Mercado
Valor Econômico
30/06/2016 07h11
A Odebrecht fechou a primeira venda do programa de reestruturação financeira e estratégica que se tornou necessário com a restrição de liquidez desencadeada pela Operação Lava-Jato. O grupo canadense de investimentos em infraestrutura Brookfield comprou 57% da companhia de concessões rodoviárias do conglomerado brasileiro no Peru, chamada Rutas de Lima. O negócio é estimado entre R$ 1,3 bilhão e R$ 1,5 bilhão.
A Odebrecht confirma ter recebido o pagamento, mas não informa o valor. A estimativa de mercado era que a empresa peruana valia de US$ 650 milhões a US$ 750 milhões, em sua totalidade. "Os recursos da venda de Rutas de Lima serão recebidos pela Odebrecht Latinvest
...A Odebrecht fechou a primeira venda do programa de reestruturação financeira e estratégica que se tornou necessário com a restrição de liquidez desencadeada pela Operação Lava-Jato. O grupo canadense de investimentos em infraestrutura Brookfield comprou 57% da companhia de concessões rodoviárias do conglomerado brasileiro no Peru, chamada Rutas de Lima. O negócio é estimado entre R$ 1,3 bilhão e R$ 1,5 bilhão.
A Odebrecht confirma ter recebido o pagamento, mas não informa o valor. A estimativa de mercado era que a empresa peruana valia de US$ 650 milhões a US$ 750 milhões, em sua totalidade. "Os recursos da venda de Rutas de Lima serão recebidos pela Odebrecht Latinvest e enviados à holding para que sejam aportados nos negócios", disse Marcela Drehmer, vice-presidente financeira da holding controladora do grupo Odebrecht S.A. (ODB).
A Odebrecht Latinvest manteve 25% do negócio e o contrato para a realização das obras pela Odebrecht Engenharia e Construção.
Ebitda consolidado foi de R$ 20,7 bilhões em 2015, como deve mostrar o balanço a ser publicado em breve.
O conglomerado é acompanhado de perto pelos grandes bancos do país, públicos e privados BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú, Bradesco e Santander. A companhia enfrenta um grave cenário de liquidez, em função do envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras, que afetou todo o setor de construção.
Por conta disso, em abril, o grupo anunciou ter posto à venda diversos ativos que podem trazer até R$ 12 bilhões em dinheiro, quando concluído em 2017.
Tais vendas também vão reduzir em R$ 17,5 bilhões o endividamento consolidado e aliviar os compromissos da Odebrecht com suporte a projetos pré-operacionais.
Também estão próximos de serem concluídas as vendas do Gasoduto do Peru e da Odebrecht Ambiental a maior das transações em dinheiro novo. Nos próximos dias, deve ser publicado o balanço da holding. O grupo tinha dívida bruta consolidada de R$ 110 bilhões no fim de 2015 a maior dívida corporativa privada do Brasil e R$ 26 bilhões em caixa.
O lucro antes do pagamento de juros e impostos e do desconto com depreciações e amortizações (Ebitda) somou R$ 20,7 bilhões um aumento de quase 50% ante os R$ 14,7 bilhões obtidos em 2014. Com isso, a relação entre a dívida líquida teve até um leve recuo, de 4,4 vezes para 4,05 vezes.
"Resolvemos a questão do balanço da construtora e, nos próximos dias, deve ser publicado o da holding. Agora, fechamos o negócio com Rutas de Lima, o primeiro da lista que colocamos à venda. Estamos avançando na reestruturação conforme falamos", explicou Marcela.
A preocupação dos bancos é pelo fato de o grupo ter diversos projetos em fase de maturação, muitos deles com contrato de suporte de capital concedido pela holding. Do caixa de dezembro, R$ 17,5 bilhões (67%) estavam concentrados em duas empresas: Odebrecht Engenharia e Construção e Braskem. Assim sendo, não estão efetivamente disponíveis para o conglomerado. Boa parte do dinheiro, inclusive, estava já comprometida com projetos em andamento.
A corrida agora é a assinatura da reestruturação da dívida da Odebrecht Agroindustrial, do setor sucroalcooleiro. Os compromissos totalizam R$ 13 bilhões. Tecnicamente, a dívida está vencida, mas os bancos concordaram em não executar enquanto negociam uma nova estrutura. A holding ODB é garantidora de parcela relevante da dívida. Daí a atenção ao caso.
A holding, oficialmente, não possui dívida. Mas, além do suporte a diversas captações e financiamentos, o BNDES, como praxe, tem a chamada cláusula de "calote cruzado" (livre tradução para o jargão "cross default"). Quando um de seus débitos não é honrado, a instituição pode declarar vencidos todos os créditos dados ao grupo.
Os bancos vêem o conglomerado Odebrecht como um castelo de cartas. Ao mesmo tempo que buscam condições melhores (como garantias) para seus créditos, tentam evitar o agravamento da crise e uma recuperação judicial.
Nenhum deles quer enfrentar o provisionamento potencial do grupo.
O Valor apurou que a demora na assinatura da reestruturação da Agroindustrial deve-se à complexidade dos contratos em fase de confecção e à tentativa de resolver questões ligadas à holding. Da dívida original, R$ 4 bilhões serão assumidos pela ODB, que dará ações preferenciais da Braskem em garantia.
Além disso, aportará ativos de energia avaliados em R$ 2 bilhões. A dívida será alongada por cerca de dez anos. "Dentro da reestruturação do grupo, depois de assinarmos a renegociação da Agroindustrial, vamos focar em acelerar a solução para a Odebrecht Óleo e Gás (OOG)", contou a executiva. A OOG é a empresa detentora e operadora de sondas e plataformas de exploração. A dívida dessa unidade é da ordem de R$ 18 bilhões, ao câmbio atual garantidas com as próprias embarcações. De sete sondas detidas, seis foram financiadas com a emissão de títulos no mercado internacional de capitais. Os detentores dos papéis aguardam a renegociação dos contratos com a Petrobras.
Os bancos pressionam por um acordo de leniência do grupo, alvo de ação de R$ 7,3 bilhões do Ministério Público Federal (MPF) Por Graziella Valenti Fonte: Valor Econômico.
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