Assessoria de Imprensa
22/08/2022 14h51 | Atualizada em 24/08/2022 14h52
Por Alexandre Quinze*
Investir em startups é algo sempre arriscado. Claro que, em momentos de escassez de capital no mercado ou mesmo em tempos de aumento de taxas de juros com incertezas econômicas, o bom humor de investidores tão usual ao mercado acaba sofrendo um pouco.
Afinal, estamos no 2º semestre de 2022 e ainda temos pela frente diversos desafios, com eleições e previsões não tão animadoras para o 1º trimestre de 2023, com perspectivas de baixo crescimento, segundo analistas do setor.
Neste contexto, assistimos empresas desacelerando seus investimentos em startups, ou mesmo vendendo as participaçõe
...Por Alexandre Quinze*
Investir em startups é algo sempre arriscado. Claro que, em momentos de escassez de capital no mercado ou mesmo em tempos de aumento de taxas de juros com incertezas econômicas, o bom humor de investidores tão usual ao mercado acaba sofrendo um pouco.
Afinal, estamos no 2º semestre de 2022 e ainda temos pela frente diversos desafios, com eleições e previsões não tão animadoras para o 1º trimestre de 2023, com perspectivas de baixo crescimento, segundo analistas do setor.
Neste contexto, assistimos empresas desacelerando seus investimentos em startups, ou mesmo vendendo as participações, como foi o caso recente do Softbank com a retirada de participações na Alibaba e Uber, entre outros.
De fato, os investidores estão sofrendo com as instabilidades, mesmo com startups caracterizadas com performance de crescimento exponencial. E no mundo da tecnologia, isso está acontecendo de forma mais acentuada.
Investimentos agressivos em empresas que nem sempre estavam bem-alinhadas na equação de geração de valor podem trazer resultados aquém das expectativas e muitas vezes serem especulativos.
Grandes inovações devem transformar e gerar valor de verdade para os setores da economia e não apenas prometer grandes mudanças sem análises aprofundadas sobre suas potencialidades.
É claro que não podemos ignorar a situação econômica desequilibrada, mas dentro de um “beabá” de investimentos em startups deveria estar o reconhecimento sobre os valores que serão entregues por essas empresas e não apenas suas promessas de escalabilidade financeira, visto que esse resultado vai depender dos propósitos dessas empresas.
O fato é que o ecossistema de inovação no país passou por um ciclo vertiginoso, conforme aponta o relatório Brazil Digital Report 2022, recentemente publicado pela McKinsey na conferência Brazil at Silicon Valley.
De acordo com o estudo, só em 2021 investiu-se o equivalente à soma de todos os anos anteriores juntos, dobrando o número e negócios e com a presença de capital internacional, além do nacional.
Não é fácil reconhecer a startup que realmente vai “criar raízes” na inovação, mas alguns pontos extras precisam ser considerados na avaliação dos investidores: investidor menos paciente com a relação lifetime value (LTV) versus custo de aquisição do cliente (CAC) e garantia de um caixa maior, pressão crescente sobre o tempo para testar, errar, corrigir, testar novamente etc., natural para o desenvolvimento dessas empresas, mas cada vez mais reduzido, para que entreguem o quanto antes resultados tangíveis, com menos recursos e pessoas.
Do mesmo modo, há exigência de uma gestão cada vez mais profissional, assim como a análise do engajamento e maturidade dos sócios e, por fim, o temido ‘Vale da Morte’, etapa que define o espaço entre o lançamento e o sucesso em termos de caixa.
As mudanças de rota, comuns neste período, estão restritas e a pressão é cada vez maior para saírem dessa etapa o mais rápido possível.
Segundo o Relatório da CBInsights existem pontos em comum em startups que falham. Além da falta de capital (em 38% dessas empresas), entre as três causas principais, estão ainda a não necessidade de existência, ou seja, a ineficiência de sua atividade no mercado, que aparece como a segunda maior causa de falências em startups, com 35% das empresas, e o got outcompeted, em 20% das startups, que significa que o negócio em si estimado foi superado, ou pode estar ultrapassado.
Dessa forma, muito mais do que avaliar o valuation da startup (valor de mercado), seus diferenciais ou escalabilidade financeira, é fundamental entender o perfil de seus fundadores e os propósitos que os levaram a criar o negócio.
Será mesmo que a startup vai entregar valor? Essa resposta também pode estar conectada com o tempo da empresa no mercado.
Logo, startups mais maduras, com maior experiência, inclusive em rodadas de investimentos, podem ser as mais interessantes, porque a perenidade sobre a entrega de seus valores como negócio podem ser mais impactantes no mercado.
Vale prestar muita atenção à nova norma da CVM sobre o crowdfunding, que altera os pontos de atenção nas rodadas de investimentos.
Quando falamos sobre o mercado de proptechs e construtechs, o cenário para investimentos é otimista.
Segundo o 6º Mapa de Construtechs e Proptechs da Terracotta Ventures, mesmo com a desaceleração no número de startups, a tendência segue de crescimento. De maio de 2021 a maio de 2022, houve aumento de 13,82% em construtechs e proptechs ativas, com rodadas de investimentos que movimentaram R$ 5,83 bilhões.
A pesquisa mostra que das 955 ativas, 64,58% são proptechs e 35,42% construtechs. A grande aposta está nas empresas que realmente podem transformar o setor, com tecnologias capazes de entregar valor resolvendo questões latentes do mercado e da sociedade.
O propósito é, sem dúvidas, o motor para alavancar o futuro dos investimentos em startups.
*Alexandre Quinze é CEO da TruTec.
25 de novembro 2024
Av. Francisco Matarazzo, 404 Cj. 701/703 Água Branca - CEP 05001-000 São Paulo/SP
Telefone (11) 3662-4159
© Sobratema. A reprodução do conteúdo total ou parcial é autorizada, desde que citada a fonte. Política de privacidade