Profissionais de construção civil e incorporação no Brasil listaram os principais obstáculos tecnológicos que impactam a gestão de projetos e empreendimentos no setor.

O levantamento, feito pela Makasí, fintech que une crédito e produtos bancários especializados a uma plataforma de gestão para viabilizar recursos para construtores, mapeou sete dificuldades recorrentes que afetam a produtividade, a previsibilidade e a rentabilidade das obras.

A iniciativa visa mapear as dores do mercado para fomentar discussões e identificar áreas críticas que demandam inovação e otimização.

"Muitos softwares de gestão ainda seguem uma estrutura tradicional de ERP, priorizando aspectos administrativos em detrimento da gestão de projetos”, avalia Fabiane Pellegrino, CPO e cofundadora da Makasí.

Segundo ela, essa abordagem burocratiza processos, aumenta a complexidade operacional e não atende adequadamente às necessidades específicas de construtoras e incorporadoras, que demandam integração entre planejamento, execução e gestão financeira.

"A falta de comunicação entre essas áreas pode resultar em maior exposição a riscos e comprometer a qualidade das decisões estratégicas", explica.

De acordo com a Makasí, enfrentar esses desafios passa pela adoção de soluções tecnológicas integradas, capazes de centralizar informações, reduzir retrabalho e melhorar a previsibilidade dos resultados.

“Avanços nessa direção podem gerar ganhos significativos de eficiência e competitividade para o setor”, afirma Fabiane.

“Atualmente, a implementação de tecnologias e a utilização delas de forma eficaz não é mais um diferencial, mas sim uma necessidade cada vez maior”, completa.

Confira a seguir os principais desafios identificados pela sondagem.

1. Dificuldade para gerar estudos de viabilidade

A definição sobre iniciar ou não um empreendimento exige análises técnicas e financeiras precisas. Na prática, muitas construtoras e incorporadoras ainda não dispõem de dados integrados e atualizados, o que leva a decisões baseadas em estimativas pouco confiáveis e aumenta o risco de investimentos com baixo retorno.

2. Fragmentação de sistemas de gestão

É comum que empresas utilizem diferentes plataformas para gerenciar prazos, orçamentos, compras, equipes e pagamentos. A falta de integração entre esses sistemas mantém informações dispersas, dificulta o acompanhamento dos projetos e gera retrabalho, reduzindo a agilidade das operações.

3. Desalinhamento entre avanço físico da obra e pagamentos

Controlar de forma sincronizada o que já foi executado na obra e os pagamentos a fornecedores continua sendo um desafio. Desalinhamentos nesse processo podem levar a adiantamentos indevidos ou atrasos, comprometendo tanto a relação com parceiros quanto o andamento das atividades.

4. Falta de clareza sobre indicadores e potencial financeiro

Dados como margem de lucro projetada e taxa interna de retorno são essenciais para avaliar a viabilidade de um empreendimento. A ausência de indicadores consolidados limita a capacidade de comparação entre projetos e dificulta a priorização de investimentos.

5. Risco de quebras de fluxo

Interrupções no fluxo de caixa, causadas por atrasos em recebimentos ou aumento inesperado de custos, representam ameaça direta ao andamento das obras. Essas ocorrências podem provocar atrasos e prejuízos significativos.

6. Complexidade no acesso a diferentes tipos de crédito

A obtenção de financiamento envolve negociações com diferentes instituições financeiras, cada uma com regras e modalidades próprias. Esse processo consome tempo e exige conhecimento especializado, podendo atrasar o início dos projetos.

7. Gestão de múltiplas contas bancárias para uma única obra

Alguns empreendimentos requerem a abertura de mais de uma conta bancária. Essa multiplicidade aumenta a complexidade da gestão financeira e eleva o risco de erros no controle de entradas e saídas.