Revista M&T
11/09/2023 11h13 | Atualizada em 13/12/2023 10h18
Atualmente, as configurações de plataformas mais vendidas no Brasil incluem modelos com alcance de 15 ou 16 m, sejam tesouras elétricas (para ambientes fechados) ou lanças articuladas a diesel (para aplicações externas).
É o que informam algumas das principais empresas que atuam no segmento, tanto na fabricação como na locação desses equipamentos no mercado nacional.
Na perspectiva desses players, todavia, a demanda pode paulatinamente se diversificar no país, passando a incluir máquinas capazes de atingir maiores alturas, mas também modelos
...Atualmente, as configurações de plataformas mais vendidas no Brasil incluem modelos com alcance de 15 ou 16 m, sejam tesouras elétricas (para ambientes fechados) ou lanças articuladas a diesel (para aplicações externas).
É o que informam algumas das principais empresas que atuam no segmento, tanto na fabricação como na locação desses equipamentos no mercado nacional.
Na perspectiva desses players, todavia, a demanda pode paulatinamente se diversificar no país, passando a incluir máquinas capazes de atingir maiores alturas, mas também modelos de baixo acesso (low level), destinados a tarefas de manutenção e movimentação de mercadorias.
Disputando a primazia com as articuladas, também podem ganhar espaço as plataformas telescópicas, que – embora ainda pouco utilizadas por aqui – têm sido trabalhadas de maneira mais incisiva por algumas empresas, especialmente em aplicações que exigem alcance na faixa de 20 a 26 m.
É o caso da maior locadora do país, a Mills, que conta com uma frota de cerca de 11 mil plataformas, predominantemente articuladas e pantográficas (tesouras).
“Relativamente às plataformas articuladas, as telescópicas apresentam vantagens tanto pela operação mais simples quanto pelo custo menor, especialmente em locais em que não há obstáculos como pipe racks”, explica Mário Almeida, gerente nacional de leves da Mills, referindo-se à presença de tubos estruturais.
Dúvidas dos usuários brasileiros limitam o avanço de modelos telescópicos
Como observa o vice-diretor comercial da Zoomlion Brasil, Ricardo Bertoni, as dúvidas dos usuários tornam as máquinas articuladas amplamente majoritárias nas vendas de lanças no país, pois acabam sendo utilizadas mesmo em aplicações em que é viável utilizar uma versão telescópica.
“Nos EUA e em países europeus, mais de 90% das vendas de plataformas com braços envolvem modelos telescópicos”, compara o profissional da Zoomlion, que produz plataformas articuladas e telescópicas – elétricas e a diesel – com alturas entre 16 m e 67,5 m, além de tesouras elétricas com alcances entre 6,5 m e 16 m.
ALCANCE
É importante ressaltar que uma plataforma telescópica é capaz de realizar mais de 80% das tarefas feitas por modelos articulados, assegura Gustavo Faria, gerente-geral da Genie, com a vantagem de menor custo na aquisição, cerca de 7% a 8% abaixo de uma articulada.
“Isso permite melhor gestão da rentabilidade da frota das locadoras”, comenta o executivo da marca da Terex, que produz plataformas com alcances de 4 m a mais de 50 m.
Custo menor permite melhor gestão da rentabilidade da frota das locadoras
Esse desconhecimento dos usuários tem efeitos práticos até mesmo na oferta de produtos. A Manitou, por exemplo, ainda não disponibiliza plataformas telescópicas no Brasil, embora estejam disponíveis em seu portfólio global.
“Ainda não há uma cultura de utilização dessas plataformas no país, que demandam ambientes maiores, mais comuns nos EUA”, justifica Marcelo Bracco, diretor da empresa para a América Latina.
Até o início de 2024, a Manitou pretende integrar plataformas pantográficas à oferta, hoje composta por modelos articulados e, ao menos no exterior, telescópicos, com alcance entre 12 m e 28 m, em versões a diesel e elétricas.
“Produziremos tesouras diesel e elétricas na Índia, pois é um produto de baixo custo e que representa entre 50% e 60% das unidades vendidas no mercado brasileiro”, acentua Bracco. “Temos ainda projetos para plataformas de lança maiores, de 40 m.”
Até porque plataformas maiores devem voltar a ganhar mercado no país, como prevê Faria, da Genie. Já houve demanda nesse nicho, ele lembra, notadamente em grandes obras de infraestrutura, que se disseminaram entre 2013 e 2015.
Quando essas obras minguaram, a demanda concentrou-se em equipamentos com alcance próximo a 18 m, destinados a obras de menor porte e manutenção industrial. “Em um prazo de três a cinco anos a demanda por máquinas maiores voltará a crescer, até porque deve haver mais investimentos em infraestrutura”, projeta Faria.
Equipamentos com maior alcance devem ganhar maior espaço, inclusive entre as pantográficas, crê Bertoni, da Zoomlion. Nesse segmento, ele destaca, a demanda concentra-se em equipamentos com alcance máximo de 14 m, mas deve expandir-se para 16 m, 20 m ou mesmo 24 m.
“Os pés direitos dos galpões estão ficando mais altos e, além disso, começa-se a usar tesouras também para conferência de inventários, em substituição a empilhadeiras, que não são certificadas para esse tipo de utilização”, explica.
ELETRIFICAÇÃO
Acompanhando a tendência, o mercado de plataformas também avança em direção à eletrificação. Atualmente, porém, a maior parte das vendas ainda se dá com equipamentos a diesel.
“Há uma transição rápida para unidades elétricas”, observa Luca Riga, gerente sênior de desenvolvimento de negócios e de marketing da JLG, cujo portfólio de plataformas elétricas inclui a linha de modelos com braços EC, entre outras opções.
“Recentemente, lançamos a tesoura elétrica DaVinci AE1932, que já conta com várias unidades em uso no Brasil”, complementa.
As plataformas elétricas já são demandadas inclusive para operar em construções maiores, como informa Faria, da Genie. Acompanhando a evolução, ele observa, também vem se expandindo o interesse por plataformas híbridas, já disponibilizadas pela Genie em modelos com braços com alcances de 14 m e 18 m.
“Já existe demanda para modelos híbridos, só não vendemos mais por indisponibilidade de materiais no mercado”, ressalta Faria. “Mas, em 2024, voltaremos a regularizar a oferta desses modelos.”
O especialista projeta ganho de espaço para modelos com baterias de íons de lítio, que ainda não são mais demandados por questões relacionadas ao ciclo de vida das plataformas.
Geralmente, esse tipo de máquina é revendido pelos locadores após oito anos de uso, ou seja, quando se aproxima o momento de troca das baterias, que – no caso do lítio – dificultam a revenda por serem mais caras.
“A Genie desenvolveu uma solução que, após esse primeiro período de uso, permite mudar o carregador e passar a utilizar baterias de chumbo”, destaca Faria.
Na Zoomlion, Bertoni destaca que a maior parte das vendas de modelos elétricos já é feita com baterias com íons de lítio, que a marca disponibiliza tanto para tesouras quanto para articuladas, com alcance até 22 m.
“Relativamente às tradicionais de chumbo-ácido, essas baterias apresentam ganhos relevantes em quesitos como autonomia, rapidez de carregamento e vida útil”, assegura.
No início deste ano, a Mills passou a oferecer plataformas híbridas para testes em alguns clientes, relata Almeida. “Esse segmento tem grande potencial de negócios, até superior ao das máquinas elétricas”, avalia.
“Especialmente em grandes sites, pois permitem combinar as vantagens de maior produtividade com o custo mais reduzido da energia elétrica, agregando ainda vantagens de sustentabilidade ao negócio.”
SEGURANÇA
Tema indispensável quando o assunto é plataforma elevatória, a segurança da operação e dos operadores tem sido potencializada por sofisticados recursos e dispositivos eletrônicos. Mas, conforme lembra Almeida, da Mills, embora sejam importantes, “nenhum dispositivo de segurança substitui um bom treinamento”.
O foco da Mills em segurança, ele ressalta, rendeu a uma de suas profissionais – a engenheira Anna Sarah Costa Morais – reconhecimento na categoria “Instrutor do Ano” na edição deste ano do IAPA (International Awards for Powered Access), principal premiação do mercado mundial de plataformas, na qual a empresa também foi uma das finalistas na categoria “Centro de Treinamento IPAF” (Federação Internacional de Plataformas Aéreas, em inglês), dentre outras.
Para Bracco, da Manitou, a qualificação do treinamento é um requisito fundamental para o uso seguro de plataformas, tornando-se até mais necessário pela própria evolução e sofisticação do arsenal de recursos destinados a aprimorar a segurança.
Além da segurança, os clientes também se mostram cada vez mais interessados em treinamento porque o uso correto dos equipamentos reduz os custos com manutenção. “Hoje, os locadores que mais se destacam são os que mais investem em treinamento”, observa Bracco.
Desenvolver a cultura de utilização no país representa um desafio para as fabricantes
Na mesma linha, Riga, da JLG, vincula a segurança não apenas a recursos específicos – como sensores de objetos ou tecnologias ultrassônicas que aumentam a percepção dos operadores sobre o ambiente operacional, entre outros –, mas também os sistemas de telemetria, que também contribuem para proteger o investimento realizado no equipamento.
Segundo ele, embora na América Latina o preço siga como critério relevante na análise relacionada à compra de uma plataforma, os locadores da região já agregam ponderações a esse processo sobre a tecnologia que a máquina traz embarcada.
“Isso envolve um planejamento de longo prazo, considerando custos relacionados a manutenção, peças sobressalentes, capacidade de resposta e suporte do fabricante, assim como valor de revenda e produtividade do operador e do cliente”, finaliza o executivo.
TENDÊNCIAS
Plataformas low level ganham espaço no país
Equipamentos de acesso a baixas alturas consolidam novo modelo de locação
Nos últimos anos, os modelos low level vêm rapidamente ganhando espaço no mercado brasileiro de plataformas. Voltados para acesso a baixas alturas e geralmente operados por um único profissional, esses equipamentos atuam como alternativa em atividades de manutenção, instalações e movimentação de materiais em ambientes comerciais, industriais e residenciais.
Na América Latina, a JLG já disponibiliza 11 modelos da categoria, com alcances até 5,1 m. “Desde a sua introdução, em 2018, os equipamentos low level têm tido significativo impacto no mercado brasileiro”, diz o gerente de desenvolvimento da JLG, Luca Riga.
“A partir desses equipamentos, empresas como a Nest Rental estão criando um modelo totalmente novo de locação.”
Disponibilizando plataformas com altura máxima de 10 m, a Nest Rental teve a maioria de seu capital adquirido pela Mills há cerca de dois anos. “Esse segmento irá se consolidar, mas ainda é preciso investir na divulgação de seus benefícios”, avalia o gerente de leves, Mário Almeida.
Nos EUA, as plataformas low level podem ser locadas até mesmo em redes varejistas, conta o gerente-geral da Genie, Gustavo Faria. No Brasil, redes como Leroy Merlin e Petz já se valem das soluções tanto para manutenção de lojas quanto na movimentação de mercadorias.
“É um mercado a ser explorado, que pode crescer bastante”, destaca.
Por sua altura, a plataforma de 6,5 m da Zoomlion pode ser qualificada como low level. Conforme ressalta o vice-diretor comercial, Ricardo Bertoni, seu uso vem sendo adotado “em ambientes públicos nos quais pode eliminar o risco de escadas – como shoppings, escolas e igrejas”.
Já a Manitou ainda não conta com plataformas low level, mas já olha atentamente para esse mercado. “Trata-se de uma plataforma que pode agregar desempenho e segurança para atividades normalmente feitas com escadas e andaimes”, reforça o diretor da empresa, Marcelo Bracco.
Saiba mais:
Genie: www.genielift.com/pt
JLG: www.jlg.com/pt-br
Manitou: www.manitou.com/pt
Mills: www.mills.com.br
Zoomlion: www.zoomlion.com.br
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