Em meio à instabilidade econômica, patrocinar a ida de compradores às feiras de negócios se torna prioridade de promotoras de evento. Para conseguir manter número de visitantes, organizadores devem investir em ações mais eficazes no fechamento de novos contratos.

De acordo com a diretora da New Stage, Ana Flôres, este ano o investimento em compradores custeados ganhou relevância, sobretudo em suas feiras regionais. Além de ter aumentado entre 20% e 25% a verba dedicada para esta ação no Salão Lingerie Brasil Sul, realizado em Gramado (RS) em janeiro, a promotora também implementou. Pela primeira vez, esta estratégia no Salão Ceará Moda Contemporânea em Fortaleza (CE), realizado em abril deste ano.

No Salão Moda Brasil, de 19 a 21 de junho, ela acredita que a estratégia deve ser diferente por estar em São Paulo e ser mais consolidado. "Vamos apostar na oferta de serviços para o expositor." Por isso, a New Stage mudou a agência de turismo parceira e passou a negociar os preços de forma mais acirrada. "Para que ofereçam pacotes que incluam passeios culturais e visitas a grandes shoppings [JK Iguatemi] e locais como o Braz, o Bom Retiro e a Oscar Freire para que os lojistas conheçam esse mercado e suas tendências."

Além disso, ela disse que tem procurado hotéis, restaurantes, cooperativas de táxi e locadoras de carro para conseguir descontos melhores para quem vier à feira. "Antes não interferíamos tanto na prestação de serviço", complementa.

Mesmo com orçamentos menores, a executiva comenta que os visitantes, em sua maioria lojistas, vêm ao evento se tiverem no período uma agenda de atividades que tragam custo-benefício.

Mesmo sem mensurar ainda o valor exato de negócios fechados na Lingerie Brasil Sul, ela prevê que o número tenha sido muito melhor que 2015.

Assim como as feiras da New Stage, a 23ª Edição da Hospitalar, que começa amanhã (17), irá apostar em compradores custeados - majoritariamente clínicas e hospitais. "Este ano vamos dobrar o número para 3 mil visitantes. Em 2015 foi 1,5 mil", diz a diretora de eventos da Hospitalar, Mônica Araújo. Além disso, a feira que começa no período da tarde, deve funcionar de manhã para estes visitantes e os expositores que desejem chegar mais cedo.

Foco nas pequenas

De acordo com ela, o foco para este ano é redirecionar os aportes da feira para ações que tragam eficiência maior e garantam retorno ao participante. Por isso, além dos visitantes convidados, a feira realocará investimentos em marketing e divulgação. "Também criamos o fórum de eHealth que aborda novas tecnologias como forma de apresentar novos expositores e temas", ressalta ela, lembrando que este é um espaço que vem de encontro com outra tendência: o maior número de startups, pequenas e médias empresas. "Alguns expositores diminuíram o espaço, mas abriu espaço porque temos uma fila de PMEs", diz.

Exportações

Mesmo sem custear, Mônica conta que a Hospitalar tem firmado parcerias com associações internacionais para trazer empresas estrangeiras.

"Hoje com o dólar alto há uma tendência de aumento das exportações e as feiras têm tentado captar esses compradores de fora", aponta o presidente executivo da União Brasileira dos Promotores de Feiras (Ubrafe), Armando Arruda Pereira de Campos Mello.

De acordo com ele, esta estratégia tem se replicado em todo o setor, mas áreas como a calçadista tem se destacado e um exemplo disso é a Francal. "Aumentamos os investimentos em participação de eventos internacionais para conseguir convidar importadores ao evento", aponta o presidente da promotora Francal Feiras, Abdala Jamil Abdala.

Entre os eventos em que participou, estão a Feira GDS na Alemanha, a theMICAM na Itália e a IFLS na Colômbia. "Também temos parcerias, por exemplo o da Câmara do Comércio Árabe Brasileira. Tem gente lá fazendo follow-up de convidados para a feira", comenta. Para o comprador interno, ele relata que por meio de parcerias tem trazido lojistas, em um raio de 600 km de São Paulo, local da feira.

De acordo com ele, o mercado já deu sinais de melhora e o dia das mães é uma prova disso. "Diferentemente do resto do varejo, tivemos um bom desempenho no calçadista."

Ainda focando no público externo, o diretor-presidente do FCEM|Febratex Group, Hélvio Roberto Pompeo Madeira, comenta que, para 2017, a Tecnotêxtil Brasil lançará um projeto de apoio ao visitante. "Os expositores poderão escolher um convidado e nós pagaremos três diárias para cada comprador", explica. Para ele, deixar que o expositor escolha é uma forma de qualificar o comprador presente na feira.

De acordo com ele, a feira ainda tem muito espaço para crescer. "Queremos que nossas feiras sejam as maiores da América do Sul", diz. Por isso, ajudar na vinda de visitantes é uma forma de crescer. "Em São Paulo ainda tem muito espaço e a hotelaria comporta", diz. Em outros eventos como o Febratex em Blumenau (SC), a falta de locais para hospedagem acaba sendo um limitante para o aumento da feira.

Força da marca

Para o vice-presidente executivo da Reed ExhibitionsAlcantara Machado, Paulo Octavio Pereira de Almeida, apostar no básico é estratégia. "Não basta criar coisas novas, mas atender expectativas do básico", diz.

A promotora acredita que atuar com marcas consolidadas e importantes para cada mercado ajuda na necessidade dos visitantes e garante uma maior visitação.

Além disso, a empresa tem focado em tecnologias que ajudem na visualização do expositor e organização de agenda do visitante. "Usamos o aplicativo desde 2014, mas na Mecânica 2016 que vai de 17 a 21 de maio, vamos permitir que expositores coloquem seus produtos lá", explica.

Outras ações de marketing que a promotora está lançando na feira é área de inovação, onde 14 empresas irão expor em 4 mil m² seus lançamentos.