Mercado
O Estado de S.Paulo
01/04/2010 13h26
No ano passado, o fechamento de mais da metade dos altos-fornos do País tornou-se símbolo das dificuldades das usinas. A queda na produção, no comparativo com 2008, chegou a 21,4% no caso do aço bruto (totalizando 26,5 milhões de toneladas) e 18,2% no de laminados (20,2 milhões), de acordo com o Instituto Aço Brasil (IABr). Os negócios também encolheram: as exportações ? 8,9 milhões de toneladas e US$ 4,9 bilhões ? ficaram 2,9% menores em volume e 38,6% em valor. Apesar da ação do governo de desonerar a carga tributária de grandes consumidores de aço, as vendas domésticas encolheram 25,2%, passando a 16,3 milhões de toneladas.
O cenário projetado para 2010 difere bastante do descrito acima. Em janeiro, a produção de aço bruto som
...No ano passado, o fechamento de mais da metade dos altos-fornos do País tornou-se símbolo das dificuldades das usinas. A queda na produção, no comparativo com 2008, chegou a 21,4% no caso do aço bruto (totalizando 26,5 milhões de toneladas) e 18,2% no de laminados (20,2 milhões), de acordo com o Instituto Aço Brasil (IABr). Os negócios também encolheram: as exportações ? 8,9 milhões de toneladas e US$ 4,9 bilhões ? ficaram 2,9% menores em volume e 38,6% em valor. Apesar da ação do governo de desonerar a carga tributária de grandes consumidores de aço, as vendas domésticas encolheram 25,2%, passando a 16,3 milhões de toneladas.
O cenário projetado para 2010 difere bastante do descrito acima. Em janeiro, a produção de aço bruto somou 2,7 milhões de toneladas, volume 4,4% maior do que o de dezembro e 66,6% acima do mesmo mês de 2009. A previsão do IABr para o ano é de recuperação no consumo doméstico (alta de 23,3%) e nas exportações (23,4%), possibilitando produção de 33,2 milhões de toneladas de aço.
Além do melhor momento da economia, as previsões refletem a expectativa da cadeia do aço com relação a projetos que vão movimentar o Brasil. Obras de infraestrutura, investimentos para exploração de petróleo no pré-sal, além dos previstos para a Copa do Mundo e a Olimpíada, devem impactar positivamente a demanda de produtos siderúrgicos e abrir caminho para o crescimento sustentado do setor. Segundo o IABr, apenas os projetos dos eventos esportivos devem aumentar o consumo de aço em 8 milhões de toneladas entre 2010 e 2016. É mirando essas oportunidades que as usinas anunciaram aportes de US$ 39,8 bilhões para o período, valor que seria suficiente para elevar a capacidade produtiva de atuais 42 milhões de toneladas de aço para 77 milhões de toneladas.
Claro, o avanço da siderurgia vai depender de fatores além da disposição das empresas em levar adiante os planos anunciados. Cabe ao governo estruturar uma política industrial eficiente, garantir um ambiente institucional com regras estáveis ? os projetos siderúrgicos têm prazos longos de maturação ? e se empenhar para solucionar questões que hoje impedem o setor de alcançar performance compatível com suas potencialidades. Entre elas, as altas taxas de juros praticadas no País e o complexo e oneroso sistema tributário.
Na área fiscal, o governo sinalizou que pode modificar a política de tributação da mineração. Atualmente, as vendas externas de minério de ferro pagam menos impostos que as de produtos manufaturados. Com isso, temos um país que é o segundo maior produtor de minério de ferro do mundo, mas que ocupa apenas a nona posição no ranking global da produção de aço. De acordo com a World Steel Association, corresponde ao Brasil a fatia de 2,5% do mercado ? reduzida para 2,2% em 2009.
Há também desafios no que diz respeito às barreiras comerciais protecionistas que atrapalham o acesso a certos mercados ? o caso mais importante é o das taxas de importação impostas pelos Estados Unidos ao aço brasileiro. Destaco ainda a formação de mão de obra das áreas operacionais às executivas como fator preponderante para o sucesso dos empreendimentos da siderurgia e de todos os setores que agora se veem diante de oportunidades como nunca.
A siderurgia é uma das atividades que mais contribuem para o desenvolvimento do Brasil e pode, nos próximos anos, ampliar esse compromisso. Passada a crise, o horizonte é de otimismo e o momento é de formar bases que vão garantir a sustentabilidade do setor no futuro.
DIRETOR DE MINERAÇÃO E SIDERURGIA DA ABEMI - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHARIA INDUSTRIAL
27 de agosto 2020
02 de julho 2020
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