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DCI
08/12/2016 00h01 | Atualizada em 08/12/2016 11h50
Mesmo com a retração de 5,3% no PIB da construção civil neste ano, a perspectiva do setor para 2017 é de inflexão da trajetória de queda e crescimento de 0,5%. Ainda assim, especialistas alertam para um descompasso jamais visto entre a confiança do empresário e os investimentos realizados.
A análise é da coordenadora de estudos de construção da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Ana Maria Castelo, que chefiou a elaboração do balanço do setor em 2016 ao lado do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP). "Atingimos o ápice da diferença entre expectativas e desempenho empresarial", avaliou a economista. "Ainda há uma distância para caracterizar [a percepção do empresário] como otimista, mas com a m
...Mesmo com a retração de 5,3% no PIB da construção civil neste ano, a perspectiva do setor para 2017 é de inflexão da trajetória de queda e crescimento de 0,5%. Ainda assim, especialistas alertam para um descompasso jamais visto entre a confiança do empresário e os investimentos realizados.
A análise é da coordenadora de estudos de construção da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Ana Maria Castelo, que chefiou a elaboração do balanço do setor em 2016 ao lado do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP). "Atingimos o ápice da diferença entre expectativas e desempenho empresarial", avaliou a economista. "Ainda há uma distância para caracterizar [a percepção do empresário] como otimista, mas com a mudança no ambiente de negócios a expectativa começou a melhorar - só que isso ainda não foi acompanhado pelos indicadores de desempenho".
Segundo dados do Sinduscon-SP/FGV, a perspectiva de desempenho saltou de 25,22 pontos (em uma escala que vai até 100) no final de 2015 para atuais 37,20; já o indicador que mede a atividade do setor cresceu em ritmo bem mais lento: de 23,99 ao fim do ano passado frente 25,68 agora. "[Precisamos verificar] se as perspectivas vão influenciar positivamente as intenções de investimento ou se as mudanças que levaram a melhora de expectativas não tiveram fundamento", completa a especialista da FGV.
De acordo com dirigentes do Sinduscon-SP, tais mudanças envolvem a redução da taxa de juros, a retomada de obras no âmbito do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) e do Minha Casa, Minha Vida (MCMV), a evolução do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), além do sucesso da "agenda de reformas" prometida pelo Planalto. "O PEC [241, conhecido como PEC do Teto] tem que sair, tal qual as reformas da Previdência, a trabalhista e a tributária. Há uma série de medidas que devem acontecer para que a economia seja reativada. Automaticamente, nosso setor vai se ativar também", cobrou o presidente da entidade, José Romeu Ferraz Neto.
Panorama
Durante encontro com jornalistas realizado ontem (1) em São Paulo, dirigentes do Sinduscon-SP lamentaram os resultados negativos do setor neste ano, marcados por uma queda de 19,3% no Índice de Atividades das Empresas de Construção Civil (Inacc), quando observado o acumulado do ano até setembro. O indicador considera variáveis como níveis de emprego, utilização de capacidade de equipamentos ou produção de insumos das construtoras.
No caso dos postos de trabalho, a projeção da entidade é fechar 2016 com retração de 14,5% - em 2015 a queda foi de 10,1% -, muito influenciado pelo êxodo de parte da mão-de-obra para o mercado informal; nos últimos 12 meses até outubro, 441 mil vagas deixaram de existir. A trajetória de queda não deve chegar ao fim ano que vem: segundo Ana Maria Castelo, mais 5% de vagas podem ser eliminadas em 2017. "Estamos retrocedendo rapidamente", aponta a economista, observando que o nível de emprego do setor (2,7 milhões de funcionários) já retornou aos níveis de 2009.
Ferraz Neto encara com ceticismo a possibilidade de novos empreendimentos residenciais ou comerciais alterarem a trajetória por conta do "nível de incerteza ainda alto", mas a retomada de 1,6 mil obras de infraestrutura no PAC e as novidades no MCMV - que flexibilizaram regras visando a atração de construtoras de médio porte - devem trazer benefícios positivos. "Nossa grande aposta são as faixas 2 e 3, que já vinham segurando o setor até agora", afirma o vice-presidente do Sinduscon-SP, Ronaldo Cury. No caso das faixas com subsídio maior - como a 1 e a recém-criada 1,5 -, a prioridade será a conclusão do que já está em construção. "A gente não quer que [o governo] contrate mais sem ter recursos para arcar. 70 mil unidades [na faixa 1] é pouco, mas é o que cabe na conta e a gente apoia", completa Cury.
Capital paulista
O Sinduscon-SP também sinalizou com algumas demandas específicas para o setor na cidade de São Paulo, que terá novo prefeito a partir de janeiro. Entre elas estão uma solução para o impasse em torno do Código de Obras (cuja paralisação foi pedida pela Justiça) e a criação de um balcão único para aprovações nos mesmos moldes que norteiam o licenciamento na gestão estadual. Ferraz Neto também solicitou mudanças "pontuais" no Plano Diretor Estratégico do município - mais especificamente na valoração das outorgas onerosas no caso de construções que excedem o potencial construtivo permitido. De acordo com o presidente do Sinduscon-SP os valores estão fora da realidade atual do setor, "ficando mais de 50% acima do que seria viável " em alguns casos.
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