Assessoria de Imprensa
13/05/2025 07h35
Por Leandro Bieco*
A revolução tecnológica tem seguido seu curso e isso não é diferente no setor de engenharia de infraestrutura e no segmento de cabos de aço.
Embora ainda raro aqui no Brasil, em diversos lugares do mundo já é possível perceber que o futuro das grandes obras não será feito apenas de concreto e aço, mas também de dados. Isso é consequência da crescente integração de tecnologia de sensores – e da inteligência artificial – no monitoramento inteligente de estruturas.
Um estudo recente da Business Research insights aponta que o mercado global de monit
...Por Leandro Bieco*
A revolução tecnológica tem seguido seu curso e isso não é diferente no setor de engenharia de infraestrutura e no segmento de cabos de aço.
Embora ainda raro aqui no Brasil, em diversos lugares do mundo já é possível perceber que o futuro das grandes obras não será feito apenas de concreto e aço, mas também de dados. Isso é consequência da crescente integração de tecnologia de sensores – e da inteligência artificial – no monitoramento inteligente de estruturas.
Um estudo recente da Business Research insights aponta que o mercado global de monitoramento de saúde estrutural era avaliado em US$ 1,5 bilhão em 2024 e deve chegar a US$ 3,71 bilhões até 2033.
Este é um crescimento que tem sido impulsionado por avanços tecnológicos como redes de sensores sem fio, integração com soluções de manutenção preditiva baseadas em IoT e inteligência artificial. Na liderança desses avanços estão América do Norte, Europa e a região da Ásia-Pacífico.
É nesse contexto que os cabos de aço inteligentes estão ganhando protagonismo. De elementos passivos, voltados apenas à sustentação mecânica, os cabos de aço vêm se transformando em vetores ativos de segurança e informação, graças à incorporação de sensores que detectam deformações, tensões e variações ambientais em tempo real.
A evolução desses sistemas está redefinindo o conceito de infraestrutura resiliente e transformando a maneira como grandes estruturas são projetadas, monitoradas e preservadas.
Um novo ciclo de evolução para os cabos de aço - Pontes estaiadas, plataformas flutuantes, barragens e túneis são exemplos de estruturas nas quais os cabos de aço exercem um papel essencial, não apenas sustentando cargas, mas também absorvendo dinâmicas de vento, tráfego, umidade e dilatação térmica.
Essas forças atuam diariamente sobre as estruturas, muitas vezes de forma invisível ao olhar humano, mas com potencial deteriorante acumulativo.
Nos últimos anos, sensores como FBGs (Fiber Bragg Gratings), acelerômetros e extensômetros começaram a ser integrados diretamente à malha interna dos cabos, possibilitando a coleta contínua de dados estruturais. Diferente dos sensores superficiais, esses dispositivos funcionam como termômetros embutidos no coração do aço, capazes de captar alterações sutis de tensão, torção ou temperatura, que são sinais muitas vezes precursores de falhas.
A principal vantagem desses sistemas está na capacidade de transformar inspeções esporádicas em monitoramento contínuo, remoto e preditivo. Em vez de depender da inspeção visual tradicional, muitas vezes com limitações impostas por dificuldade de acesso ou restrições climáticas, é possível dispor de uma base sólida de dados operacionais para tomar decisões embasadas.
Mais segurança para operações offshore - Essa lógica também se estende ao offshore. Plataformas de petróleo ancoradas por cabos de aço operam sob pressão constante de fatores externos como salinidade, correntes marítimas e tempestades tropicais.
O uso de cabos com sensores embarcados nessas linhas de ancoragem permite detectar variações de tensão e desgaste por fadiga com semanas de antecedência. Em ambientes onde cada hora de parada custa milhões, essa capacidade preditiva se traduz em ganho direto de segurança, produtividade e rentabilidade.
Além disso, a integração desses sensores com plataformas de análise em nuvem e inteligência artificial permite a construção de gêmeos digitais: modelos virtuais que replicam o comportamento da estrutura física em tempo real. Essa simulação contínua viabiliza testes de carga, análises de falha e ajustes operacionais com base em dados reais, reduzindo drasticamente a margem de erro técnico.
No Brasil, as universidades têm contribuído com avanços importantes. Pesquisas da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) demonstram a viabilidade técnica de sensores embarcados em cabos nacionais, com resultados promissores em termos de precisão, durabilidade e custo de implantação.
Ainda assim, há muitas barreiras a serem vencidas. O alto custo inicial de sensores especializados, a ausência de normatização clara para sensores embutidos em cabos e a escassez de profissionais com formação multidisciplinar em engenharia e análise de dados são entraves que precisam ser enfrentados.
Cultura da prevenção precisa avançar - Sabemos que falhas críticas não acontecem de forma inesperada, mas sim pela falta de monitoramento adequado. O recente histórico brasileiro de acidentes causados pelo colapso de estruturas mostra que o desafio não é apenas técnico, mas também cultural. A indústria precisa abandonar a lógica de manutenção corretiva e adotar uma abordagem baseada em prevenção e inteligência estrutural.
Nesse sentido, o avanço dos cabos de aço inteligentes representa muito mais do que um salto tecnológico. É a materialização de uma nova mentalidade sobre segurança, eficiência e sustentabilidade estrutural. Para o Brasil, essa inovação não é apenas bem-vinda, mas indispensável.
Por Leandro Bieco, Engenheiro Civil e Especialista em Içamento de Cargas e Máquinas da Acro Cabos*
13 de maio 2025
12 de maio 2025
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