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Estadão
17/02/2010 13h41 | Atualizada em 17/02/2010 15h42
Chuvas, quedas de árvores, crescimento no consumo. São muitas as justificativas para a onda de apagões que vem causando transtornos aos brasileiros neste verão. Para especialistas, porém, a falta de investimentos em operação e manutenção pode estar por trás do problema, que na semana passada deixou 17 bairros sem energia em São Paulo.
Fontes próximas à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) observam que a agência começa a admitir a hipótese de baixos investimentos em manutenção e operação das redes de distribuição de energia. No fim do ano passado, o órgão regulador iniciou fiscalização específica no Rio, por conta de um apagão na zona Sul. Este ano, implementou uma nova metodologia de ressarcimento aos consumidores que pod
...Chuvas, quedas de árvores, crescimento no consumo. São muitas as justificativas para a onda de apagões que vem causando transtornos aos brasileiros neste verão. Para especialistas, porém, a falta de investimentos em operação e manutenção pode estar por trás do problema, que na semana passada deixou 17 bairros sem energia em São Paulo.
Fontes próximas à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) observam que a agência começa a admitir a hipótese de baixos investimentos em manutenção e operação das redes de distribuição de energia. No fim do ano passado, o órgão regulador iniciou fiscalização específica no Rio, por conta de um apagão na zona Sul. Este ano, implementou uma nova metodologia de ressarcimento aos consumidores que pode doer no bolso das distribuidoras.
"Acreditamos que os baixos investimentos em operação e manutenção sejam responsáveis pelos problemas", diz o professor Nivalde de Castro, do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), da UFRJ, que prepara estudo sobre o tema. Castro liga diretamente a questão aos sucessivos apagões localizados que atormentam os cariocas neste verão e quer verificar se o padrão se repete em outras concessionárias.
O presidente da Light, distribuidora que atende o Rio, José Luiz Alquéres, porém, diz que o aumento de demanda por conta do calor neste verão foi muito grande, justificando os cortes no fornecimento. "O Rio tem sofrido muito os efeitos do mais crítico verão dos últimos 50 anos de sua história, mas a empresa está fazendo frente a todos estes desafios e deve fazer de 2010 um ano muito bem sucedido", afirmou, em conferência com analistas anteontem.
Em São Paulo, a própria Agência Reguladora de Saneamento e Energia (Arsesp) defende a Eletropaulo. "A Eletropaulo está investindo com força, com grande foco em manutenção", diz o diretor de energia da agência Aderbal Penteado. De fato, a empresa tem bons indicadores de frequência de interrupções. Mas patina quando o tema é duração das interrupções: segundo dados da Aneel, em novembro a empresa ultrapassou o padrão de duração (chamado DEC) em 50 dos 58 conjuntos que compõem sua área de concessão.
O caso do último fim de semana foi o mais visível: 17 bairros ficaram sem luz por até 48 horas, o que provocou reação do governador José Serra. Penteado concorda com o argumento da empresa, de que a queda de árvores provocou o apagão e diz que a demora no restabelecimento pode ser debitado ao trânsito e a necessidade de apoio do Corpo de Bombeiros, em argumento semelhante ao do presidente da companhia, Britaldo Soares.
Independente dos motivos, as distribuidoras de energia passam, em fevereiro pelo primeiro teste de qualidade da rede sob a nova metodologia da Aneel, que garante ressarcimento na conta do consumidor em caso de não cumprimento das regras. A agência apertou as metas de frequência e duração de cortes para cada consumidor. Os dados sobre o desempenho de janeiro estão sendo compilados para entrega à agência. O ressarcimento será creditado nas contas de março.
O novo modelo preocupa as distribuidoras. A Associação Brasileira de Empresas Distribuidoras de Energia (Abradee) chegou a enviar carta à Aneel propondo que as multas fossem convertidas em investimentos, alegando que o ganho para o consumidor com o ressarcimento será imperceptível. Além disso, alegam que, quanto maior o investimento em qualidade, maior o custo da tarifa.
"A empresa precisa fazer o investimento prudente de forma a assegurar a qualidade do serviço de fornecimento de energia, mas se investirmos, digamos, em excesso, (essa política) vai refletir na tarifa", disse Soares. O novo modelo não incide sobre apagões ocorridos na rede de transmissão, como o de novembro do ano passado e o dessa semana, que cortou 20% do fornecimento do Nordeste.
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