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Revista GC - Ed.108 - Maio/Junho de 2025
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ESPECIAL SANEAMENTO

O combate às enchentes nas grandes cidades

Vulnerabilidade estrutural das cidades brasileiras diante de eventos climáticos extremos se torna cada vez mais crítica, impulsionando a busca por soluções mais eficientes e inovadoras
Por Marcelo de Valécio

Imagem:CONCRESUL


As fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul em 2024, considerada a pior tragédia climática da história do estado, provocaram a morte de centenas de pessoas e deixaram milhares de desabrigados, afetando direta ou indiretamente mais de 2 milhões de habitantes de 471 municípios. No início de 2025, as enchentes também voltaram a castigar a Grande São Paulo, expondo uma realidade que se repete ano após ano: a infraestrutura urbana do país não dá conta da nova realidade climática. Rios transbordando, vias bloqueadas, bairros inteiros debaixo d’água e milhares de pessoas desalojadas já se tornaram uma cena comum em diversas regiões metropolitanas.

E, para piorar, eventos climáticos extremos tendem a se tornar cada vez mais comuns. Levantamento do Instituto Trata Brasil de 2023 indica que, nos últimos anos, foram registrados cerca de 30 mil eventos hidrológicos impacta


Imagem:CONCRESUL


As fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul em 2024, considerada a pior tragédia climática da história do estado, provocaram a morte de centenas de pessoas e deixaram milhares de desabrigados, afetando direta ou indiretamente mais de 2 milhões de habitantes de 471 municípios. No início de 2025, as enchentes também voltaram a castigar a Grande São Paulo, expondo uma realidade que se repete ano após ano: a infraestrutura urbana do país não dá conta da nova realidade climática. Rios transbordando, vias bloqueadas, bairros inteiros debaixo d’água e milhares de pessoas desalojadas já se tornaram uma cena comum em diversas regiões metropolitanas.

E, para piorar, eventos climáticos extremos tendem a se tornar cada vez mais comuns. Levantamento do Instituto Trata Brasil de 2023 indica que, nos últimos anos, foram registrados cerca de 30 mil eventos hidrológicos impactantes, como inundações e alagamentos. Para cada evento desses, uma média de 24,3 pessoas são impactadas, sejam desabrigadas ou desalojadas. Além disso, 137 pessoas a cada 100.000 habitantes são realocadas.

Além do risco de perda de vidas, esses eventos atingem diretamente o transporte urbano, provocando danos materiais, prejuízos econômicos e comprometimento de infraestruturas essenciais, como ruas, pontes, redes de esgoto e de água, colocando ainda em risco a saúde pública, com a proliferação de doenças como leptospirose e hepatite A.

No centro desse cenário desafiador estão sistemas defasados de drenagem, ocupações desordenadas e ausência de políticas públicas que tratem o tema com a urgência e a escala necessárias. Apesar de contar com uma rede de contenção composta por piscinões, galerias pluviais, canais retificados e sistemas de bombeamento, a infraestrutura da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), por exemplo, é incapaz de lidar com o volume e a frequência de chuvas intensas que têm se tornado cada vez mais comuns com o agravamento das mudanças climáticas.

Projetada em grande parte para um regime hídrico do século passado, essa estrutura mostra-se subdimensionada e mal distribuída, além de prejudicada por fatores como ocupação desordenada do solo, excesso de impermeabilização e degradação de áreas naturais que poderiam funcionar como zonas de amortecimento das cheias na região mais populosa e rica do país.

DEFASAGEM

A drenagem urbana é um dos pilares do saneamento básico, que inclui ainda acesso à água tratada, à coleta e tratamento dos esgotos e ao manejo de águas pluviais. Caso um deles não funcione, há risco de comprometimento de toda a cadeia, lembra Luana Pretto, presidente-executiva do Instituto Trata Brasil (ITB). “Quando não há drenagem urbana também não existe saneamento básico, pois durante as cheias o esgoto gerado nas casas se infiltra no solo e se mistura com a água da chuva”, diz ela. “E essa combinação traz em seu bojo uma série de doenças.”

No centro de um cenário desafiador estão sistemas defasados de drenagem, ocupações desordenadas e ausência de políticas públicas que tratem o tema com a urgência e a escala necessárias. Imagem:LAURO ALVES/SECOM


De acordo com a executiva, em 2023 o país investiu R$ 43,79 por ano por habitante em drenagem e manejo de águas pluviais, quando deveria estar investindo R$ 117 anuais por pessoa. Diagnóstico realizado pelo sistema nacional de informação e saneamento indicou que, dos 4.958 municípios que responderam ao módulo de drenagem urbana, apenas 263 (5,3%) afirmaram possuir plano diretor de drenagem. “Isso demonstra o gap bastante elevado nos investimentos desse segmento no país”, afirma Luana, destacando a necessidade de planejamento para que possa haver uma evolução. “Mas a realidade é outra, considerando que mais de 94,7% dos municípios sequer possuem plano diretor de drenagem urbana.”

Em números absolutos, o Brasil deveria investir, em média, R$ 22 bilhões ao ano em drenagem urbana. Porém, segundo a presidente do ITB, a média investida entre 2017 e 2023 não passou de R$ 10 bilhões. Outro ponto de atenção é que apenas 18% das 105 entidades reguladoras que atuam no saneamento básico possuem funções voltadas ao setor de drenagem e manejo de águas pluviais. “Ou seja, em grande parte dos municípios não há plano estruturado e não existem agências reguladoras fiscalizando o serviço”, frisa a especialista. “Tudo isso demonstra que precisamos evoluir muito em relação à drenagem urbana e colocar esse tema na agenda pública.”

Além da falta de recursos e de planejamento, os sistemas existentes carecem de manutenção adequada, como destaca o professor Manuel Carlos Reis Martins, coordenador executivo da certificação de sustentabilidade AQUA-HQE, da Fundação Vanzolini. “Nas cidades brasileiras predomina a drenagem convencional, com bocas de lobo, tubulações ou canais de concreto abertos ou fechados e piscinões”, ele comenta. “Apesar de importantes, os sistemas convencionais não são suficientes face à crescente impermeabilização nas cidades e ao aumento da incidência de chuvas mais volumosas e concentradas.”

Apenas 18% das 105 entidades reguladoras que atuam no saneamento básico possuem funções voltadas ao setor de drenagem e manejo de águas pluviais. Imagem:AGÊNCIA BRASIL


Além disso, o coordenador observa que esses sistemas carecem de manutenção e limpeza apropriadas, além de conscientização da própria população, no sentido de não descartar inadequadamente objetos e materiais, que acabam gerando entupimentos e restrições de vazão dos sistemas. De acordo com o professor, há um defeito de origem que ainda perdura, que é a expansão urbana desordenada. “Como se privilegia o transporte individual, ocorre impermeabilização e ocupação de áreas naturais de alagamento de córregos e rios, conhecidas como planícies de inundação, reduzindo as áreas verdes”, diz.

Nesse contexto, a população de menor renda passa a ocupar áreas mais suscetíveis a erosões, alagamentos e deslizamentos, sofrendo com seus efeitos. “Isso dificulta muito a integração dos projetos de drenagem no planejamento urbano”, assinala Martins. Segundo ele, mesmo um simples jardim de chuva, por exemplo, requer o uso de um espaço muitas vezes não disponível ou de custo elevado. “O mesmo vale para outras soluções sustentáveis, como reabertura e renaturalização de córregos e implantações de parque lineares permeáveis no entorno”, completa.

Expansão urbana desordenada está entre os fatores que agravam os efeitos devastadores das enchentes. Imagem:DIEGO VARA/AGÊNCIA BRASIL


CRISE CLIMÁTICA

Como se vê, os impactos são severos, exigindo a busca de soluções. Até porque, há fortes indícios de aumento na frequência e intensidade de chuvas concentradas e volumosas, segundo avaliação do especialista em Geologia e Geodinâmica de Desastres do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Pedro Ivo Camarinha. “Na faixa leste do Nordeste também existem evidências de intensificação desses eventos e, no caso da Amazônia, a situação é mais variável, pois a intensificação ocorre de forma cíclica, geralmente a cada três ou quatro anos, fortemente influenciada por fenômenos como El Niño e La Niña”, explica.

Para ele, está claro que as mudanças climáticas têm acelerado a frequência de eventos extremos, que acontecem com mais regularidade e, muitas vezes, em intensidade sem precedentes. Isso se soma a fatores como gestão ineficiente das bacias hidrográficas, ocupação irregular de encostas e intervenções que desestabilizam o solo. “Mesmo sem o agravamento do clima, já enfrentaríamos problemas sérios, porque a quantidade de pessoas em áreas vulneráveis cresceu muito, enquanto a capacidade dos municípios em responder a essas situações não evoluiu no mesmo ritmo”, assinala Camarinha.

Para piorar, o clima intensifica ainda mais esse vetor de risco, resultando em tragédias como as ocorridas no Rio Grande do Sul, em São Sebastião (SP), Petrópolis (RJ) e Jaboatão dos Guararapes (PE).” Infelizmente, esses cenários tendem a se repetir com mais frequência”, diz o especialista. “É por isso que falamos, com clareza, em uma crise climática.”

MOBILIZAÇÃO

A estrutura das grandes cidades para combater enchentes ainda é bastante heterogênea. Apesar de, em tese, contarem com maior capacidade para enfrentar esse tipo de evento, a efetividade das ações varia muito conforme as políticas públicas adotadas por prefeituras e governos estaduais. Em geral, as estratégias se concentram na macrodrenagem – com sistemas voltados para direcionar grandes volumes de escoamento superficial, evitando o acúmulo em trechos de rios ou áreas urbanas – e na drenagem convencional, cuja eficiência depende das características de cada local.

Face à criticidade do problema, diversas cidades têm dado maisatenção ao tema das inundações com ações como a implantação de wetlands. Imagem:GLOBAL WETLAND TECHNOLOGY


Apesar dos transtornos que a cidade de São Paulo vem sofrendo com as chuvas nos últimos anos, que também incluem a falta de energia, a Prefeitura afirma ter incorporado o fator climático às políticas de drenagem e combate às enchentes. Segundo a engenheira florestal Isabel Silveira Camargo, servidora do setor de Engenharia, Arquitetura, Agronomia e Geologia (QEAG) da Secretaria Executiva de Mudanças Climáticas (Seclima), a administração tem investido em instrumentos de planejamento urbano voltados à adaptação e à prevenção. “Um exemplo disso é a série dos Cadernos de Drenagem, que orientam intervenções nas bacias hidrográficas da cidade com o objetivo de reduzir os riscos de inundação”, aponta. “Além de obras convencionais de macrodrenagem – como reservatórios, alteamento de pontes, canalizações e galerias – os cadernos incorporam soluções baseadas na natureza e foco em governança ambiental e social.”

Ainda de acordo com ela, foram identificadas 523 áreas de risco geológico. Entre as ações previstas, estão a criação de parques lineares, áreas verdes inundáveis, lagos para retenção de cheias e medidas de controle na fonte, como jardins de chuva, biovaletas, telhados verdes e pisos permeáveis.

Ainda são poucos os municípios comprometidoscom a gestão preventiva de riscos climáticos no Brasil. Imagem:ENDRESS+HAUSER.


Em termos de ações, a engenheira revela que, desde 2021, a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Siurb) entregou cinco novos reservatórios para contenção de cheias, sendo que outros nove estão atualmente em construção. De acordo com dados da Siurb, o Plano Municipal de Redução de Riscos prevê investimentos entre R$ 16,9 bilhões e R$ 28 bilhões ao longo de 16 anos. Já o Plano Diretor de Drenagem estabelece um programa com 97 obras voltadas ao controle de cheias. “A Prefeitura começará o plano em 21 áreas, com investimentos iniciais de R$ 370 milhões”, garante Isabel.

Face à criticidade do problema, outras cidades também têm dado atenção ao tema. É o caso da cidade de Santos (SP), que conta com um plano focado não apenas em problemas históricos, mas também em soluções para eventos extremos. O município está trabalhando na adaptação aos desafios relacionados a deslizamentos, erosão costeira e inundações fluviais. Outros exemplos incluem Niterói (RJ) e, mais recentemente, Curitiba (PR), que também têm adotado medidas interessantes. “No entanto, ainda são poucos os municípios no Brasil que estão realmente comprometidos com uma gestão preventiva de riscos climáticos”, lamenta-se Camarinha, do Cemaden. “A maioria foca em ações de resposta e reconstrução após os desastres, que são caras e, frequentemente, pouco eficazes.”

ABORDAGEM

Segundo os especialistas, a resposta aos desafios de uma infraestrutura deficiente de drenagem passa pela criação de um modelo integrado, que combine obras de engenharia pesada com soluções baseadas na natureza, como parques inundáveis (leia box), wetlands construídos, calçadas permeáveis e jardins de chuva, além de sistemas inteligentes de monitoramento e controle dos fluxos hídricos.

Infraestruturas verdes começam a se tornar realidade em algumas cidades, ainda que não sejam aplicadas em todo o seu potencial, como destaca Martins, da Fundação Vanzolini. “São soluções como jardins de chuva, valas de infiltração, telhados vegetados e pavimentos drenantes, inseridas em praças, calçadas ou parques, que oferecem capacidade técnica para retenção e infiltração da água, além de qualificação dos espaços públicos por meio do paisagismo”, enumera o coordenador.

Essas soluções, ele prossegue, contribuem para o conforto térmico e trazem vida às áreas urbanas, deixando de lado o modelo tradicional da drenagem canalizada e invisível. “Sistemas de monitoramento em tempo real, sensores de nível e vazão, plataformas de modelagem climática e hidrológica permitem operar a drenagem de forma dinâmica e preventiva”, salienta o professor, lembrando ainda das aplicações de IoT e Big Data na gestão hídrica urbana.

Além disso, a vegetação nativa, como matas ciliares e áreas de mananciais, atua como esponja natural, absorvendo e liberando a água da chuva de forma gradual, o que ajuda a prevenir enchentes e recarregar o lençol freático. “Como as raízes estabilizam o solo, a vegetação reduz a erosão e o assoreamento, desempenhando papel crucial na mitigação de eventos hidrológicos extremos”, destaca Cristiano Kenji, subsecretário de Recursos Hídricos e Saneamento Básico da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (Semil). “A vegetação nativa exerce ainda a função de filtragem, retendo sedimentos, nutrientes e poluentes oriundos das partes mais altas da paisagem, o que contribui para a melhoria da qualidade da água.”

Da mesma forma, a adoção de técnicas compensatórias ou soluções baseadas na natureza também podem ajudar a aumentar a vida útil das obras de drenagem e o manejo de águas pluviais urbanas. “Porém, não dispensam as obras quando necessárias”, adiciona Jamil Alexandre Ayach Anache, professor do Departamento de Hidráulica e Saneamento da Escola de Engenharia da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos (SP). “Essas técnicas e soluções são facilmente dimensionáveis, mas dependem de uma adoção massiva na bacia hidrográfica para gerarem um efeito mais significativo no controle de enchentes.”

Nesse sentido, continua o professor, o correto dimensionamento dos sistemas de drenagem, reservação, controle e infiltração de águas pluviais é primordial. “A adoção de um critério de projeto que considere as mudanças climáticas no cálculo de dimensionamento deve ser mais bem-difundida, uma vez que os dados já existem”, sustenta.

INTEGRAÇÃO

Considerando a complexidade da ocupação urbana em São Paulo, Isabel Camargo, da Seclima, vê os dispositivos de reservação de água (como piscinões e reservatórios) como as soluções técnico-estruturais mais eficazes, pois permitem conter grandes volumes de água durante eventos extremos. “Essas intervenções são fundamentadas em estudos técnicos e priorizam o menor impacto social e ambiental possível”, justifica. “Além disso, os reservatórios integram um conjunto de soluções complementares, como canalizações, galerias subterrâneas, parques lineares e praças com áreas alagáveis, formando um sistema coordenado de controle de cheias.”

Conciliar planejamento urbano, gestão de riscos e engenharia sustentável em cidades densamente ocupadas como São Paulo exige uma abordagem sistêmica e integrada, como destaca o professor Martins. “Não é possível gerir a cidade de forma setorizada ou fragmentada”, sublinha. “É essencial compreender que os sistemas urbanos estão interligados, formando uma rede interdependente.”

Em áreas já consolidadas, apregoa Martins, a requalificação do tecido urbano deve ser feita com atenção e equilíbrio, articulando drenagem, paisagismo e preservação ambiental para viabilizar soluções verdadeiramente eficazes e sustentáveis. “A drenagem urbana vai muito além da simples canalização e escoamento das águas pluviais, pois envolve infiltração, recarga do lençol freático e proteção da qualidade da água”, observa. “Por isso, deve ser considerada desde o início dos projetos, integrada a pavimentações, paisagismo, planos diretores, áreas verdes e regulamentações de ocupação e uso do solo”, conclui o coordenador.

Alternativas técnicas prometemajudar na contenção de enchentes

Empresas do setor de infraestrutura têm desenvolvido soluções para enfrentar os desafios da drenagem urbana, especialmente em cidades como São Paulo, que sofrem com os impactos crescentes das grandes chuvas. Tais soluções abrangem desde a coleta e pré-tratamento da água – com separadores de água e óleo – até o armazenamento e o reúso por meio de sistemas de atenuação e infiltração.

Entre as inovações disponíveis estão as canaletas pré-fabricadas em concreto polímero, com alta capacidade de vazão, resistência ao tráfego pesado e design que evita furtos, características que favorecem a aplicação em obras de grande porte como rodovias. “Os canais de drenagem possuem alta capacidade de vazão, além de suportarem o tráfego pesado”, assegura Erick Vitorino, diretor geral da ACO Brasil. “O formato monolítico também impede furtos, o que contribui para a durabilidade e custo-benefício da solução.”

Por serem lineares, as canaletas permitem captação contínua e eficiente da água ao longo da extensão, diferentemente dos bueiros, que possuem menor área de captação. “Além disso, as grelhas das canaletas evitam a entrada de grandes resíduos sólidos, reduzindo riscos de entupimentos e protegendo a infraestrutura urbana”, completa.

Outra tecnologia que vem ganhando espaço é um sistema modular de infiltração e retenção de águas pluviais inspirado em modelos europeus. Com estrutura semelhante a blocos de encaixe, a solução é fabricada em polipropileno e facilita o transporte, a instalação e a adaptação às especificidades de cada projeto, oferecendo uma alternativa aos piscinões. “Atuando como sistema de atenuação e infiltração de águas pluviais, a solução permite o armazenamento da água da chuva e sua liberação controlada, contribuindo de forma eficiente para a prevenção de alagamentos e a redução de danos em áreas urbanas”, assinala Vitorino.

Esses sistemas já foram implementados em vários locais, diz ele, mas ainda há um longo caminho a percorrer. “Ainda enfrentamos burocracia nos processos de licitação, que muitas vezes priorizam o menor preço em detrimento ao melhor custo-benefício no longo prazo”, salienta. “Já em relação aos tanques de armazenamento de água e separadores de água e óleo, o desafio está em ampliar o conhecimento sobre essas soluções”, conclui Vitorino.

Entre as inovações já disponíveis estão canaletas pré-fabricadasem concreto polímero, com alta capacidade de vazão. Imagem:ACO Brasil


Governo de SP reforça atuação na área

O governo do Estado de São Paulo afirma que vem realizando ações para enfrentar os eventos climáticos extremos. Em municípios como Artur Nogueira e Bauru, foram implementadas soluções emergenciais e programas de desassoreamento para melhorar o abastecimento de água, além de piscinões e canalizações para controlar enchentes. “Outro exemplo recente é a construção do piscinão Jaboticabal, capaz de armazenar até 900 mil m3 de água, trazendo benefícios no controle de inundações aos municípios de São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e São Paulo, em uma área de 100 km2, com um total de R$ 573 milhões investidos”, destaca Cristiano Kenji, subsecretário estadual de Recursos Hídricos e Saneamento Básico.

Em outra ação aplicada, a agência reguladora estadual SP Águas opera 12 conjuntos de pôlderes ao longo da Marginal Tietê, a fim de diminuir os transtornos causados por chuvas volumosas na capital. “Os equipamentos têm capacidade para armazenar 29.153 m3 e 45 bombas de recalque, capazes de lançar, em média, 1.742 l/s das marginais de volta para o rio”, descreve Kenji, destacando que nos últimos dois anos foram investidos R$ 12,6 milhões para garantir o funcionamento dos sistemas.

No que se refere à proteção contra alagamentos na Zona Leste da capital, o subsecretário lembra da ajuda do Parque Ecológico do Tietê, capaz de armazenar aproximadamente 1,55 bilhão de litros. “Além de área de lazer, o parque exerce um papel de proteção à várzea do rio, que espraia e ocupa a área do parque quando chove forte”, conclui Kenji, informando que em conjunto os parques urbanos de São Paulo retêm cerca de 3,2 bilhões de litros de água.

Buscando enfrentar os eventos climáticos extremos, o poder público adota soluções emergenciais e programas de desassoreamento, além de piscinões e canalizações para controle de enchentes. Imagem:AGÊNCIA BRASIL


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