SUSTENTABILIDADE
Assessoria de Imprensa
25/06/2020 11h00 | Atualizada em 05/08/2020 22h00
A maior conscientização sobre a responsabilidade da atividade humana no meio ambiente tem resultado em ações e iniciativas da sociedade civil, da economia e de governos para diminuir o impacto no planeta.
E, isso está gerando um processo de transformação energética mundial. Com isso, o hidrogênio verde tem sido considerado em políticas públicas de países da União Europeia, da América do Norte e da Ásia como a solução para a descarbonização da economia, uma vez que ele pode atuar em diversos setores: integrado às fontes renováveis para armazenamento de energia que seria desperdiç
...A maior conscientização sobre a responsabilidade da atividade humana no meio ambiente tem resultado em ações e iniciativas da sociedade civil, da economia e de governos para diminuir o impacto no planeta.
E, isso está gerando um processo de transformação energética mundial. Com isso, o hidrogênio verde tem sido considerado em políticas públicas de países da União Europeia, da América do Norte e da Ásia como a solução para a descarbonização da economia, uma vez que ele pode atuar em diversos setores: integrado às fontes renováveis para armazenamento de energia que seria desperdiçada, na indústria, no setor residencial e comercial, na mobilidade urbana, entre outros.
Para os especialistas que participaram do Webinar BW Talks Transformação Energética – Hidrogênio, promovido na semana passada, o hidrogênio verde vai trazer novas oportunidades de negócios para o Brasil.
“Nosso país é riquíssimo em fontes renováveis de energia, o que o capacita a produzir hidrogênio verde em grande escala”, ressaltou a especialista em tecnologias de hidrogênio e células a combustível Monica Saraiva Panik, que é a curadora do Núcleo Temático Transformação Energética – Hidrogênio da BW Expo, Summit e Digital 2020.
A Alemanha, por exemplo, publicou sua política pública em hidrogênio, cujos investimentos serão da ordem de € 7 bilhões.
O plano prevê a introdução em massa de tecnologias do hidrogênio. Contudo, como o país só conseguirá produzir 11% do hidrogênio necessário para sua aplicação, já afirmou que irá importar o restante.
“É uma grande oportunidade para o Brasil, que tem a Alemanha como uma grande parceira comercial”, avaliou Daniel Gabriel Lopes, sócio e diretor Executivo da Hytron e coordenador da Mentoria em Tecnologia e Inovação para Mobilidade com Hidrogênio da SAE Brasil.
Mas, para isso acontecer, o país terá que vencer algumas barreiras. Uma delas, segundo Lopes, é a do conhecimento sobre as oportunidades do hidrogênio em diversas áreas, como, por exemplo, no agronegócio, que produz etanol e biomassa e gera resíduos orgânicos.
“Nossa sociedade, economia e governo precisam entender a demanda para escolher se posicionar. Nações como Chile, Uruguai e Paraguai estão se colocando como futuros players, enquanto o Brasil ainda está em uma inércia”, ponderou.
Para mudar esse cenário, a SAE Brasil, inclusive, está participando do desenvolvimento de um estudo chamado Sectormapping Hidrogênio, em parceria com a AHK Rio, um mapeamento de todos os setores que podem ser beneficiados com a economia do hidrogênio.
O engenheiro Camilo Adas, presidente do Conselho da SAE Brasil, acrescentou ainda que o Brasil está acostumado a elaborar soluções continentais.
Entretanto, a energia a hidrogênio pode ser produzida mais perto do local de consumo, diferentemente de uma usina hidrelétrica, por exemplo, construída à longa distância, que exige toda uma infraestrutura de distribuição.
“A citação sobre o agronegócio é relevante porque grandes fazendas produtoras de etanol ou biomassa podem produzir e gerar o hidrogênio no mesmo lugar para consumo local, colaborando para uma cadeia energética descentralizada e conectada”.
Em concordância com a opinião dos participantes do webinar BW Talks, Silvano Pozzi Jr., diretor de Linha de Produto e Estratégia de Produto da Ballard Power Systems, arrematou: “Brasil, fontes renováveis, hidrogênio, transporte e descarbonização da sociedade têm tudo a ver. Se houver uma reforma interna da pirâmide energética do país e o envolvimento das empresas privadas e do governo, somado ao futuro da descarbonização, há um potencial enorme de investimento para o país. A questão é o tempo que vai levar e por onde ela irá começar”.
Mobilidade
Nesse sentido, o início pode ser justamente na área de mobilidade. “Esse vetor é muito notório porque há o deslocamento do automóvel de um ponto para outro e a interconectividade dos modais”, explicou Adas.
Mas, a aposta é que o hidrogênio ganhe mais força, primeiramente, em veículos pesados, pelos benefícios vistos em parâmetros como peso versus potência e carga líquida alta, além da viabilidade econômica.
“Atualmente, vivemos o alvorecer da energia do hidrogênio e o que vai ocorrer é que os veículos pesados – caminhões, ônibus, trens, e embarcações - ganharão mercado mais rapidamente do que os automóveis, em especial, pelo fato de não necessitarem de uma infraestrutura de abastecimento distribuída por todo o território.
“Um veículo pesado tem a oportunidade do abastecimento centralizado”, analisou Paulo Emílio Valadão de Miranda, professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e presidente da Associação Brasileira do Hidrogênio.
Na Coppe, na qual Miranda é diretor do Laboratório de Hidrogênio, foi iniciado o desenvolvimento de uma embarcação catamarã, dotada de propulsão elétrica e tem a bordo um sistema para geração de eletricidade a partir do etanol, pilha a combustível a hidrogênio e até painéis solares. Com capacidade para 100 pessoas, o veículo irá navegar em áreas abrigadas e deverá estar em demonstração na Baia da Guanabara em 2022.
Hoje, segundo informações publicadas existem 11.200 veículos movidos à célula a combustível e 381 postos de abastecimento de hidrogênio operando no mundo. Em 2030, serão mais de 10 milhões e 5.000 postos.
Segundo o estudo chamado “Scaling Up” do Hydrogen Council, em 2050, o hidrogênio representará 18% de toda a energia consumida mundialmente reduzindo anualmente 6Gt de emissões de CO2, eliminando os principais poluentes do ar, reduzindo o nível de ruído nas cidades, gerando uma receita de US$ 2,5 trilhões por ano e empregando mais de 30 milhões de pessoas.
Quanto maior o porte do veículo, maior é a vantagem para os veículos à célula a combustível em autonomia (a mesma que o convencional), tempo de abastecimento (de três a cinco minutos) e custo.
Portanto, atualmente muitas montadoras estão investindo no desenvolvimento de caminhões à célula a combustível. Monica acrescentou no evento virtual da BW 2020 que já existem mais de 10 caminhões operando na Califórnia (Estados Unidos), e em até 2025 serão aproximadamente 1.600 em toda a Europa. São mais de 300 ônibus movidos à célula a combustível pelo mundo, e os primeiros trens já estão sendo testados na Alemanha e na Holanda.
De acordo com Pozzi, a tecnologia está pronta para o automóvel de passeio, mas o preço e a escala são desafios. Mesmo assim, a Toyota está prestes a inaugurar uma fábrica no Japão para produzir anualmente 30 mil Mirai Fuel Cell, carro movido à hidrogênio da marca.
O webinar BW Talks foi aberto pelo engenheiro Afonso Mamede, presidente da Sobratema – Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração). A moderação do evento virtual foi feita por Vagner Barbosa, responsável pelo marketing da BW 2020.
Para assistir a íntegra do webinar, basta acessar o YouTube.
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