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Desenvolvimento do setor de resíduos passa pela erradicação dos lixões

Especialistas salientaram que o futuro desse segmento passa também pela adoção de tecnologias, pela criação de políticas públicas e pela mudança de atitude das pessoas

Assessoria de Imprensa

08/07/2020 11h00 | Atualizada em 08/07/2020 13h04


A extensão territorial e a desigualdade econômica e social são fatores que interferem no desenvolvimento do setor de resíduos no país. Isso porque uma das medidas necessárias para transformar o atual modelo existente é a erradicação dos lixões, que impactam fortemente o meio ambiente, contaminando o solo, a água e o ar, e trazem malefícios à população local, como a proliferação de doenças.

Nesse sentido, os debatedores do Webinar BW Talks: Soluções Tecnológicas para Resíduos Urbanos, Maycon Pereira, diretor da Máquina Solo, Ömer Evci, da área de desenvolvimen

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A extensão territorial e a desigualdade econômica e social são fatores que interferem no desenvolvimento do setor de resíduos no país. Isso porque uma das medidas necessárias para transformar o atual modelo existente é a erradicação dos lixões, que impactam fortemente o meio ambiente, contaminando o solo, a água e o ar, e trazem malefícios à população local, como a proliferação de doenças.

Nesse sentido, os debatedores do Webinar BW Talks: Soluções Tecnológicas para Resíduos Urbanos, Maycon Pereira, diretor da Máquina Solo, Ömer Evci, da área de desenvolvimento de negócios internacionais da Indústria Grimaldi, e Patricia Herrera, gerente geral da subsidiária da Moba no Brasil, não apenas foram enfáticos sobre essa questão, mas também mostraram que o futuro desse segmento passa pela adoção de tecnologias, pela criação de políticas públicas para desincentivar a geração de resíduos e para educar e conscientizar a população e pela mudança de atitude das pessoas.

O evento da BW Expo, Summit e Digital 2020 foi transmitido pelo Canal da Sobratema no YouTube no dia 1º de julho.

Pereira avaliou que a destinação correta do resíduo ainda é um desafio muito grande no Brasil, justamente pela quantidade de resíduos que ainda são destinados para lixões ou aterros controlados, que não possuem tecnologias necessárias para diminuir o impacto ambiental.

Hoje, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública (Abrelpe), cerca de 40% do que é coletado é descarregado nos cerca de 3000 lixões em funcionamento em todo o país.

“Essa realidade mostra uma oportunidade para desenvolver e importar tecnologias, dentro do universo de resíduos. Estamos nesse caminho de evolução. O aterro sanitário não é a solução ideal, mas é a melhor neste momento até que seja possível migrar para outro tipo de solução”, disse.

Em relação aos países europeus, o Brasil tem um grande caminho a percorrer. Segundo Patricia, nações como a Bélgica e a Suécia não têm mais aterros primários. E, na Alemanha, onde mais de 90% do resíduo é reciclado, o restante vai para aterros secundários.

“Isso mostra que é possível viver sem aterros primários. Enquanto, no Brasil, estamos lutando para erradicar os lixões, a Europa está trabalhando para extinguir os aterros primários”.

Contudo, Evci lembrou que o Brasil tem aspectos positivos quando se trata de reciclagem, como exemplo as latas de alumínio, no qual o país é o número um em termos mundiais, além da capacidade de reciclar embalagens tetrapaks. Ele ainda destacou que a disponibilidade de tecnologias para o setor de resíduos deixa a nação em uma situação favorável.

“Nosso objetivo é fornecer soluções para atender as seguintes metas: lixão zero, reciclagem total, minimizar o uso de aterros sanitários, para posterior desativação futura, e a adoção de um plano transformador que contemple reciclagem, reaproveitamento energético e compostagem orgânica”.

Em sua avaliação, ele ainda comentou que o vasto território brasileiro não deve ser usado para construção de novos aterros sanitários, mas sim para outras atividades, que gerem renda para o país, como a agricultura, a indústria de papel e celulose, a reciclagem. Esse último segmento é considerado por Evci como essencial, por ser bom para o planeta, para a nação, para as pessoas, para a economia e para geração de empregos.

“A reciclagem tem que ser um negócio sustentável. E a solução para o setor de resíduos sólidos está no empreendedorismo brasileiro. A iniciativa privada é um grande fator de transformação. Assim, precisamos de pessoas e da iniciativa privada para a construção de uma nova economia circular. Quanto mais as empresas recicladoras atuarem, maior será o percentual de reciclagem, porque conseguirá obter um maior alcance, além de ajudar o poder público a resolver esse grande desafio”, ponderou Evci, que acrescentou que o poder público sozinho não tem a capacidade de solucionar esse problema.

Entretanto, Patrícia reiterou que a participação governamental é importante nesse contexto, uma vez que é preciso ter uma legislação que invista no setor, eduque a população, mas também puna quando houver o descumprimento da lei. “São os três lados – iniciativa privada, pessoas e poder público – prestando mais atenção nessa área”.

Pereira complementou que deveria ser implantada nas escolas a questão da educação ambiental para que a população possa ter uma maior consciência ambiental. “Se pensarmos na situação do país na área de saneamento, pessoas sem água tratada ou coleta e tratamento de esgoto, fica muito difícil fazer uma associação sobre a questão do resíduo e o meio ambiente”.

Para Patricia, é necessária a aplicação de todas as iniciativas possíveis para reduzir a geração de resíduos, para incentivar sua reutilização. “De igual maneira são importantes a reciclagem e a logística reversa”, afirmou a diretora da Moba, que contou que na Alemanha, dependendo das cidades, o cidadão paga de forma proporcional pelo lixo gerado.

Essa cobrança ocorre por meio de uma tecnologia de RFID (Identificação por radiofrequência), que identifica o cidadão e emite uma fatura para o pagamento. “É o poder público incentivando a população a reduzir a geração de resíduos”, acrescentou.

O engenheiro mecânico que atua na Grimaldi avaliou que, nessa perspectiva, a separação do lixo deveria acontecer na fonte, ou seja, ser separado pelas famílias e pela indústria, como ocorre em alguns países da Europa.
Nessa questão da indústria, o diretor da Máquina Solo citou o desenvolvimento de soluções voltadas a diminuir o impacto ambiental.

“A compostagem pode ser usada para transformar o resíduo orgânico em fertilizante. Assim, na indústria do café, grandes indústrias estão se desafiando para o desenvolvimento de embalagens biodegradáveis que possam entrar na compostagem”, comentou. Ele complementou ainda que a indústria já sente essa mudança do consumidor, desse modo, há uma ampliação nos processos ligados à economia circular. “Vivemos um momento bem interessante”.

O webinar foi aberto pelo engenheiro Afonso Mamede, presidente da Sobratema –Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração.

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