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Revista GC - Ed.102 - Mai/Jun 2023
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ESPECIAL SANEAMENTO

As exigências de uma obra de saneamento

Pela complexidade e por impactarem áreas urbanas, obras no setor exigem projetos integrados e bem-amarrados, além de máquinas adequadas e uso de tecnologias específicas
Por Marcelo de Valécio

De acordo com o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), para o país alcançar a meta de universalização do saneamento básico até 2033 será necessário construir cerca de 13,5 milhões de novas ligações de esgoto e mais de 14 milhões de ligações de água, o que exige investimentos de aproximadamente R$ 415 bilhões.

O Plansab consiste no planejamento integrado do saneamento básico, considerando seus quatro componentes principais – abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, coleta de lixo e manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas.

Em 2020, foi promulgada a Lei no 14.026, que promoveu a reforma do Marco Legal do Saneamento no Brasil, estipulando que, até 2033, 99% da população brasileira tenha acesso à água tratada e 90% à coleta e tratamento de esgoto. Além disso, a lei estabeleceu que o índice de perda de distribuição de água deve ser reduzido dos atuais 40% para 25% no mesmo prazo. As metas devem ser cumpridas pelos prestadores de serviço, públicos ou privados.

Para fazer frente a isso, o número de obras no setor deve crescer substancialmente ao longo dos anos. E, de acordo com fontes do setor, isso já vem ocorrendo. “O marco regulatório foi sancionado em julho de 2020. De lá para cá, os números de investimentos têm crescido ano a ano e devem somar R$ 24,6 bilhões em 2023”, afirma Renzo José Pampanelli V. Marques, assessor comercial da Barbosa Mello Construtora.

Em 2020, foram aplicados aproximadamente R$ 13 bilhões em saneamento no país, enquanto em 2019 o investimento foi de R$ 15 bilhões. Segundo Augusto Dirceu Daher, gerente de contrato da CTL Engenharia, o setor vem reagindo. “A estimativa é de um mercado aquecido nos próximos anos, devido ao prazo estabelecido no marco regulatório”, sustenta. “Com isso, as companhias estão correndo para atender as demandas.&rd


De acordo com o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), para o país alcançar a meta de universalização do saneamento básico até 2033 será necessário construir cerca de 13,5 milhões de novas ligações de esgoto e mais de 14 milhões de ligações de água, o que exige investimentos de aproximadamente R$ 415 bilhões.

O Plansab consiste no planejamento integrado do saneamento básico, considerando seus quatro componentes principais – abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, coleta de lixo e manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas.

Em 2020, foi promulgada a Lei no 14.026, que promoveu a reforma do Marco Legal do Saneamento no Brasil, estipulando que, até 2033, 99% da população brasileira tenha acesso à água tratada e 90% à coleta e tratamento de esgoto. Além disso, a lei estabeleceu que o índice de perda de distribuição de água deve ser reduzido dos atuais 40% para 25% no mesmo prazo. As metas devem ser cumpridas pelos prestadores de serviço, públicos ou privados.

Para fazer frente a isso, o número de obras no setor deve crescer substancialmente ao longo dos anos. E, de acordo com fontes do setor, isso já vem ocorrendo. “O marco regulatório foi sancionado em julho de 2020. De lá para cá, os números de investimentos têm crescido ano a ano e devem somar R$ 24,6 bilhões em 2023”, afirma Renzo José Pampanelli V. Marques, assessor comercial da Barbosa Mello Construtora.

Em 2020, foram aplicados aproximadamente R$ 13 bilhões em saneamento no país, enquanto em 2019 o investimento foi de R$ 15 bilhões. Segundo Augusto Dirceu Daher, gerente de contrato da CTL Engenharia, o setor vem reagindo. “A estimativa é de um mercado aquecido nos próximos anos, devido ao prazo estabelecido no marco regulatório”, sustenta. “Com isso, as companhias estão correndo para atender as demandas.”

Para Antonio Carlos Sampaio, diretor comercial do Grupo H2O Ambiental, o aumento do fluxo de obras após a aprovação do novo Marco Legal tem sido além do esperado. “A variação está acima de 100%”, diz ele, destacando que isso se deve principalmente ao aumento da participação da iniciativa privada no setor, uma das características da atualização do marco. De fato, o novo marco regulatório fomentou a participação de investimentos privados.

“Foram estabelecidas regras na dinâmica de renovação dos contratos de prestação dos serviços, bem como a necessidade de indicação de fonte de recursos atrelada à previsão de investimentos públicos e privados”, esclarece Marques, da Barbosa Mello.

Geralmente, contratos privados são mais flexíveis do que os públicos, asseguram os especialistas. “Os contratos públicos costumam ser mais rígidos na questão de atendimentos dos marcos e prazos contratuais”, diz Daher, da CTL.

“Atualmente, a maioria dos contratos é de modelos integrados ou semi-integrados. Isso faz com que a contratada tenha liberdade na melhoria do projeto, trazendo eficiência para o objeto do contrato por meio de soluções de engenharia”, completa.

FRENTE DE OBRA

Em geral, as obras nesse segmento são constituídas de grandes estruturas que devem ser perenizadas e ampliadas ao longo dos anos. Normalmente, envolvem alguma complexidade em vista da aplicação de normas das engenharias civil, mecânica, elétrica, química e de automação.

“Em geral, as obras de saneamento compreendem a construção de adutoras, reservatórios, montagens de sistemas de bombeamento, barragens de acumulação e estações de tratamento”, explica Marques. “Os escopos são obras de concreto, montagem eletromecânica, abertura e recomposição de valas para assentamento de tubos e, em alguns casos, construções de barragens de acumulação.”

Segundo a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), boa parte das estruturas é composta por tubulações de diferentes diâmetros, sendo os mais frequentes de 50 a 600 mm, podendo ser aplicadas, em alguns casos, tubulações com diâmetros superiores a 1 m. Quase sempre as estruturas de saneamento são de concreto armado, porém, abrigam também equipamentos eletromecânicos necessários ao bombeamento de líquidos, bem como válvulas e outros equipamentos hidráulicos.


Obras de saneamento mobilizam máquinas pesadas para construção de adutoras, reservatórios, barragens de acumulação e estações de tratamento e bombeamento

O setor de saneamento exige a construção de estruturas subterrâneas e, por isso, as obras dependem muito de equipamentos de escavação. Uma máquina bastante utilizada é a retroescavadeira, pela versatilidade, capacidade de deslocamento e agilidade para escavação e carga de material escavado ou destinado ao descarte.

Para uma frente de obra, normalmente são usados também equipamentos de terraplenagem, como escavadeiras, pás carregadeiras, caminhões basculantes 6x4 com capacidade para até 20 t de carga útil, caminhões para transporte de equipamentos e material em geral, guindautos, basculantes, rolos compactadores vibratórios, caminhões-betoneira e caminhões-pipa. A depender da obra, máquinas de solda, bombas hidráulicas, compressores de ar e geradores de energia também são exigidos.

Já o tamanho da frota varia de acordo com o porte do sistema que será operado, sendo dimensionado de acordo com o tamanho e a complexidade da estrutura a ser implantada, bem como do tempo de obra planejado para a conclusão. A quantidade de equipamentos irá variar com o tipo de serviço executado e a demanda adicional de trabalho.

“Habitualmente, tanto para água como para esgoto, o trabalho mobiliza aproximadamente de cinco a sete equipamentos, de pequeno e grande porte”, informa Daher, acrescentando que em obras sem barragens são usados caminhões e escavadeiras de porte médio e pequeno. “Já as obras com barragens exigem ainda equipamentos de terraplenagem”, completa.

A depender do serviço, também há equipes com encarregados, bombeiros e ajudantes. “O tamanho dessa frente varia de acordo com a dificuldade de execução e dos diâmetros das tubulações”, destaca Humberto de Mello Filho, diretor técnico e de projetos da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae).

Na execução das redes, trabalha-se basicamente com retroescavadeira e caminhão basculante. “São equipamentos essenciais na escavação de valas e assentamento de redes”, comenta Daher. “Boa parte do ritmo de obra deve-se ao trabalho em conjunto desses dois equipamentos.”

Além disso, veículos de passageiros ou mesmo utilitários de pequeno e médio porte também são utilizados para gestão, supervisão e fiscalização de obras e serviços, inclusive de topografia, imprescindível para a execução fiel dos projetos.

DESAFIOS

Em uma frente de trabalho de saneamento há diversos desafios técnicos que precisam ser vencidos. “Antes do início de uma nova frente de serviço, costumamos realizar sondagens e análise local, para mapear possíveis interferências que possam vir a atrapalhar futuramente”, frisa Daher. Contudo, o gerente ressalta que, algumas vezes, os cadastros e as sondagens não são suficientes para evitar problemas.

“Durante a execução de escavação e assentamento da nova rede, é comum nos depararmos com novas interferências, o que obriga a analisar e encontrar uma solução de engenharia que afete o mínimo possível o projeto”, observa.


Mapeamento das condições geológicas e hidrológicas do terreno é fundamental na abertura de valas

Por sua vez, as condições geológicas e hidrológicas do terreno – como a presença de rochas, solos instáveis e lençóis freáticos – podem afetar a abertura das valas. A obra pode exigir também a escavação de valas ou a construção de poços de visita em grandes profundidades ou em áreas com altitudes elevadas, aumentando a complexidade e demandando equipamentos e técnicas especiais de perfuração.

A integração com outras redes de infraestrutura (como água, energia elétrica ou gás) é mais uma condição crítica a ser analisada, principalmente quando não estão devidamente mapeadas.

“Outro problema enfrentado é o regime de chuvas”, lembra Marques. “Por isso, é importante contar com um planejamento compatível com a complexidade da obra, conciliando projeto e execução, entrega de materiais e liberação das frentes de serviços.”

Em sua maioria, as obras de saneamento se caracterizam por serem executadas em áreas urbanas ou de expansão urbana. Sendo assim, precisam ser planejadas de forma integrada, considerando não apenas a coleta e o tratamento de resíduos, mas também o planejamento urbano e o desenvolvimento sustentável da região, visando minimizar os impactos.

“As obras normalmente são lineares e de rápida execução, porém implicam grandes intervenções no cotidiano da comunidade durante o período de construção”, acentua Daher. “Isso inclui a execução de valas para assentamento de tubulações, além de obras civis complementares, que auxiliam no funcionamento do sistema.”

Tais transtornos, ainda que temporários, afetam residências, comércios e o trânsito de veículos e pedestres. A poeira e os ruídos de máquinas e equipamentos, por exemplo, incomodam a maioria das pessoas.

“A interface com os usuários das vias públicas é, sem dúvida, um dos maiores desafios, pois são obras implantadas com a utilização das vias”, afirma Mello Filho. “Por outro lado, a expansão das redes em locais onde não há urbanização representa outro desafio.”

Ações de mobilização social têm sido a tônica para dissipar potenciais rejeições, apostando no conhecimento dos benefícios esperados para a comunidade local, destaca a Copasa. “Montar um estudo técnico preliminar e um projeto adequado, além de contar com um bom executor nas frentes de obras civis e eletromecânicas, pode ajudar a minimizar os problemas”, acrescenta Sampaio.

Os impactos ao meio ambiente durante a execução da obra são outra questão sensível. Em algumas frentes de trabalho, pode ser necessário tratar os efluentes e resíduos gerados pela obra, o que exige a instalação de equipamentos e sistemas específicos de tratamento, com a adoção adicional de medidas de segurança para evitar danos.

No que diz respeito à execução, há casos em que a obra precisa ser feita com emprego maciço de mão de obra braçal, em vista da impossibilidade do uso de máquinas. Nesses casos, portanto, também pode envolver riscos para a segurança e a saúde dos trabalhadores, bem como para a população local, sendo necessário adotar medidas de gestão de riscos para eliminar ou minimizar problemas.

SOLUÇÕES

De acordo com a Copasa, a logística das obras de saneamento é relativamente simples, visto que – como citado acima – são normalmente de desenvolvimento linear. Em alguns casos, porém, podem surgir dificuldades na disposição do material junto às frentes de trabalho, devido principalmente à falta ou dificuldade de acesso.

É o caso de construções de reservatórios em áreas de periferia, morros com ocupações irregulares, margens de cursos d’água com ocupação consolidada e áreas de proteção ambiental, assim como nos chamados “fundos de vale”. No caso de obras de esgoto, por exemplo, a implantação do sistema de tratamento sanitário requer a instalação de tubulações interceptoras às margens de cursos d’água, o que nem sempre é simples, devido às eventuais ocupações irregulares ou consolidadas existentes nesses locais.


Lineares e de rápida execução, obras acarretam intervenções no cotidiano da comunidade durante a construção

Para suplantar os inconvenientes, “a logística tem que ser muito bem-trabalhada, para não gerar horas improdutivas de deslocamento e necessidade de acréscimo de recursos para realização das atividades principais”, como esclarece Daher. Com isso, as frentes de serviço procuram levar apenas os insumos necessários para a realização da atividade. “Além disso, a comunicação é primordial, pois pode haver equipes próximas que conseguem ajudar e compartilhar recursos para trazer maior agilidade às atividades”, completa o gerente.

O uso da tecnologia é outro fator que contribui para solucionar alguns problemas enfrentados em obras de saneamento. Segundo levantamento da Copasa, o número crescente de concreteiras especializadas no fornecimento de diferentes tipos de concreto, mais adequados à aplicação em estruturas destinadas a sistemas de esgotamento sanitário, tem se mostrado uma valiosa contribuição para o aumento da qualidade e durabilidade dessas estruturas.

Também contribui para ganhos de qualidade o uso de materiais alternativos na fabricação de tubos e conexões, como polietileno de alta densidade (PEAD) em substituição ao PVC e ao ferro fundido, bem como o uso de fibra de vidro reforçada na construção de tanques, reservatórios e tubulações.

“A tecnologia consegue trazer agilidade à execução das atividades, principalmente com a produção de materiais mais leves e resistentes”, frisa Daher. “O PEAD se mostra uma solução mais adequada principalmente para uso como interceptores, por serem mais leves, mais fáceis de serem aplicados e mais flexíveis.”

TECNOLOGIAS

Mas as novas tecnologias não se restringem a materiais. A utilização de softwares de gerenciamento de projetos e controle de qualidade, por exemplo, contribui decisivamente para um planejamento e execução mais eficientes em uma obra de saneamento.


Uso de novas tecnologias permite conclusão mais rápida das obras, mantendo a qualidade de produção

Tecnologias avançadas de automação industrial, como sistemas de controle de processos e monitoramento remoto de redes de distribuição, assim como a utilização de máquinas controladas a distância, são soluções em alta no setor.

Outras aplicações da tecnologia incluem o uso de drones e satélites para coleta de informações precisas sobre o terreno, além de realidade aumentada, simulando a obra antes do início dos trabalhos, e até mesmo impressão 3D, para produzir peças de concreto pré-fabricado. “Sistemas com mais eficiência, menos consumo de energia e mais compactos vêm impulsionando a produtividade nesse tipo de obra”, salienta Marques.

Na área de tratamento de água, a tecnologia atual permite entregar a obra com qualidade em prazos bem menores, como é o caso de reservatórios e unidades de microfiltração e ultrafiltração.

“Isso sem falar da evolução dos métodos não destrutivos para execução de redes, que possibilitam ganhos de velocidade e redução de impactos nos canteiros”, assinala Mello Filho.

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