Nas ruas, o entulho depositado em caçambas é um problema que ocupa espaço. Jogado nos terrenos, é um crime ambiental. Em Itaitinga, restos de construção são jogados em um terreno e estão cercando a casa de Antônia e Salviano Brito de Lima.

Segundo eles, depois que começou a acumular os entulhos, a água das chuvas não escoa e começou a entrar na casa do casal.  "Já tá me prejudicando por causa da água que quando desce lá da estrada entra toda dentro da minha casa. Não descia, descia por fora. Agora como eles tamparam a frente de barro, aí vem pra dentro de casa" , auxiliar de serviços gerais.

O entulho jogado no terreno deveria ser reutilizado. Em uma usina de Fortaleza, ele é triturado e pode virar asfalto. A usina recebe o entulho gerado pelas demolições que faz e também enviado por algumas construtoras com consciência ambiental. O proprietário Marcos Kaiser que trabalha há doze anos com este tipo de reciclagem diz que tem capacidade instalada para reciclar todo entulho de Fortaleza e, consequentemente, asfaltar todas as ruas da cidade.

"Acho que nós recebemos apenas vinte por cento do resíduo gerado em Fortaleza. O resto vai para terrenos baldios, lagoas, rios, áreas de preservação que o pessoal invade pra poder fazer moradia e usam o entulho pra aterrar os terrenos”, afirma Marcos Kaiser.

Exemplos

Em uma cerâmica do Crato, os tijolos com defeito não são descartados como normalmente acontece nestas empresas. Eles são triturados e voltam à produção. A matéria-prima também é poupada. Toda a operação da cerâmica é direcionada para a diminuição dos impactos ambientais. As estufas, por exemplo, onde os tijolos são colocados pra secar, consumiam antes até 70 metros de lenha por dia. Com menos lenha queimando há menos emissão de carbono na atmosfera, menos desmatamento.

Em Juazeiro do Norte, o PVC gera renda, emprego e movimenta a economia. O solado dos 78 modelos de sapato produzidos na fábrica é feito com a reciclagem do material coletado em Fortaleza, Recife e São Luiz. O trabalho garante o emprego de 400 funcionários desta unidade e economia certa pra quem compra os calçados.

"Nosso produto é direcionado a uma classe social e a diferença de custo entre matéria-prima virgem e a reciclada nos dá a chance de competir com outros fornecedores de sapato de igual para igual a preço baixo que é nosso interesse: vender na quantidade maior e ter o nosso lucro dessa forma e ajudando também”, afirma o gerente industrial, Victor Cunha.

Em Forquilha, 200 toneladas de sacolas são recicladas todo mês. Assim que chegam, os diferentes tipos de plástico já contribuem com gente como Pedro Antônio de Oliveira que trocou o trabalho de ajudante de pedreiro pelo de selecionador. “Trabalhava uma semana e duas não. Aí, aqui é direto graças a Deus. Não falta sacola, nem falta o dinheirinho do pão de cada dia dos meninos”.

Ao todo, 55 empregos são gerados na usina de reciclagem de Forquilha. As sacolas passam por um processo de secagem, depois são moídas e vão para uma máquina que dá nova consistência ao plástico.

"Hoje se a gente produzisse o dobro do que a gente produz ainda não daria pra suprir o que a demanda pede. A gente precisa de mais material pra poder produzir. A gente precisa que as pessoas foquem mais a questão da reciclagem, tragam mais materiais pra gente poder produzir mais, ampliar mais a fábrica, número de funcionários, gerando mais empregos”, afirma o auxiliar administrativo José Newton Cavalcante.