Assessoria de Imprensa
19/07/2024 16h28 | Atualizada em 25/10/2024 15h10
Por Íria Doniak*
Com milhares de desabrigados, perda de vidas, prejuízos ainda incalculáveis e cidades inteiras destruídas, a tragédia no Rio Grande do Sul pede soluções urgentes de reconstrução. Neste contexto, é primordial o estudo e a análise sobre formas rápidas e sustentáveis de enfrentar este desafio. O próprio governador Eduardo Leite, em recente entrevista ao Fantástico, citou que uma das saídas é a construção utilizando módulos de concreto pré-fabricados.
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...Por Íria Doniak*
Com milhares de desabrigados, perda de vidas, prejuízos ainda incalculáveis e cidades inteiras destruídas, a tragédia no Rio Grande do Sul pede soluções urgentes de reconstrução. Neste contexto, é primordial o estudo e a análise sobre formas rápidas e sustentáveis de enfrentar este desafio. O próprio governador Eduardo Leite, em recente entrevista ao Fantástico, citou que uma das saídas é a construção utilizando módulos de concreto pré-fabricados.
Conhecida como construção industrializada, esta solução também reduz a utilização de recursos naturais e, em alguns casos, até o reaproveitamento e reciclagem de materiais. A situação é complexa, quase impossível em algumas regiões, em razão da mistura de detritos de construções com lama e toda sorte de dejetos. No entanto, quando há sobra de concreto, este pode ser aproveitado para a produção de lajotas não estruturais, por exemplo.
Nem sempre será preciso reconstruir totalmente as obras de infraestrutura. Hoje, existem metodologias para avaliar, por exemplo, estruturas de pontes, que permitem identificar se podem ser feitos meros reparos (quando o impacto foi pequeno e não envolve a estrutura) ou se é preciso fazer uma recuperação completa. Entre essas técnicas, temos a prova de carga, a ultrassonografia em concreto e outras.
A construção industrializada também pode contribuir significativamente para a rápida reconstrução de moradias e outros prédios. Já há equipes no Rio Grande do Sul fazendo diagnósticos. A construção industrializada pode ser até 50% mais rápida que a tradicional. Não há um sistema construtivo industrializado mais adequado. Muitas vezes, a melhor solução é a combinação de diferentes materiais pré-fabricados, utilizando metal ou concreto em uma etapa, e madeira ou gesso em outra.
A construção industrializada enfatiza o tripé segurança, qualidade e meio ambiente. Evita-se desperdício porque o projeto é elaborado de modo a evitar a necessidade de corrigir falhas na obra, quando as peças chegam para serem montadas. Em contraste, num prédio construído com a técnica tradicional, é comum corrigir-se, por exemplo, uma parede torta aumentando a espessura da massa ou até do gesso, gerando aumento de custo e sobrecarga na estrutura.
Problemas da construção civil – O país precisa alavancar a industrialização da construção civil devido à escassez de mão-de-obra, em razão da pirâmide etária e da diminuição da população jovem. Décadas atrás, essa mão-de-obra barata vinha do meio rural, mas a situação mudou. Além de mais cara, ela se tornou mais rara.
A construção civil tradicional não atrai os jovens, pois envolve atividades repetitivas e rotineiras. Hoje, eles preferem trabalhar em áreas que envolvam mais tecnologia, como motoristas de aplicativo ou entregadores de encomendas. A construção industrializada exige maior qualificação do trabalhador, e as próprias indústrias se encarregam dessa formação, como o caso de operadores de guindaste.
Há também uma evasão de talentos na parte intelectual e de projeto, com engenheiros e outros profissionais trabalhando online para empresas no exterior. Diante desses desafios, a construção industrializada se apresenta como uma solução eficaz para a recuperação do Rio Grande do Sul, promovendo uma reconstrução mais rápida, eficiente e sustentável.
É fundamental investir na formação de mão-de-obra qualificada e na adoção de tecnologias modernas para garantir que essa tragédia seja superada com resiliência e inovação. É possível transformar a adversidade em uma oportunidade de crescimento e desenvolvimento sustentável.
*Íria Doniak é presidente executiva da ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto)
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