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Deutsche Welle
07/04/2010 14h12 | Atualizada em 07/04/2010 17h19
Grandes empresas latino-americanas ultrapassam as fronteiras nacionais e expandem também na Europa. Razões e desafios desses investimentos, no exemplo de duas empresas das grandes economias Brasil e México.
Quase 520 anos após o descobrimento da América e 200 anos após o início dos movimentos pela independência na América Latina, a economia do subcontinente é hoje forte o suficiente para conquistar o mercado europeu, dos antigos colonizadores espanhóis e portugueses.
O Brasil é o principal pais sulamericano em termos de investimentos diretos na Alemanha, a maior economia europeia. Segundo um levantamento do Banco Central alemão feito em abril de 2009, o estoque de investimento estrangeiro direto (IED, ou FDI Stocks) em 2
Grandes empresas latino-americanas ultrapassam as fronteiras nacionais e expandem também na Europa. Razões e desafios desses investimentos, no exemplo de duas empresas das grandes economias Brasil e México.
Quase 520 anos após o descobrimento da América e 200 anos após o início dos movimentos pela independência na América Latina, a economia do subcontinente é hoje forte o suficiente para conquistar o mercado europeu, dos antigos colonizadores espanhóis e portugueses.
O Brasil é o principal pais sulamericano em termos de investimentos diretos na Alemanha, a maior economia europeia. Segundo um levantamento do Banco Central alemão feito em abril de 2009, o estoque de investimento estrangeiro direto (IED, ou FDI Stocks) em 2007, último ano de que há dados disponíveis, o volume de investimentos brasileiro foi de 130 milhões de euros em investimentos diretos na Alemanha em 2007 (três anos antes haviam sido 101 milhões de euros). Mesmo assim, os investimentos de países sul-americanos, representam apenas 0,05% do total investido diretamente naquele ano na Alemanha, assinala Thomas Bozoyan, da Germany Trade & Invest, agência de comércio exterior e de investimentos internos da República Federal da Alemanha.
Transnacionais verde-amarelas expandem
Das 100 empresas dos mercados emergentes que se tornaram multinacionais, 14 são brasileiras, informa um especial publicado em novembro pela revista especializada Economist, baseada em estudo do Boston Consulting Group.
Segundo o Ranking 2009 elaborado pela Fundação Dom Cabral, 25,3% das receitas das 20 maiores transnacionais brasileiras em 2008 foram gerados em operações com o exterior. Em 2007, esta porcentagem fora de 24%. A Fundação Dom Cabral é um centro brasileiro de desenvolvimento de executivos e empresas.
Apesar da crise mundial, os investimentos de empresas brasileiras no exterior atingiram em 2008 a segunda marca mais alta da história, com 20,5 bilhões de dólares. Naquele ano, 25,32% das receitas das 20 maiores transnacionais brasileiras vieram de suas operações com o exterior, aponta o estudo que teve o patrocínio da empresa de consultoria KPMG.
As transnacionais brasileiras mantêm subsidiárias principalmente na América Latina (46%), Europa (21%) e América do Norte (17%). A exportação é a forma preferida para conquistar novos mercados (45%), seguindo-se os fatores "aquisição" e "alianças e parcerias", ambos com 17% da preferência.
Trabalhador em siderúrgica
A Gerdau é a empresa brasileira que apresenta o maior índice de transnacionalidade no Ranking 2009, com 63% dos seus ativos, além de ter mais de 50% de suas vendas e funcionários no exterior (13 países).
A segunda no ranking é a Sabó (autopeças), com 40% de suas vendas, 49% de seus ativos e 33% dos funcionários em seis países. Seguem-se a Marfrig (alimentos), Vale (mineração) e Metalfrio (metal-mecânica).
Razões confidenciais não permitem revelar nomes
Com base em dados do Banco Central Alemão, a embaixada brasileira em Berlim informa que apenas dez empresas do Brasil investiram até agora na Alemanha. Mas "por razões confidenciais, não foi possível obter a relação de empresas brasileiras com a distribuição dos respectivos investimentos", disse à Deutsche Welle Milton Quadros, do Setor Comercial da embaixada.
Uma das multinacionais brasileiras na Europa é a WEG. No estudo elaborado pela Dom Cabral, ela é a 16ª colocada no ranking das transnacionais brasileiras, 10º no ranking de ativos no exterior e terceira colocada em número de filiais (22, ou seja, 11 a mais do que a Vale, primeira colocada).
Unidade da WEG em Kerpen, no oeste da Alemanha
A empresa fundada em 1961 em Jaraguá do Sul, no estado de Santa Catarina, é líder no mercado latino-americano e uma das três maiores fabricantes de equipamentos eletroeletrônicos no mundo.
No exterior, a WEG possui unidades fabris na Argentina, México, e China e unidades de distribuição e comercialização nos EUA, Venezuela, Colômbia, Chile, Austrália, Japão, Cingapura, Índia e nos Emirados Árabes Unidos. Na Europa, a unidade de produção fica em Portugal, com instalações de distribuição e comercialização na Alemanha, Espanha, França, Inglaterra, Itália, Suécia e Rússia. A rede de representações indiretas e de distribuidores cobre o continente.
Motores e equipamentos produzidos pela WEG
O principal objetivo para a internacionalização da empresa catarinense é o posicionamento estratégico: "A Europa é um dos principais mercados mundiais, além de ser altamente tecnológico e maduro. Estes são três fatores que levam a Europa a ser de extrema importância para um posicionamento estratégico como global player", ressalta Mayer. Quanto à origem dos investimentos, a maior parte é feita com capital próprio, "porém realizamos também operações com bancos brasileiros e europeus", explicou.
A inserção da WEG no mercado europeu iniciou-se em meados da década de 1980 através de distribuidores. A primeira filial europeia foi aberta em 1992, na Bélgica, por fatores logísticos, ou seja, a proximidade com diversos portos e facilidade de distribuição.
Desconhecimento da marca é desafio
A segunda filial, aberta na Alemanha em 1995, buscou estabelecer a marca WEG no maior mercado da União Europeia (representando um terço do mercado europeu), assim como o aumento do contato tecnológico. O acentuado avanço alemão nessa área e a proximidade da empresa com a cultura alemã (devida em grande parte à origem de seus fundadores) fez com que a empresa buscasse desenvolvimento e apoio tecnológico no país.
O crescimento acentuado de vendas levou à consequente abertura de filiais na Inglaterra em 1996; e França, Espanha e Suécia, em 1998. Segundo Meyer, as principais dificuldades para entrar no mercado europeu foram o desconhecimento da marca por parte do publico alvo, por "serem produtos originários de um país não conhecido como industrializado".
Também o fato de tratar-se de um mercado conservador, que privilegia as marcas locais, e o grande número de concorrentes foram obstáculos enfrentados para ingressar no mercado europeu.
"Secundariamente, pode-se considerar desafios a adaptação a uma nova cultura, também de negócios, e o período de aprendizagem de como fazer negócios neste país", assinala o diretor geral da WEG na Alemanha.
O volume de negócios da WEG no mercado europeu gira em torno de 330 milhões de dólares por ano. O volume anual de investimentos da empresa é aproximadamente 14% da receita gerada pelo grupo WEG.
Os lucros são reinvestidos na própria Europa, em sua maior parte para o desenvolvimento de novos mercados e produtos, assim como a abertura de novas filiais, explica Mayer.
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