A companhia tem o direito de exigir esse dinheiro (put) até abril de 2014 e o diretor financeiro e de relações com o mercado, Roberto Monteiro, calculou que Batista terá que fazer o aporte se a posição de caixa da petrolífera baixar para US$ 100 milhões. No fim do primeiro trimestre deste ano, o caixa da empresa totalizava US$ 1,15 bilhão, contra US$ 1,65 bilhão ao fim do ano passado.

A venda de 40% da participação da petroleira brasileira no Campo de Tubarão Martelo, na Bacia de Campos, para a Petronas, anunciada na semana passada, trouxe certo alívio para o fluxo de caixa da empresa. O diretor financeiro e de relações com investidores da companhia ressaltou que a opção de exercer o aporte é mais uma garantia que pode ser acionada caso seja preciso.

"É claro que a transação de farm-out [com a Petronas] nos dá muito espaço no cash flow e isso nos ajuda. E ainda temos a "put" em aberto", frisou Monteiro na sexta-feira, ao a comentar os resultados do primeiro trimestre.

Entretanto, apesar da entrada da Petronas no negócio, analistas de grandes bancos como o Deutsche, Itaú BBA, BofA e J.P. Morgan acreditam que a OGX terá que exercer a opção contra o controlador, e só há divergência em relação ao momento em que isso será necessário.

Para o Itaú BBA, a OGX terá que exercer a put entre o fim deste ano e o primeiro semestre de 2014, dependendo de quando tiver início a produção do campo de Tubarão Martelo. Isso porque o negócio com a Petronas prevê o pagamento de US$ 250 milhões assim que a ANP e Cade aprovarem a aquisição de 40% do campo e outros US$ 500 milhões só entram quando o campo começar a produzir. Os US$ 100 milhões adicionais, que elevam o negócio para US$ 850 milhões, estão condicionados ao aumento da produção até chegar a 60 mil barris/dia.

O analista Marcus Sequeira, do Deutsche, destaca que a opção será especialmente necessária se a companhia decidir participar da 11ª Rodada de licitação de blocos exploratórios de petróleo, que acontece a partir de amanhã, no Rio de Janeiro.

A venda de ativos da OGX para a Petronas também ajuda outra empresa do Grupo EBX, o estaleiro OSX, já que pode contribuir para o financiamento da plataforma OSX-3, que será usada para produzir petróleo no campo de tubarão Martelo. A entrada da empresa malaia poderá facilitar a obtenção de financiamento para a construção de OSX-3. "A Petronas é uma grande petrolífera, com sua equipe técnica, com vários conhecimentos e isso seria de grande ajuda", disse Monteiro.

O executivo afirmou não ver, neste momento, problemas para a OSX obter financiamento para financiar a construção da plataforma OSX-3. "[A plataforma] está bem próxima de sua finalização, que acontecerá até setembro ou até mesmo antes", frisou o executivo. "Não vejo risco de construção quando tem um grande parceiro no projeto."

A OSX fracassou na tentativa de lançamento de títulos para financiar essa plataforma quando foi ao mercado, pouco tempo depois que a petroleira anunciou a parada de produção no campo Tubarão Azul.

Quanto à plataforma OSX-2, também em construção, a OGX informou que será usada no desenvolvimento da produção dos campos de Tubarão Tigre, Tubarão Gato e Tubarão Areia, que tiveram declarada a comercialidade em março. Monteiro fez questão de enfatizar para os analistas que a empresa não tem dúvidas quanto à comercialidade dessas áreas.