Mercado
Folha de São Paulo
08/12/2016 00h00 | Atualizada em 08/12/2016 11h50
"É absolutamente inverídico que o BNDES não pretende resolver problemas de concessões feitas em governos anteriores", diz a presidente Maria Silvia Bastos Marques, ao contestar a afirmação de executivos de bancos e da infraestrutura ouvidos pela coluna na segunda-feira (4).
O banco criou uma força-tarefa para cuidar de concessões existentes, entre as quais as de estradas e aeroportos que estão em dificuldades.
A piora da economia e deterioração do crédito de empresas fizeram com que perdessem a sua capacidade de pagamento, aponta a executiva. Sem contar as que estão envolvidas na Lava Jato.
As companhias já têm um empréstimo de curto prazo (ponte) e precisam contratar o crédito de longo prazo.
"Para isso,
..."É absolutamente inverídico que o BNDES não pretende resolver problemas de concessões feitas em governos anteriores", diz a presidente Maria Silvia Bastos Marques, ao contestar a afirmação de executivos de bancos e da infraestrutura ouvidos pela coluna na segunda-feira (4).
O banco criou uma força-tarefa para cuidar de concessões existentes, entre as quais as de estradas e aeroportos que estão em dificuldades.
A piora da economia e deterioração do crédito de empresas fizeram com que perdessem a sua capacidade de pagamento, aponta a executiva. Sem contar as que estão envolvidas na Lava Jato.
As companhias já têm um empréstimo de curto prazo (ponte) e precisam contratar o crédito de longo prazo.
"Para isso, as concessões precisam caber dentro do financiamento, empresas têm de pagar os investimentos e o próprio financiamento."
O BNDES tem reuniões diárias com representantes de concessões e agências reguladoras. "Para mim, não tem gestão anterior, nem posterior. O banco é um só", afirma.
"Não são empréstimos de cinco anos, mas de 30 anos e de bilhões de reais. Temos de ter as garantias adequadas." As operações são complexas, como as de Viracopos e a do Galeão, controlado por Odebrecht Transport e Changi.
"Deram ágio de 300% no leilão, uma outorga de R$ 1 bilhão por ano."
A presidente do banco diz que ainda não há um levantamento do volume dessas concessões não resolvidas. Tampouco há prazo para resolver as pendências.
CASO A CASO
"Gostaríamos de resolvê-las todas imediatamente, mas são situações complexas. Cada caso é único. O governo encaminhou na MP das Concessões a saída de operações inviáveis. Os caminhos são, inclusive, a devolução para que se possa licitar de novo e o projeto seguir em frente porque são concessões públicas, obras que precisam ser retomadas. Se nós não fôssemos sensíveis ao que envolve emprego e geração de renda, não sei quem seria.
Minha gestão não tornou o BNDES mais restritivo. O último leilão de transmissão de energia foi o maior volume de investimentos da história desses leilões, e com novas condições do banco. O BNDES está mais seletivo. Foi antes de eu entrar em junho. Essas concessões ou tiveram o total de empréstimo-ponte desembolsado ou se deixou de desembolsar antes de eu assumir por questões das empresas, falta de crédito, problema de projetos, da economia e Lava Jato. Mas premissas são diferentes.
CRÉDITO
Tem sentido o banco colocar condições mais restritivas de crédito nesse momento? Mas não queremos repetir uma história de desembolso a qualquer preço. A crítica que o banco recebe é de ter colocado centenas de bilhões de reais em programas que não resultaram em investimento. Buscamos financiar o que tem mais impacto social do que privado. É um crédito incentivado, não recurso a taxa de mercado.
Infelizmente, não posso fixar uma data [para decisões sobre antigas concessões]. Não adianta fazer uma meia-sola que daqui a dois anos vai ter problema. O time do BNDES é muito técnico. Não vamos entrar em aventuras."
"Isso [restrições em financiamentos do banco] está virando um mantra, tão repetido, vai virando verdade."
"Nossa meta hoje não é ter um banco grande que desembolse a qualquer custo, mas um banco com impacto, em que a TJLP vá para projeto com mais exposição social que privada e isso talvez esteja incomodando alguns beneficiários."
"O banco é o mesmo e não é verdade que é que a presidente se negue a olhar o passado."
"Pode ser que [parcelas do mercado] queiram que a gente aprove operações sem a sustentabilidade do projeto, sem as garantias necessárias. Mas isso não vai acontecer e não precisava eu estar aqui. O BNDES não faria isso"
MARIA SILVIA BASTOS MARQUES, presidente do BNDES
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