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País registra queda anual de -7,1% nas exportações até maio

O superávit da balança comercial no mês foi de US$ 8,5 bilhões, queda de US$ 2,5 bilhões em relação a maio de 2023

FGV/IBRE

18/06/2024 13h23 | Atualizada em 19/06/2024 13h05


O superávit da balança comercial em maio de 2024 foi de US$ 8,5 bilhões, uma queda de US$ 2,5 bilhões em relação a maio de 2023. A piora no saldo se explica pelo recuo em valor de -7,1% nas exportações e aumento de +0,5% nas importações. No acumulado do ano até maio, porém, o saldo acumulado da balança comercial no valor de US$ 35,9 bilhões superou o de 2023 (US$ 34,5 bilhões). No acumulado até maio, a variação no valor exportado (+2,3%) superou o das importações (+1,8%).

As projeções para 2024, porém, são de um saldo menor em 2024 em relação a 2023

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O superávit da balança comercial em maio de 2024 foi de US$ 8,5 bilhões, uma queda de US$ 2,5 bilhões em relação a maio de 2023. A piora no saldo se explica pelo recuo em valor de -7,1% nas exportações e aumento de +0,5% nas importações. No acumulado do ano até maio, porém, o saldo acumulado da balança comercial no valor de US$ 35,9 bilhões superou o de 2023 (US$ 34,5 bilhões). No acumulado até maio, a variação no valor exportado (+2,3%) superou o das importações (+1,8%).

As projeções para 2024, porém, são de um saldo menor em 2024 em relação a 2023. A última projeção do modelo Ibre, em maio, era um saldo de US$ 87,7 bilhões, e o do Relatório Focus, após a divulgação do resultado da balança de maio, de US$ 82,5 bilhões. No desempenho dos fluxos comerciais, chama a atenção a diferença nos resultados dos volumes. As exportações recuaram 1,9% e as importações aumentaram em 6,1%, entre maio de 2023 e 2024. Já no acumulado do ano até maio, foi registrada uma variação nas importações em +10,6% e nas das exportações de +7,5% (Gráfico 1).

Os resultados do volume importado em comparação com os das exportações revelam, até maio, uma inversão do desempenho desses fluxos, se comparados com os resultados entre 2022 e 2023. Como mostra o Gráfico 2, seja na comparação mensal ou no acumulado do ano até maio, as maiores variações positivas eram nas exportações, entre 2022 e 2023, mas entre 2023 e 2024, são nas importações. Entre maio de 2022 e 2023, as exportações cresciam +28,4% e as importações, +1,8%.

O recuo no volume exportado em maio foi liderado pelas exportações das não commodities (-8,6%), mas as commodities também registraram um fraco desempenho, com variação de +1,0%. Na comparação do acumulado do ano até maio entre 2023 e 2024, as commodities lideraram com aumento de +13,8% e um recuo de -5,4% das não commodities (Gráfico 3).

O melhor desempenho das commodities foi liderado pela indústria extrativa, com aumento de volume de +17,0%, na comparação interanual do mês de maio e de +22,2% na do acumulado até maio entre 2023 e 2024. A variação no volume do agro foi negativa na comparação mensal (-6,0%) e positiva no acumulado do ano até maio (+5,0%).

A variação na indústria de transformação foi negativa em maio (-6,6%) e positiva no acumulado do ano (+3,3%). Os preços caem para todos os setores de atividades, com maior intensidade na agropecuária, que registrou um recuo de -18,0%, na comparação do acumulado no ano. A única exceção foi a extrativa, mas com aumento de apenas +0,6%, no acumulado do ano (Gráfico 4).

Com esses resultados, a participação da indústria extrativa (25,8%) superou a da agro (22,8%) no período de janeiro a maio de 2024. A participação da indústria de transformação nas exportações foi de 50,9%. Nesse mesmo período em 2023 era de 52,1%. O melhor desempenho da extrativa se deve às exportações de petróleo bruto, que cresceram em valor +31,2% e em volume (kg) +32,5%, entre janeiro/maio de 2023 e 2024, e do minério de ferro, com variação em valor de +13,8% e de volume, +8,4%. A soja em grão registrou variação negativa em valor, -17,6% e aumento de volume (kg) de +2,4%. A participação das exportações de petróleo, 14,9% nas exportações totais do Brasil, foi próxima a da soja, 15,7%, e superior a do minério de ferro (9,3%). Os dados dos produtos citados são da Balança Comercial divulgada pela Secretaria de Comércio Exterior.

O Icomex calcula os índices para o agregado de petróleo e derivados. Como mostra o Gráfico 5, no acumulado do ano até maio, a variação do volume foi de +27,2% e, em maio, de +13,7%. No caso das importações, houve aumento em maio (+6,2%) e recuo no acumulado do ano (-0,9). O aumento dos preços importados (+8,8%) superou o das exportações (+5,1%), em maio. No acumulado do ano, os preços caem. A maior variação em volume do petróleo bruto do que o agregado do petróleo e derivados confirma a contribuição da indústria extrativa.

O aumento das importações em volume por setor de atividade mostra a liderança da agropecuária, com variação de +67,0% (maio) e +35,2% (acumulado no ano até maio) (Gráfico 6). O principal produto importado, em maio, da agropecuária foi o trigo, com participação de 31% e variação em valor de +66% e de volume (medido por tonelada) de +132%, em relação a maio de 2023. Destaca-se a soja com a maior variação em valor e tonelada.

Foi o quarto principal produto importado, com participação de 11,8%, variação em valor de +138.712% e em toneladas de +304.523%. No acumulado do ano até maio, a variação das importações de soja em valor foram de +396% e em toneladas de +521%. O saldo da balança comercial de soja reduziu de US$ 8,1 bilhões para US$ 5,7 bilhões, entre o período de jan-maio 2023 e jan-maio de 2024. Observa-se, porém, que as importações do setor agropecuário respondem por cerca de 2,5% das importações brasileiras, a indústra extrativa ao redor de 7% e a de transformação, 90%. O que explica o aumento das importações?

O Icomex usa a mesma classificação das Contas Nacionais do IBGE para a classificação por categoria de uso. Nessa classificação, os combustíveis ficam no grupo de bens intermediários. Bens semiduráveis são artigos de vestuário, tecidos, eletrodomésticos, por exemplo. No acumulado do ano até maio, a participação dos bens de capital nas importações foi de 15,5%, dos bens duráveis de 4,2%, dos bens não duráveis de 9,4%, dos bens semiduráveis de 2,8% e dos bens intermediários de 68,1%. Os bens intermediários são o principal contribuinte para explicar o desempenho das importações. Pelo Icomex, a contribuição de petróleo e derivados representam 12% das importações, o que reduziria a participação dos bens intermediários para 56,1%, mas continua sendo o principal grupo das importações, após os bens de capital.

O Gráfico 7 mostra a variação das importações em volume por categorias de uso. Embora com participação de 4,2% nas importações, como já mencionamos, os bens duráveis lideraram a variação no volume importado, +68,9% (maio 2023/2024) e no acumulado do ano até maio, +49,9%. Nesse grupo se destacam os veículos elétricos importados da China, com uma contribuição de 87% no mês de maio e de 109% para a média até maio para o aumento do volume importado de bens duráveis.

Um outro resultado chamou atenção: o aumento das importações de bens de capital. Seria um indicador da recuperação da taxa de investimento? O Gráfico 8 mostra a evolução do índice de volume importado e da variação do índice na comparação mensal interanual dos meses de 2023 e 2024 para os bens de capital.

A partir de março de 2024, os índices superam os registrados em 2023. A maior variação foi observada no mês de abril, +28,7%, quando o índice em abril de 2023 ficou abaixo de 100.



Na série histórica do Icomex, que inicia em janeiro de 1998, foi calculada a média do índice de volume importado para os acumulados do ano até maio, desde 2010. A média do período recente, janeiro a maio de 2024, foi a maior já registrada, o que sinaliza uma perspectiva favorável para a taxa de investimento do país. No entanto, o cenário de volatilidade cambial, como ocorreu no mês de maio/junho, não favorece novos planos de investimentos.

A comparação entre as importações de bens de capital da indústria de transformação e da agropecuária mostram que o aumento do volume importado é explicado pelos investimentos da indústria, que registraram variação positiva de +15,5%, enquanto as compras de bens de capital pela agro recuaram -15,9%, na comparação do acumulado do ano até maio. O melhor desempenho da transformação se traduz, também, numa variação positiva nas compras de bens intermediários de +9,6%, enquanto as compras desses bens na agro recuaram em -4,3% (Gráfico 9).

Por último, o desempenho nos mercados dos principais parceiros mostra que a União Europeia liderou em termos de volume a variação das exportações em maio, com +21,8%, seguida dos Estados Unidos (+7,2%) e China (+1,1%). O recuo nas vendas para a Argentina foi de -38,2%, mas os Demais países da América do Sul registraram o mesmo comportamento, queda de -25,4%, assim como os Demais da Ásia (-20,3%).

Na comparação do acumulado do ano até maio, a liderança passa para os Estados Unidos (+17,2%), seguido da China (+11,5%), Demais Ásia (+6,8%) e União Europeia (+3,8%). Argentina e Demais América do Sul registraram variações negativas (Gráfico 10).



Em termos de participação no acumulado do ano até maio, a China explicou 30,5% das exportações brasileiras, os Estados Unidos, 11,5% e a União Europeia, 13,8%. Para todos esses mercados, a exportação do óleo bruto de petróleo foi o principal produto: União Europeia (23%); China (23%); e Estados Unidos, 17% (Gráfico 11). Os dados são do Comex Vis da Secretaria de Comércio Exterior.

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