além disso, o fato de serem terminais com características bem diferentes entre si (caso do bloco Sul) ou geograficamente muito espalhados (bloco Norte) pesou contra para alguns investidores.
O consultor Adalberto Vasconcelos, ex-secretário do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) e atual CEO da ASV Infra Partners, conta ter sido procurado por dois grupos que acabaram desistindo diante da enorme diversidade dos aeroportos oferecidos. A ideia do governo foi misturar o “filé” (ativos superavitários) com o “osso” (pouco lucrativos ou deficitários).
Marcelo Allain, sócio do BR Infra Group e coordenador do comitê de aeroportos da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), diz que a agilidade da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em reequilibrar contratos vigentes por causa da pandemia foi bem avaliada pelos estrangeiros.
Como fatores positivos, cita que o mundo está sem tantas oportunidades em concessões aeroportuárias e o crédito barateou.
No entanto, prevalece o clima de incerteza sobre novas cepas do coronavírus e as operadoras europeias vivem dificuldades de caixa em suas bases. Por tudo isso, Allain acredita em disputa, mas ágios menores neste leilão.
A expectativa do mercado é que a alemã Fraport (concessionária de Fortaleza e Porto Alegre), a suíça Zurich (Florianópolis e Vitória), a espanhola Aena (Recife e outros no Nordeste) e a francesa Vinci (Salvador) fiquem de fora ou entrem com bastante parcimônia.
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