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24/02/2010 16h16 | Atualizada em 24/02/2010 19h20
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Com investimento programado de R$ 25 milhões para este ano, a Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU), empreendimento da Vale cujo projeto está em fase inicial de licenciamento ambiental, está desenvolvendo uma série de estudos paralelos aos que foram solicitados pelos órgãos ambientais para justificar o empreendimento.
No ano passado, a empresa já havia investido outros R$ 25 milhões para a elaboração dos estudos necessários para dar entrada no pedido de licenciamento no Instituto Estadual do Meio Ambiente (Iema), em dezembro de 2009.
A CSU foi proposta pela Vale para ser construí
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Com investimento programado de R$ 25 milhões para este ano, a Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU), empreendimento da Vale cujo projeto está em fase inicial de licenciamento ambiental, está desenvolvendo uma série de estudos paralelos aos que foram solicitados pelos órgãos ambientais para justificar o empreendimento.
No ano passado, a empresa já havia investido outros R$ 25 milhões para a elaboração dos estudos necessários para dar entrada no pedido de licenciamento no Instituto Estadual do Meio Ambiente (Iema), em dezembro de 2009.
A CSU foi proposta pela Vale para ser construída em Ubu, município de Anchieta em área onde, em 2007 foi projetada a Companhia Siderúrgica Vitória (CSV). A empresa, que seria construída em parceria com os chineses da Baosteel, foi rejeitada pelos órgãos ambientais sob a alegação de que não haveria água suficiente para uma siderúrgica do porte projetado e de que a região já tem alto índice de emissão de partículas no ar.
Depois de rever o projeto e fazer uma série de modificações, a Vale propôs a implantação da CSU no mesmo local, com capacidade para produzir as mesmas 5 milhões de toneladas por ano. A CSV produziria 10 milhões de toneladas apenas numa segunda etapa, por volta de 2018.
Disposta a conquistar as populações dos municípios diretamente afetados pela usina, Anchieta, Piúma, Guarapari e Alfredo Chaves (por causa da água ), a direção da CSU, comandada pelo coordenador executivo da empresa, Marcos Chiorboli, já realizou 50 reuniões com 19 comunidades. Os projetos de implantação da CSU e de um porto estão orçados em US$ 6,2 bilhões.
Além disso, em função dos questionamentos da população, a empresa já encomendou estudos sobre o uso da água, emissão de partículas, geração de emprego e renda e utilização de mão de obra local para referendar sua argumentação, independente dos estudos que foram elaborados para o processo de licenciamento ambiental.
Resistência
A implantação da siderúrgica em Ubu vem enfrentando resistência de ambientalistas e moradores da região. A alegação é que haverá prejuízo para o meio ambiente, principalmente em relação aos manguezais, que sofrerão com a eliminação do resíduos da usina. A cata do caranguejo e o abastecimento de água também poderão ser prejudicados, acreditam ambientalistas e moradores.
Esta não é a visão da CSU e da Vale. "Vamos mostrar que a água doce será reutilizada na usina, enquanto que a água do mar será reutilizada e recirculada num índice de 50%. A água utilizada, será depois tratada e lançado no mar por uma emissário submarino. Não haverá prejuízo ao ambiente", assegura o coordenador de projetos siderúrgicos da Vale, Dimas Bahiense.
Bairros com 400 pessoas vão desaparecer
O projeto da nova siderúrgica no Espírito Santo pode esbarrar em duas comunidades que, no total, reúne 130 famílias que residem exatamente no centro da área onde a Vale pretende instalar a usina para produzir 5 milhões de toneladas de aço por ano. As famílias residem nas comunidades de Monteiro e Chapada do A, distantes cerca de 4 km da sede de Anchieta.
Os moradores das duas localidades, que afirmam ser proprietários das terras onde moram, não são indígenas, segundo a direção da CSU. "Conforme informação da própria Fundação Nacional do Índio (Funai), não há indígenas que habitam aquela região onde está sendo desenvolvido o projeto da siderúrgica", explicou o coordenador executivo do projeto, Marcos Chiorboli.
A propriedade da terra que envolve as áreas das duas comunidades é reivindicada pela Samarco. As áreas pertenciam à Vale, que as repassou para a Samarco quando adquiriu 50% de participação acionária na empresa de Ubu. Mesmo assim, segundo os executivos que cuidam do projeto da CSU, a proposta da Vale é de apresentar três alternativas para as famílias.
Uma das propostas é a de construir um novo bairro, com toda a infraestrutura necessária para que as cerca de 400 pessoas passem a viver. Uma segunda proposta é a da realocação assistida, onde os proprietários escolhem onde querem morar e a empresa faz o processo de mudança. Uma terceira opção é de oferecer indenização pela terra para quem quiser sair da região.
As 30 famílias da comunidade de Monteiro já estão em fase final de negociação. A comunidade da Chapada do A, porém, ainda aguarda a conclusão de estudos que a Vale solicitou para decidir o que fazer. A maioria dos moradores deste grupo prefere, inicialmente, não sair da região.
Segundo o presidente da Associação dos Moradores, Ostério Florentino dos Santos, "não queremos sair daqui, mas também ninguém quer morar perto de uma siderúrgica. Depende de onde a empresa vai oferecer pra gente morar", ressalta ele.
A associação, segundo Florentino, já tem nova diretoria mas a ata da eleição ainda não foi registrada em cartório, "por isso ainda posso falar pela entidade", explicou ele.
Siderúrgica vai viabilizar porto e ferrovia
Além de uma siderúrgica, a Vale pretende investir também na construção de um porto numa área próxima ao Porto de Ubu utilizado pela Samarco para exportação de pelotas de minério de ferro. O terminal CSU não será para movimentação de carga geral, como estava previsto no estudo da primeira siderúrgica. Será um porto para embarque de aço e importação e desembarque de carvão mineral, que é matéria prima utilizada para a produção do aço. A Ferrovia Litorânea Sul também terá sua construção viabilizada a partir concretização da CSU.
Vale só vai anunciar o parceiro após licenciamento
Na posição de poder escolher com quem vai dividir o projeto da siderúrgica em Ubu, a Vale insiste que só anunciará o parceiro na CSU depois que o processo de licenciamento estiver concluído. Os órgãos ambientais têm 12 meses para fazer o licenciamento, que foi solicitado dia 17 de dezembro de 2009.
A resistência em falar agora do parceiro no projeto é uma forma de evitar o que aconteceu quando foram iniciados os estudos para a primeira siderúrgica, em 2007, que seria implantada com os chineses da Baosteel. Passados alguns meses do anúncio da usina, que se chamaria Companhia Siderúrgica Vitória (CSV), os órgãos ambientais concluíram que o projeto, da forma como foi estruturado, não poderia ser instalado em Ubu.
Abandonada pela Vale e pelos chineses, a CSV teve somente o seu projeto de engenharia estrutural aproveitado pela mineradora, que está fazendo, porém, uma série de modificações para adequar às exigências tanto dos órgãos ambientais quanto dos moradores da região.
O coordenador executivo do projeto da CSU, Marcos Chiorboli admite que há sim chineses interessados na nova siderúrgica, mas não os da Baosteel. Há os europeus da Thyssenkrupp, há mais um grupo europeu interessados, além da ArcelorMittal.
Entenda o caso
Parceiros. O projeto de implantação da siderúrgica e do porto em Ubu está orçado, hoje, em US$ 6,2 bilhões. Enquanto não for aprovado o licenciamento ambiental, a Vale não pretende buscar parceiros para a planta de Anchieta. A mineradora está com projetos siderúrgicos também no Rio de Janeiro, Ceará e Pará.
Investimento. A empresa investiu R$ 25 milhões, no ano passado, no desenvolvimento de estudos para o processo de licenciamento ambiental e deverá investir mais R$ 25 milhões neste ano em outros estudos cujos resultados pretende apresentar para as comunidades durante as reuniões nos municípios de Anchieta, Guarapari, Piúma e Alfredo Chaves.
Grupos técnicos. Além do processo de licenciamento ambiental, o Instituto Estadual do Meio Ambiente (Iema) criou grupos de trabalho com representantes da CSU, prefeituras e representantes do governo estadual para discutir questões técnicas relativas à implantação da usina. O resultado dos grupos, que discutem a questão do fornecimento de água na região, lançamento de partículas de minério no ar, e geração de emprego e renda, deverá ser apresentado ao órgão ambiental em maio.
Treinamento. No período em que estiver sendo implantada a usina, as unidades do Senai e Ifes (ex-Escola Técnica Federal) de Anchieta, Guarapari e Piúma deverão treinar e qualificar cerca de 5 mil profissionais que poderão ser aproveitados no processo de operação da siderúrgica.
Área. A CSU será implantada numa área de 700 hectares, mas a empresa está destinando uma área total de 2 mil hectares para o projeto. Deste total, 300 hectares serão para proteção ambiental. Pelo menos 500 hectares foram comprados para o empreendimento.
Porto. O terminal portuário será construído com 20 metros de calado e os píeres de atração ficarão a menos de 2 km da costa, situação muito mais favorável do que em Itapemirim, onde, para obter este calado, o pier teria que ficar a cerca de 10 km da costa.
Os números
Construção. No período de implantação da Siderúrgica de Ubu, a empresa calcula que serão utilizados diversos equipamentos de segurança que poderão ser comprados de fornecedores capixabas. Os equipamentos são 1,5 milhão de pares de luvas; 120 mil pares de botas; 60 mil capacetes; e 350 óculos de segurança.
Energia. Com os gases resultantes do processo de produção do aço, a CSU gerará 320 MW de energia elétrica, a partir de duas termelétricas. Deste total, 195 MW serão utilizados na própria siderúrgica, que será autossuficiente em energia e 125 MW serão disponibilizados no sistema nacional de energia elétrica.
27 de agosto 2020
02 de julho 2020
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