Sobratema
23/09/2021 11h00 | Atualizada em 23/09/2021 12h31
Por Andrea Câmara Bandeira
Ganhou destaque nesta semana a situação financeira da segunda maior empresa do setor imobiliário chinês, a Evergrande Real Estate, fundada em 1996 e responsável por centenas de projetos em andamento no país e pela geração de um número considerável de empregos.
Com uma dívida de pouco mais de US$ 300 bilhões, a empresa tem tido recentemente dificuldades de honrar compromissos, alimentando o receio de calote, seguido de falência, com repercussões financeiras importantes, bem como com implicações para o setor imobiliário do país.
Segundo o
...Por Andrea Câmara Bandeira
Ganhou destaque nesta semana a situação financeira da segunda maior empresa do setor imobiliário chinês, a Evergrande Real Estate, fundada em 1996 e responsável por centenas de projetos em andamento no país e pela geração de um número considerável de empregos.
Com uma dívida de pouco mais de US$ 300 bilhões, a empresa tem tido recentemente dificuldades de honrar compromissos, alimentando o receio de calote, seguido de falência, com repercussões financeiras importantes, bem como com implicações para o setor imobiliário do país.
Segundo o noticiário, US$ 125 bilhões corresponderiam a dívidas escrituradas de curto prazo, sendo que a disponibilidade de caixa não chegaria a US$ 15 bilhões. Apesar da reação negativa dos mercados de ações em diversos países, a avaliação geral parece apontar para uma solução organizada.
Isso porque as dificuldades financeiras da Evergrande se relacionam, em grande medida, com a reorientação regulatória iniciada ainda no segundo semestre de 2020 pelo governo chinês, com o objetivo de conter o endividamento excessivo das incorporadoras, com medidas restritivas que abarcaram tanto a oferta quanto a demanda do mercado imobiliário, afetando, com isso, a geração de caixa das incorporadoras.
Como a Evergrande era uma das mais endividadas, suas dificuldades ficaram mais evidentes. Assim, a expectativa de muitos agentes e analistas é de que não ocorra um colapso financeiro descontrolado da empresa, mas sim um acordo entre a Evergrande e seus credores para reestruturação da dívida da empresa, com a liderança ou não do governo chinês. O envolvimento do governo em um plano como esse segue em aberto até o momento, o que tem contribuído para os temores dos agentes nos últimos dias.
Como a falência de uma empresa do porte da Evergrande teria repercussões econômicas importantes, muitos acreditam que o governo se envolverá na questão, principalmente para a conter a propagação da insolvência da empresa a proprietários de imóveis, investidores, empresas associadas e outras incorporadoras imobiliárias.
Por outro lado, há analistas que acreditam que o governo chinês pode não intervir, fazendo da empresa um “exemplo” para as demais incorporadoras, de que as mudanças e restrições regulatórias de 2020 para reduzir as dívidas e a alavancagem do setor valem para todas.
Nesse contexto, os efeitos da crise financeira da Evergrande para a economia brasileira dependerão (i) do encaminhamento de uma solução organizada (reestruturação negociada da dívida) ou não e (ii) do consequente impacto sobre o ritmo de crescimento da economia da China e da duração desse impacto, isto é, se este ficaria concentrado no curto prazo.
O setor chave é o da construção civil, cujo peso na economia chinesa é muito relevante (superior a 10% PIB). Grande consumidor de produtos siderúrgicos (relevante para a demanda chinesa por minério de ferro) e grande empregador, os impactos sobre o setor da construção podem ter repercussões relevantes para o ritmo de crescimento economia do país, com desdobramentos para os mercados de commodities, dada a relevância da demanda chinesa por esses produtos, para os mercados financeiros globais e para o comércio internacional.
Assim, é possível delinear impactos diretos e impactos indiretos.
Impactos diretos:
Impactos indiretos:
Repercussões para a economia brasileira:
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