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Obras residenciais sustentam consumo de aços longos no país

Construção civil se manteve ativa e puxou demanda das usinas na pandemia

Valor Econômico

25/06/2020 11h00 | Atualizada em 25/06/2020 12h28


O consumo aparente de aços longos no país deve ser menos afetado pela pandemia do que o mercado total e o de aços planos.

Esse desempenho melhor está sendo puxado pela construção civil, principalmente as obras residenciais que não pararam mesmo com as restrições de circulação de algumas cidades.

Segundo dados da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), 95% das obras dos associados se mantiveram ativas nos últimos três meses.

Para o CEO da ArcelorMittal Aços Longos Latam, Jefferson de Paula, o consumo aparente do segmento no país deve recuar 10% neste ano e o mer

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O consumo aparente de aços longos no país deve ser menos afetado pela pandemia do que o mercado total e o de aços planos.

Esse desempenho melhor está sendo puxado pela construção civil, principalmente as obras residenciais que não pararam mesmo com as restrições de circulação de algumas cidades.

Segundo dados da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), 95% das obras dos associados se mantiveram ativas nos últimos três meses.

Para o CEO da ArcelorMittal Aços Longos Latam, Jefferson de Paula, o consumo aparente do segmento no país deve recuar 10% neste ano e o mercado total cerca de 20%.

Já a construção civil deve consumir 8% a menos em 2020, o que equivale a 400 mil toneladas de aços longos que não serão vendidas este ano no Brasil.

Segundo o executivo, o segmento residencial responde por um terço do consumo de aços longos no país.

“As vendas diretas para as construtoras não devem cair como para a construção civil como um todo. Ao contrário, devem crescer 5%. As obras seguem mesmo com a pandemia. Elas têm protocolos rígidos de segurança e esse segmento é considerado essencial para a economia. É isso que está segurando o consumo de longos no mercado brasileiro”, disse.

O executivo ressaltou que o consumo aparente da construção civil estava em recuperação das perdas ocorridas com a recessão econômica de 2014 e 2015.

Com a pandemia, essa melhora estagnou. Segundo ele, o recorde de consumo aparente nesse segmento foi em 2012, com 13 milhões de toneladas.

“Com essa situação, acreditamos que poderemos chegar a esse volume somente em 2028. Vamos perder 15 anos de mercado.”

Em função disso, a ArcelorMittal, que havia parado os fornos elétricos no Brasil no mês de março, retomou as operações das aciarias.

A ArcelorMittal parou as cinco usinas de produção de aço e, conforme o executivo, as operações permaneceram paralisadas por um mês em quatro unidades.

“Reduzimos os estoques, baixamos custo e em maio voltamos a operar. Hoje, estamos com 80% da capacidade operando, refazendo os estoques”, disse o executivo acrescentando que a companhia está aumentando as exportações em 15% para os Estados Unidos, América do Sul e Central.

A Gerdau também acredita que o consumo aparente de aços longos teve cair menos que o mercado total.

Para Marcos Faraco, diretor-executivo Gerdau Aços Brasil, a queda deve ser em torno de 15% neste ano, enquanto que no total o volume deve reduzir em 20%.

“Em abril, tínhamos 80% dos canteiros ativos em nossa carteira. Hoje, já temos 95% contratos ativos, é um setor mais resiliente", disse Faraco.

Segundo ele, a queda no consumo aparente no mercado total deverá ser da ordem de 20% e em aços planos 25%. “A construção puxa uma demanda em longos que corresponde a metade do consumo do segmento”, afirmou Faraco.

Assim como a ArcelorMittal, a Gerdau também parou as atividades industriais no início da pandemia. Com a demanda do setor de construção, a companhia voltou com as operações dos fornos elétricos que estavam paralisadas já na terceira semana de abril.

Hoje, a companhia está com as aciarias operando e deve religar o alto-forno da Gerdau/Açominas em primeiro de julho.

Estamos ajustando a capacidade à nova realidade de mercado. Dessa forma, estamos usando essas usinas como plataforma de abastecimento de aço nas operações da companhia no exterior.”

Segundo Faraco, a Gerdau está abastecendo as coligadas na América Latina com o aço produzido no Brasil e deve manter o volume de exportação de 15% da produção alcançado em 2019 neste ano, mesmo com a pandemia.

“Com a retomada dos mercados internacionais, há uma oportunidade de venda spot para alguns países que podemos recuperar. Além disso, a China está comprando semi-acabado e fechamos encomendas importantes para o sudeste asiático e o mercado chinês. Isso deve sustentar as exportações neste ano.”

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