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A busca pela excelência no rental

Novas práticas e tecnologias vêm impulsionando o setor de locação no país, inserindo a excelência operacional como maior diferencial nas atividades

Redação

21/07/2021 11h00 | Atualizada em 05/09/2021 22h28


Aos poucos, o setor de rental vem amadurecendo no Brasil. Durante apresentação na Smart.Con, o diretor de máquinas e suprimentos da Lafaete, Carlos Ribeiro, destacou que esse mercado ainda é bastante restrito no país, embora tenha crescido nos últimos anos.

Segundo ele, atualmente a locação representa 30% do volume de máquinas no Brasil, o dobro do que era há dez anos, enquanto em outros países – principalmente na Europa – esse índice já chega a 60%.

Além disso, há uma grande variação entre os players, mas sempre com alta demanda de capital intensivo. “Frente ao custo de captação financeira, o equilíbrio de preços é extremamente importante, pois não é um me

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Aos poucos, o setor de rental vem amadurecendo no Brasil. Durante apresentação na Smart.Con, o diretor de máquinas e suprimentos da Lafaete, Carlos Ribeiro, destacou que esse mercado ainda é bastante restrito no país, embora tenha crescido nos últimos anos.

Segundo ele, atualmente a locação representa 30% do volume de máquinas no Brasil, o dobro do que era há dez anos, enquanto em outros países – principalmente na Europa – esse índice já chega a 60%.

Além disso, há uma grande variação entre os players, mas sempre com alta demanda de capital intensivo. “Frente ao custo de captação financeira, o equilíbrio de preços é extremamente importante, pois não é um mercado com grandes margens”, avaliou. “Sem falar que os custos de manutenção também vêm subindo.”

Na visão do diretor da Mills, Daniel Brugioni, o setor de fato vem sendo bastante pressionado nos últimos anos, com crescimento da oferta, baixa utilização, aumento do valor de investimento e preços depreciados.

A taxa de ocupação tem melhorado, mas o equilíbrio ainda está longe, disse ele, inclusive com a produção de máquinas mais lenta que a demanda. “Não tem peça de reposição e há grandes atrasos na entrega”, comentou Brugioni, apontando que fatores como a diversificação de mercados é o que tem ajudado mais. “Os serviços essenciais compensaram a parada em eventos durante a pandemia”, afirmou.

Em geral, frisou o executivo, o rental ainda é bastante pulverizado no Brasil, com muitas empresas familiares e de pequeno porte, o que torna a boa gestão primordial. “Precisa levar conhecimento para os menores, que fazem o cálculo pelo valor de aquisição e não de reposição da máquina”, ponderou.

Para ele, a profissionalização do setor passa pelo foco em manutenção, aumentando a confiabilidade e a disponibilidade por meio de preditivas, assim como incorporando tecnologias e treinamentos. “Uma das responsabilidades do locador é fazer conta junto aos clientes, mostrar que o custo total é vantajoso”, ressaltou o diretor.

Para 2022, o especialista acredita que as expectativas são boas, apesar da persistente instabilidade do mercado. “Com maior segurança jurídica, a iniciativa privada tende a entrar nos grandes projetos de concessões”, apontou. “Mas é difícil alguém dizer que aposta todas as fichas nisso.”

GESTÃO DE CUSTOS

Por sua vez, o COO (Chief Operating Officer) da Mills, Eduardo Lema, apontou na Smart.Con que a indústria da locação conta com uma série de custos que não são tão evidentes em relação aos ativos.

“E esses custos ocultos não são tão fáceis de identificar”, disse ele. “São custos com mão de obra, filiais, peças, insumos e mesmo danos aos equipamentos.”

Nos últimos anos, com a crise no setor e a sobreoferta de máquinas, muitas empresas deixaram de fazer a recuperação de danos, ficando com mais esse custo. “É importante passar o procedimento correto aos clientes para que tenham cuidado com as máquinas”, completou.

O tempo em que o ativo fica parado também deve ser considerado. “Mesmo sem utilização, o ativo continua a ser depreciado e a gerar custos financeiros”, observou Lema.

“A vida útil do equipamento também integra esse custo, que acaba tendo uma diminuição ao longo do tempo, desde que a utilização e a manutenção corretas permitam que seja utilizado por mais tempo”, afirmou.

A preventiva é a parte mais relevante nesse sentido, ao evitar pequenos problemas que podem se tornar maiores. “Temporariamente, há um custo maior, mas logo o custo recorrente se mostra mais baixo, com ganhos em qualidade e vida útil”, assegurou Lema.

“Se a demanda e a capacidade de produção estão bem-equilibradas, consegue-se ter um downtime estável e baixo ao longo do tempo”, prosseguiu.

Segundo ele, a média de idade das frotas também vem aumentando de forma expressiva no país. “Principalmente porque os preços não se atualizaram, impedindo de se fazer o processo natural de renovação”, indicou.

Além disso, uma avaliação mais abrangente de TCO (Total Cost Ownership) deve levar em conta não apenas o preço de aquisição, mas ainda o consumo e a mão de obra de serviços ao longo da utilização do produto.

“Desse modo, um equipamento pode ser mais caro na aquisição, mas ter menor custo de manutenção, permitindo um melhor preço de venda no final da vida útil”, delineou o executivo.

FORMAÇÃO DE PREÇOS

Em sua fala na Smart.Con, o diretor de expansão da Casa do Construtor, Bruno Arena, assinalou que a formação de preço é de vital importância para o setor.

Atuando com a linha leve (general tools) para autoconstrução, o executivo destacou a necessidade de se fazer corretamente as contas, em um momento de reajustes seguidos nos custos dos equipamentos.

“Apesar do aquecimento da demanda, a relação entre as margens de faturamento e as despesas está se achatando, o que vem gerando desconforto”, disse.

De acordo com ele, a avaliação do custo do equipamento deve incluir a taxa de retorno esperada com um mínimo de 2% na rentabilidade (baseada na divisão do resultado operacional pelo custo do ativo), além do custo percentual de material (de 40 a 70%), riscos e perdas (1%), inadimplência (2%) e ociosidade (de 20 a 30%), considerando ainda a sazonalidade.

“Para chegar ao valor mínimo do pedido, essa projeção também deve levar em consideração a vida útil do equipamento, a percepção de valor pelo cliente e a exclusividade do produto”, sublinhou Arena, destacando que esse cálculo muitas vezes inviabiliza a manutenção de determinados produtos no portfólio.

“Nesse caso, precisa avaliar se o produto constitui um diferencial competitivo, senão o negócio vai quebrando aos poucos, consumindo o giro de ativos, que partem de uma base nova e, em questão de alguns anos, viram sucata”, esclareceu.

SEGURANÇA DE CONTRATOS

A maturidade do rental também está atrelada às garantias de responsabilidades em contratos, que abrigam aspectos “sensíveis”, conforme ressaltou Renato Leal, sócio da Renato Leal Advogados Associados, especialista em locação de bens móveis.

De acordo com ele, é necessário garantir o mínimo de segurança de que o locador vai receber pelo serviço e ter o ativo de volta. “Há um ponto em comum com a locação de imóveis, com a diferença de que pode haver extravio ou danos aos bens, que são valiosos”, afirmou.

Em caso de problema na análise de crédito, existem garantias como a coobrigação solidária ou fiança (Art. 818), mas os contratos sociais e estatutos das empresas muitas vezes vedam essa modalidade, que basicamente é um “contrato de favor”, sem benefícios a quem dá o aval.

“Isso configura uma fragilidade”, aponta o advogado. “Então, a sugestão é exigir outra empresa como co-locatário (Art. 1.647), ou quantas precisar, que também tenham interesse na obra”, orientou Leal.

No que se refere à dinâmica do contrato (Art. 566), o advogado ressaltou que a responsabilidade do locador é disponibilizar o bem e garantir a segurança do equipamento (qualidade), assim como a posse (propriedade) e a assistência técnica (manutenção) do bem.

“Mas aqui incide um aspecto de responsabilidade civil e tributação”, alerta. “A Lei complementar 116/2003 excluiu a incidência de Imposto Sobre Serviços (ISS), pois a locação não é prestação de serviço, mas disponibilização de bem mediante remuneração por prazo determinado”, disse ele.

Porém, podem existir serviços secundários, que não devem se tornar a atividade principal do contrato. “Nesse caso, corre-se sério risco se o serviço se tornar tão frequente a ponto de desnaturar o contrato e, portanto, gerar tributação”, advertiu Leal.

TECNOLOGIA EM EQUIPAMENTOS

No aspecto da tecnologia, cada vez mais crucial para o rental, o especialista em guindastes da Liebherr, Alexandre Mariano, destacou na Smart.Con algumas soluções que permitem a otimização do layout no canteiro de obras via rental.

“A tecnologia gera velocidade e economia nos canteiros, com alta exigência em termos de segurança”, disse ele. “Mas o Brasil ainda deixa a desejar em termos de cultura de mecanização.”

Dentre as recentes inovações para guindastes móveis sobre pneus, Mariano cita o ‘VarioBase’, uma solução relacionada ao sistema de apoio do equipamento e que permite que o guindaste seja apoiado em diferentes condições, com variação na abertura das patolas.

“A máquina monitora a ação e gera uma tabela de carga para cada posição, permitindo o aumento da capacidade, independentemente da condição operacional”, descreveu.

Outra tecnologia citada foi o ‘VarioBallast’, uma evolução do contrapeso variável, conceito introduzido há cerca de dez anos, mas que vem ganhando atualizações com a acelerada evolução do sensoriamento.

Acionado hidraulicamente, o sistema permite a interpolação (ou seja, diferentes posições) e ajuste do raio de operação do contrapeso, o que é útil em condições de restrição de espaço.

“Uma vez içada a carga, o guindaste começa a girar, deslocando o centro de gravidade e, consequentemente, alterando a capacidade”, destacou Mariano.

CUSTOMIZAÇÃO DE MÁQUINAS

No campo técnico, o rental vem ganhando cada vez mais opções operacionais, até mesmo com soluções sob medida. Um exemplo disso é o Grupo AIZ, desenvolvedor nacional de produtos especiais que customiza máquinas pesadas para venda e locação.

Em tempos recentes, a empresa desenvolveu soluções de operação remota, por exemplo. Com tecnologia de rádio controle, as soluções são empregadas em áreas de risco.

“Com toda a tecnologia disponível atualmente, é inaceitável expor as pessoas”, afirmou Ronaldo Fernandes, engenheiro de aplicação da empresa.

Os projetos podem ser embarcados em qualquer tipo de máquina com transmissão automática, ele explicou. Com câmeras distribuídas por todo o equipamento, a comunicação é feita por sistemas de GNSS (Global Navigation Satellite System) e GPS 3D (Global Positioning System) de alta precisão.

“Quando não há internet é possível usar o rádio, até mesmo com repetidores de sinal ponto a ponto para distâncias maiores, o que pode ser expandido indefinidamente”, acentuou.

Além da operação remota, a AIZ se especializou ainda na nacionalização de produtos complexos feito sob demanda, como o track dumper TD 60310 (com 60 t de Peso Bruto Total Combinado, 310 hp e caçamba de 20 m3), um trator-caçamba sobre esteiras que substitui caminhão e trator de esteiras simultaneamente.

Equipado com lâmina traseira para espalhamento, o equipamento tem capacidade de inclinação de 35º carregado com 30 t. “Com esteira de 1 m x 6,5 m, essa solução tem mais de 800 vezes de contato com o solo que o caminhão, diminuindo a pressão em áreas instáveis”, detalhou o engenheiro.

LOGÍSTICA NOS CANTEIROS

Com o avanço digital, a própria operação vem ganhando agilidade e segurança nos canteiros. Integrante do Grupo Zech, a HTB Engenharia e Construção já executou mais de 600 obras, com 4 milhões de m3 de concreto aplicado, em projetos próprios e sob demanda.

Com tamanho lastro operacional, a empresa sentiu a necessidade de valorizar novas estratégias logísticas para os canteiros de obras, buscando melhorar continuamente os índices de qualidade, custo e prazo de suas operações.

Por meio do PHEO (Programa HTB de Excelência Operacional), a cultura da excelência da empresa assimilou novos princípios para simplificar os processos, padronizar as metodologias e ferramentas e, ainda, implementar softwares de gestão alinhados à filosofia lean.

Segundo Ricardo Pachiega, gerente de logística da HTB, a padronização e uniformização são consideradas desde a obtenção do contrato até a finalização da obra, em um fluxo contínuo de produção.

“A empresa entra fundo na parte de recebimento, programação e movimentação dos insumos nas obras”, assegurou.

Para tanto, é fundamental a implementação de softwares para acompanhamento dos índices gerados a partir dos estoques das obras, garantindo a entrega dos produtos no momento certo.

“As diretrizes de planejamento e logística são áreas coirmãs dentro desse processo, definindo a mobilização e desmobilização dos canteiros, o recebimento das cargas, as melhores áreas onde deixar o material e a localização dos equipamentos rodantes (pranchas)”, observou o gerente.

Nesse foco logístico ajustado, o processo de transporte, movimentação e estoque tem lugar especial, gerando indicadores das operações.

“Buscamos novas soluções por meio de parcerias com startups, logtechs e construtechs para a movimentação mecanizada de insumos e balanceamento do nível de estoque”, acrescentou.

Nessa estratégia, também há espaço para a mecanização e a modularização. Para uma mobilização mais rápida das equipes, foi adotada uma solução veicular (ônibus-trailer) e sistemas modulares off-site, que já chegam montados para a obra.

“Essa solução reduziu a mobilização de 15 dias para 72 horas, mas na prática não excede 48 horas”, completou Pachiega.

INDUSTRIALIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO

Como se vê, a industrialização faz total sentido quando é preciso entregar obras com mais rapidez, principalmente em um setor com muita perda, como é a construção.

Segundo Alexandre Pandolfo, diretor comercial da AutoDoc e líder de operações da Abrasfe (Associação Brasileira de Fôrmas, Escoramentos e Acesso), a construção off-site dá garantia de homogeneidade do material, já que se consegue ter a fabricação e montagem em ambiente controlado.

“É preciso gastar mais tempo em projeto e menos na execução”, disse ele na Smart.Con. “Assim como ter mais equipamentos que gente nos canteiros.”

Na mesma linha, o consultor de engenharia da Abrasfe (Associação Brasileira de Fôrmas, Escoramentos e Acesso), Jefferson Silva, destacou que a construção industrializada e modular não é algo tão complexo, mas que precisa ser muito bem-preparada.

“Transformar a construção em uma linha de montagem requer a aplicação de sistema pré-fabricados, que chegam prontos para serem aplicados ou são executados no próprio canteiro de obra”, reforçou.

“Esse conceito garante benefícios como padronização, redução de desperdícios e necessidade de mão de obra e agilidade”, ele garantiu, destacando que geralmente não há espaço para fabricação in loco das peças, que são produzidas em outro local e enviadas para a obra.

Segundo Silva, a modularidade também permite operações simultâneas, acelerando o processo. “Assim como um maior controle sobre os recursos mobilizados no projeto, evitando desperdícios, com apenas o mínimo necessário”, ressaltou.

“Atualmente, a necessidade de alto investimento já não é mais desculpa, pois dá para fazer melhor indo atrás da informação”, pontuou.

INTEGRAÇÃO DE BIM

Estudo realizado no ano passado pelo IDC InfoBrief com um grupo de 12 países mostrou que o Brasil é o mais avançado em termos de investimentos em softwares e metodologias BIM. Por outro lado, também é o mais atrasado quando se fala na adoção de tecnologias como captura de realidade, big data e inteligência artificial.

A informação foi passada na Smart.Con por Chase Dixon Olson, CEO da Smart Sky Tech Hub, que destacou como as tecnologias de captura de realidade podem ser utilizadas no desenvolvimento e integração com BIM.

“O mercado já trabalha bem o modelo em fase de projeto, simulações 4D e até 5D, mas ainda há algumas barreiras quando se leva isso para a obra, sendo a principal o fato de que a captura, medição e alimentação desses dados continuam manuais”, disse ele. “E isso acaba sendo demorado e ineficiente.”

Segundo ele, a estratégia de BI (Business Intelligence) passa por três fases: digitalização da operação, integração de softwares de engenharia e Inteligência artificial. A primeira fase ocorre por meio da junção de captura da realidade às ferramentas 3D, com o objetivo de capturar o ativo físico e processar os dados para que o representem em ambiente digital, com precisão centimétrica ou – dependendo da tecnologia aplicada – milimétrica.

“Os dados capturados por drones ou outras tecnologias como Laser Scanner, fotogrametria e câmera 360 podem ser apresentados em arquivos como ortomosaico, modelo digital ou nuvens de pontos, nesse caso compostas por milhões de pixels com características de longitude, latitude, altitude e cor, gerando um ambiente real que permite medições, perfis e análises quantitativas, com referência visual detalhada”, explicou o executivo.

Essas ferramentas embasam tanto a prospecção greenfield quanto o mapeamento terrestre, a topografia de solo e a fase construtiva, incluindo o acompanhamento de obra, com possibilidade de extração de dados multidisciplinares.

Para tanto, são utilizados diferentes softwares, incluindo levantamento por drone processado em Site Scan, estudos iniciais em InfraWorks e, por fim, detalhamento em Civil 3D, por exemplo.

“Aquela realidade de entrar em uma obra e abrir dez pranchas de plantas é coisa do passado”, comentou Olsen. “Hoje, o certo é abrir um computador e todos acompanharem, com um dado muito mais preciso e visual.”

Além do Laser Scanner, uma ferramenta de alta precisão e que exige subcontratação, o especialista também apresentou a tecnologia Matterport, composta por vários tipos de sensores e um processador de dados que, a partir de mapeamento e registro fotográfico, gera modelos digitais dos elementos estruturais idênticos ao real, com ganhos expressivos de tempo e precisão.

“Extremamente fácil de utilizar, essa tecnologia agrega valor em diversas etapas, sendo capaz de gerar inúmeros tipos de produtos de forma totalmente automática”, contou Olson na Smart.Con.

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